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Cosan (CSAN3) | 1T23: Alavancagem sob controle

A Cosan reportou seus resultados referentes ao 1º trimestre de 2023. Veja nossos comentários.

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Este trimestre marcou um aumento no Ebitda, principalmente decorrente da Raízen, por sua vez, auxiliada por um não-recorrente tributário. Por outro lado, Rumo e Compass foram melhores do que o esperado sem não-recorrentes (a última, apesar de um ambiente desafiador para volumes no setor industrial). Como apontado em nosso início de cobertura, com a emissão de R$ 1 bilhão em debêntures realizada em abril, vemos a holding totalmente financiada para 2023, e estamos confiantes de que a empresa conseguirá financiar o fechamento da aquisição da Vale que começará em 2024. Nos últimos dias, o desconto de holding diminuiu, mas permaneceu perto da extremidade inferior da faixa histórica pelas múltiplas visões que usamos para analisá-lo. Mantemos nossa recomendação de compra.

Hoje, a Cosan divulgou os resultados do 1T23. Com os resultados da Rumo e da Raízen já divulgados, acreditamos que o foco dos investidores sobre os resultados pró-forma consolidados da Cosan será na alavancagem.

Destaques do Consolidado Financeiro Pro-Forma (100% de todos os negócios e 50% da Raízen): O EBITDA ajustado foi de R$ 5,7 bilhões (+20% T/T, +114% A/A), impulsionado principalmente pela Raízen. A Dívida Líquida (sem IFRS 16) ficou em R$ 33 bilhões (-7% T/T) a 1,7x EBITDA (abaixo dos 2,2x do 4T22). Excluindo os efeitos da alavancagem da Vale, a alavancagem pro forma da Cosan teria sido de 2,1x. Sobre alocação de capital, a companhia aumentou sua posição em ações próprias via derivativos (TRS) em R$ 187 milhões com efeito não caixa, totalizando uma posição de 89,5 milhões de ações (representando 4,78% do capital total).

Corporativo: As despesas corporativas gerais e administrativas foram de R$ 76 milhões (+3% T/T, +34% A/A), explicadas pelo exercício de planos de remuneração de longo prazo e serviços de consultoria no período. As demais despesas operacionais ajustadas totalizaram R$ 31 milhões no 1T23, compostas principalmente por despesas legais e contingências. A holding recebeu R$ 926 milhões em dividendos e juros sobre capital próprio, com a nova participação minoritária na Vale respondendo por quase metade (R$ 458 milhões) e a Raízen pela maior parte do valor restante (R$ 406 milhões). O custo médio ponderado da dívida da Corporativa Cosan no trimestre foi CDI + 1,35%, e o prazo médio foi de 5 anos. A despesa financeira líquida foi de R$ 1,6 bilhão, com a Vale respondendo por R$ 0,9 bilhão.

Rumo (resultados divulgados em 4 de maio): Segundo o time de Transportes da XP, o 1T23 da Rumo foi uma surpresa positiva com EBITDA Aj. de R$ 1,2 bilhão (+18% A/A [+26% em termos comparáveis]; +10% vs. XPe). Apesar dos desafios de volume (-11% A/A em atrasos na colheita/exportação de soja e um aumento nos níveis de roubo), incorrendo em custos não recorrentes de R$ 75 milhões e níveis de eficiência abaixo do ideal, a Rumo apresentou um forte crescimento de EBITDA principalmente por um desempenho estelar desempenho de yield (+28% A/A, vs. XPe +13%). Além disso, a Rumo antecipou seus relatório mensal de volume para mostrar uma recuperação importante em abril de 23 (+15% A/A vs. XPe +11%), o que confirma a expectativa de que os problemas de roubo estão se normalizando. A equipe de Transportes da XP vê lado positivo para as estimativas de consenso do ano fiscal de 2023 (e da XP) com base nesses resultados e reitera a recomendação de compra e visão positiva sobre a ação e as exportações de grãos de Mato Grosso durante 2023. Veja mais detalhes na nota Ótima performance de yield compensa os problemas de volume.

