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Revisamos o preço-alvo do S&P 500 para 4.600 pontos

Estratégia Macro Global: A reação do mercado frente a guerra na Ucrânia, política de zero covid na China, e juros mais altos nos Estados Unidos.

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A atual dinâmica global, em que o conflito entre Rússia e Ucrânia não parece estar próximo do fim, a preocupação com o aumento recente do número de casos da Covid-19 na China cresce, e o Federal Reserve segue reforçando uma postura contracionista frente a inflação global, propõe fatores adicionais para ponderarmos na nossa visão referente aos próximos meses. Com isso, atualizamos a projeção de preço-alvo do S&P 500 de 4.900 para 4.600 pontos no final do ano.  Para entender como tais condições impactam a performance da bolsa americana e saber o que estamos observando no panorama macroeconômico, leia o relatório completo.

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1. Aumento dos juros dos títulos de longo prazo nos Estados Unidos

Nos últimos seis meses, acompanhamos a elevação da expectativa dos juros de longo prazo nos Estados Unidos, e, de lá para cá, o rendimento das taxas dos títulos do Tesouro americano de 10 anos subiu de 1,6% para 2,9%. Já tínhamos antecipado esse movimento, com nossos modelos mostrando que a taxa de juros deveria estar rendendo ao redor de 2,9%, como está sendo negociado atualmente. Desde então, o índice do Tesouro dos EUA da Bloomberg caiu -9,2%*, apresentando seu pior desempenho de todos os tempos, e as taxas do tesouro subiram para os níveis que nosso modelo sugeria naquele momento.

*Lembrando que juros e o preço de renda fixa têm correlação negativa, ou seja, com os juros subindo, os preços dos títulos têm caído e seu desempenho ficado negativo.

2. Projetamos um processo de desinflação ao longo do ano, mas as expectativas de inflação continuam aumentando

Continuamos acreditando que o aumento inflacionário recente no mundo resulta principalmente de problemas no abastecimento das cadeias de suprimentos. Pelos nossos cálculos, em torno de 70% da inflação vem de fatores relacionados a pandemia. Portanto, não mudamos nossa visão de que, uma vez que os gargalos de fornecimento diminuírem e os fluxos de produção se normalizarem, haverá um rápido processo de desinflação na economia mundial. No nosso cenário base, projetamos a inflação desacelerando para em torno de 5-5,5% até o fim de 2022. Dito isso, vemos uma clara deterioração nas métricas expectativas de inflação.

3. Esperamos ajustes monetários mais agressivos e um crescimento econômico mais fraco em 2022 nos EUA

Anteriormente, projetávamos que o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, aumentaria a taxa de juros gradualmente, em 0,25% a cada reunião, até chegar ao nível de 2,25% no início de 2023. Acreditamos agora, com a expectativa por uma inflação mais alta pelo menos no curto prazo, que o Fed deva acelerar o ritmo de aperto monetário. Projetamos incrementos de 0,5% nas três próximas reuniões do Banco Central americano (maio, junho e julho) e de 0,25% em setembro e novembro deste ano, visando conter a deterioração das expectativas de inflação. No entanto, não mudamos a nossa visão de que é improvável uma elevação dos juros para além de 2,5%, já que a atividade econômica provavelmente diminuirá consideravelmente ao longo do ano, e a normalização no lado da oferta ajudará no processo de desinflação.

Também estamos revisando a nossa previsão de crescimento econômico para os EUA em 2022 de 3,8% para 3,0%, devido a persistência no conflito geopolítico, choques prolongados de oferta e deterioração das condições financeiras. Para 2023, vemos a economia dos EUA crescendo 2,5%.

4. Atualizamos a projeção de preço-alvo do S&P 500 para 4.600 pontos em 2022

Considerando os fatores mencionados acima, e ponderando o impacto do aumento na taxa de juros de 10 anos dos EUA na precificação das ações, ajustamos o nosso preço alvo do S&P 500 para 4.600 pontos, frente os 4.900 pontos que esperávamos desde o ano passado (Preço/Lucro equivalente de 20,9x).

Por que juros mais altos impactam negativamente a Bolsa?
O "valor justo" das empresas é calculado a partir da geração de caixa no futuro. Pra “trazer” esse crescimento para o presente, os analistas usam uma taxa de juros de referência – que á a taxa de juros de longo prazo, ou o Treasury de 10 anos. Essa taxa, por sua vez, tem uma relação inversa com o valor presente das companhias. Portanto, esse aumento da taxa do Treasury de 10 anos que temos visto significa um desconto maior no valor justo dessas ações. Em outras palavras, quando as taxas sobem, esses ganhos futuros tornam-se menos valiosos no dinheiro de hoje. 

Ainda achamos que o prêmio de risco (retorno adicional de um investimento quando comparado aos rendimentos do títulos públicos do país) está atrativo e ajudará a manter o valor da bolsa – por isso fizemos um ajuste moderado no preço-alvo. Vale pontuar que não estamos preocupados com o crescimento dos lucros das empresas, já que um aumento no PIB nominal ajudará a sustentar lucros mais altos, mesmo com a inflação salarial mais alta e desaceleração no PIB real. Além do mais, acreditamos que, mesmo se houver uma recessão no horizonte, é mais provável que seja em 2023.

Como fator de risco, avaliamos que a possibilidade dos juros de longo prazo nos Estados Unidos se manterem permanentemente altos poderia manter as bolsas pressionadas por mais tempo. Nesse sentido, identificamos alguns pontos que intensificam a pressão por juros mais altos e devem ser monitorados:

  1. O Fed tomando um posicionamento mais hawkish (contracionista);
  2. O início do processo de redução do balanço patrimonial do Fed; e
  3. A probabilidade de que o conflito entre Rússia e Ucrânia se prolongue por mais tempo do que esperávamos inicialmente, prejudicando o processo de desinflação.

5. Adicionalmente, acreditamos que a China não irá atingir sua meta de crescimento em 2022

Após as últimas medidas lockdown na China, entendemos que faz sentido ajustar nossa previsão de crescimento no PIB de 2022 para 4,5%, abaixo da estimativa anterior de 5-5,5%. Ainda esperamos que o governo chinês aumente os estímulos fiscais e monetários ao longo do ano para impulsionar a economia, mas a decisão de manter a política de “zero-Covid” provavelmente fará com que a meta de crescimento, de 5,5% para 2022, dificilmente seja atingida. Para 2023, continuamos projetando a economia da China crescendo 4,5%.

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