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IPCA avança 0,61% m/m em abril, reiterando alta nos preços de serviços observada na prévia do mês

No geral, a composição do IPCA-15 e suas agregações reforçam o resistente processo de desinflação no Brasil, especialmente nos grupos de serviços.

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Conforme divulgado pelo IBGE nesta manhã, o IPCA de abril variou 0,61% na comparação mensal, praticamente em linha com nossas expectativas (0,59%) e acima do consenso de mercado (0,55%). Na variação acumulada em 12 meses, o índice de inflação recuou para 4,18% em abril, ante 4,65% em março, devido ao efeito base relacionado à intervenção de preços monitorados promovida pelo governo federal no ano passado. O principal desvio de alta em relação à nossa projeção veio dos preços de ‘alimentação no domicílio’, como ‘leite e derivados’ (1,5 pb), ‘vestuário’ (1,4 pb) e ‘produtos farmacêuticos’ (1.3bp), cujos reajustes entraram em vigor em abril. Por outro lado, as principais surpresas baixistas vieram de ‘gasolina’ (-3,1 pb) e de ‘higiene pessoal’ (-2,2 pb).

A desaceleração frente ao IPCA de março (0,71%) se deveu basicamente por queda nos bens administrados (0,86% vs 2,33%) decorrente da dissipação da reoneração parcial de PIS/Cofins e Cide sobre a gasolina e o diesel (-0,44% m/m em abril vs 7,01% em março) e da reinclusão da TUST/TUSD no cálculo do ICMS para a energia elétrica (0,48% vs 2,23%). Por outro lado, foi registrada alta em alimentos in natura (1,79% ante 0,30%), passagem aérea (11,97% ante -5,32%) e produtos farmacêuticos (3,55% ante 0,59%), cujos reajustes foram autorizados a partir de abril, pressionando a leitura atual.

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A média dos núcleos de inflação avançou 0,51% m/m, em linha com nossa projeção de 0,49% m/m. Assim, a média móvel de 3 meses da taxa anualizada ajustada sazonalmente (3M SAAR, importante métrica para extrapolar tendências de curto prazo para o ano) permaneceu praticamente estável em 6,1%. A medida de ‘serviços subjacentes’ avançou 0,56% m/m em abril, acima de nossa projeção de 0,41% MoM, principalmente devido a surpresas de alta nos itens ‘alimentação fora do domicílio’. O 3M SAAR para serviços subjacentes saltou para 6,0% de 5,0% no mês passado, confirmando a aceleração observada na prévia para o mês (IPCA-15). Conforme escrevemos na análise do IPCA-15, ainda esperamos alguma acomodação nos preços de Serviços (hoje em 7,5% a/a), devendo encerrar o ano próximo a 6% (sem ajuste sazonal), bem acima da meta de inflação (3,25%).

A medida de 'preços industriais' (efetiva: 0,39% m/m; XP: 0,47% m/m) veio um pouco abaixo da nossa projeção, refletindo surpresas positivas em itens de 'higiene pessoal', como 'perfume' (1,1% projetado vs -1,1 % real) – esperamos alta do item em maio, por conta do Dia das Mães. Projetamos inflação industrial em 2,8% em 2023. Apesar de leituras mais positivas nos últimos meses, os componentes da ‘alimentação no domicílio’ contribuíram para a alta inflação de abril, principalmente por conta dos produtos lácteos. Com relação aos preços monitorados, conforme apontamos acima, o preço da gasolina veio abaixo de nossas expectativas em abril, desviando nossa projeção em -3,1bps, enquanto os medicamentos surpreenderam timidamente para cima (+1,3 bps).

Em suma, a composição do IPCA e suas medidas agregadas reforçam o processo de desinflação resistente no Brasil, especialmente nas métricas de serviços. Esperamos que o IPCA atinja seu menor patamar em junho (4,0% a/a) e reacelere de julho a dezembro. No entanto, vemos atualmente um viés de baixa para a nossa projeção para 2023 (6,2%), impulsionado pela valorização recente do Real e pela queda no preço do petróleo – estamos reavaliando nossa visão sobre os preços dos combustíveis ao longo do ano. Por enquanto, não estamos considerando cortes na gasolina, por exemplo. Apesar dos sinais negativos em abril, os preços das commodities e de alimentos no atacado têm apresentado leituras benignas, o que também enviesa nossa projeção de ‘alimentação no domicílio’ para baixo. Para o IPCA de 2024, mantemos nossa projeção de 5,0%.

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