Raízen (resultados divulgados em 12 de maio): De acordo com a equipe de Agri, Alimentos e bebidas da XP, à primeira vista, a Raízen reportou um trimestre forte com um bem-vindo e surpreendente EBITDA Aj. de R$ 15,3 bi na safra 2022/23, acima do consenso e da expectativa da XP, mas principalmente devido a um crédito fiscal não recorrente de R$ 3,7 bilhões (PIS/COFINS). A geração de caixa foi forte em R$ 3,9 bilhões e mantém a Raízen com uma alavancagem confortável (1,3x ND/EBITDA Aj.), o que garante a continuidade dos investimentos para melhorar a produtividade agrícola, juntamente com a construção de usinas de E2G, além de aumentar sua oferta de energia diversificada e limpa através de seus canais comerciais. Porém, sem o efeito não recorrente, todas as operações ficaram abaixo das nossas estimativas: Renováveis ​​-41%, Açúcar -4%, M&S -64%. A surpresa não recorrente levou a um guidance de EBITDA Aj. de 23/24 apenas R$ 500 milhões acima de 2022/23 para R$ 13,5-14,5 bilhões, apesar de uma forte melhora no setor de Açúcar e Etanol e da esperada recuperação em M&S. Veja mais detalhes na nota O resultado das operações veio abaixo do esperado, mas os créditos tributários pontuais foram uma grata surpresa.

Compass: volumes mais baixos em toda o segmento, mas o EBITDA está crescente. Para a Comgás, os volumes contraíram 11% A/A, afetados pela desaceleração nos segmentos industrial (-12%) e automotivo (-35%), parcialmente compensados pelo segmento residencial (+13%). No entanto, o Ebitda (R$ 857 milhões) subiu 21% A/A e 6% T/T, na esteira de um mix melhor (maior participação residencial). A mesma dinâmica de volumes foi apresentada por outras distribuidoras;  O EBITDA ex-equivalencia patrimonial (R$ 93 milhões, da Sulgás e da GasBrasiliano) contraiu 11% T/T e o lucro líquido recebido de distribuidoras não controlados (R$ 52 milhões) caiu 16% T/T. No geral, o Ebitda da Compass de R$ 958 milhões (+5% T/T e +36% A/A) superou a expectativa da XP em 5%, principalmente devido a um melhor mix de vendas na Comgás. O EBITDA de R$ 958 milhões ficou dentro da faixa de guidance (R$ 3,830 milhões anualizados vs. guidance de 2023 de R$ 3.800/4.100 milhões) e o CAPEX de R$ 527 milhões (faixa de guidance anualizada de R$ 2,108 milhões vs. faixa de guidance de 2023 de R$ 1,900/2,200 milhões). O fluxo de caixa livre do acionista segue saudável, em R$ 481 milhões e, Dívida Líquida/EBITDA controlada, em 1,1x.

Moove: Os volumes cresceram +5% T/T devido a um aumento de participação de mercado (+84% A/A na esteira da aquisição da Petrochoice e Tirreno), mas a receita líquida se expandiu em um ritmo mais lento (+3% T/T) devido ao menor preço unitário. No geral, o Ebitda ficou em R$ 276 milhões (+38% T/T) com margens saudáveis (10,6%), melhorando em relação ao 4T22 mais fraco (margem em 7,9%). O Ebitda veio 6% abaixo da expectativa da XP, principalmente devido ao preço unitário menor do que prevíamos.

Cosan Investimentos: O EBITDA dessa divisão é altamente variável devido à marcação a mercado do valor da Radar, Tellus e Janus que ocorre no 4T. No 1T23, o EBITDA foi de R$ 118 milhões (vs. R$ 18,4 milhões no 1T22 e R$ 1,308 milhão no 4T22). A carteira de terras, incluindo propriedades agrícolas Radar, Tellus e Janus, encerrou o trimestre com 318,1 mil hectares de terras próprias, com valor total de mercado de R$ 13,9 bilhões (ou R$ 4,2 bilhões ajustados pela participação da Cosan).

Nossa opinião: Este trimestre marcou um aumento no Ebitda, principalmente decorrente da Raízen, por sua vez, auxiliada por um não-recorrente tributário. Por outro lado, Rumo e Compass foram melhores do que o esperado sem não recorrentes (a última, apesar de um ambiente desafiador para volumes no setor industrial). Como apontado em nosso início de cobertura, A Máquina de Alocação de Capital, com a emissão de R$ 1 bilhão em debêntures ocorrida em abril, vemos a holding totalmente financiada para 2023, e estamos confiantes de que a empresa será capaz de financiar a conclusão da aquisição da Vale que começará em 2024. Nos últimos dias, o desconto de holding diminuiu, mas permaneceu fechado na extremidade inferior da faixa histórica pelas múltiplas visões que usamos para analisá-lo. Mantemos nossa recomendação de compra.

Resultados Consolidados Pro-Forma Reportados (R) do 1T23 da Cosan vs. expectativa da XP (E)






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