Chegamos ao fim da temporada de resultados do 1T24, e dentre as empresas cobertas pela XP, 30% superaram nossas estimativas de receita, 25% ficaram aquém e 46% ficaram em linha das projeções dos nossos analistas. Quanto ao EBITDA (lucros operacionais), 34% superaram nossas expectativas, 54% vieram em linha, e 12% ficaram abaixo. Por fim, olhando para o lucro líquido reportado, 43% superaram nossas estimativas, 18% ficaram em linha e 39% ficaram aquém.
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A temporada de resultados do 1T24 chegou ao fim. Quase todas as ~150 companhias sob cobertura do nosso time reportaram, assim como 81 das 83 empresas que compõe o Ibovespa. Esse relatório contém uma análise consolidada dos resultados, juntamente com os principais destaques das empresas da nossa cobertura.
Desde o início da temporada de balanços, as ações brasileiras desempenharam abaixo dos seus pares globais. Entre 23 de abril e 20 de maio, o Ibovespa teve retornos de +2,1% em reais e +2,8% em dólares, enquanto que o MSCI ACWI (índice de ações globais) subiu 5% em dólares no mesmo período. O desempenho é largamente explicado por uma deterioração do cenário macro global, com dados de atividade econômica ainda resilientes nos EUA e no Brasil, em particular os dados de inflação, reforçando assim a narrativa de taxas de juros “altas por mais tempo”. Domesticamente, o risco fiscal brasileiro aumentou também com as mudanças na meta fiscal, além da interferência em grandes companhias, como Petrobras e Vale.
Nós vemos a temporada de resultados do 1T24 como mais positiva que o esperado. Dentre as empresas cobertas pela XP, 30% superaram nossas estimativas de receita, 25% ficaram aquém e 46% ficaram em linha das projeções dos nossos analistas. Quanto ao EBITDA (lucros operacionais), 34% superaram nossas expectativas, 54% vieram em linha, e 12% ficaram abaixo. Por fim, olhando para o lucro líquido reportado, 43% superaram nossas estimativas, 18% ficaram em linha e 39% ficaram aquém.
No geral, as receitas reportadas pelas empresas sob nossa cobertura vieram -2% abaixo das estimativas da XP, enquanto o número agregado do EBITDA foi levemente abaixo em -1,7% e a surpresa do lucro líquido foi de -5,3%. Olhando para os setores, observamos que Commodities e Defensivos tiveram surpresas positivas de EBITDA, enquanto Financeiras e Cíclicos Domésticos reportaram abaixo das estimativas da XP.
Mas olhando para o crescimento A/A, nós vimos uma recuperação nesses últimos trimestres. Em relação ao 1T23, as companhias sob cobertura da XP apresentaram um crescimento de receita e EBITDA consolidados de 2,2% e 6,6%, respectivamente. Quanto ao Ibovespa, as receitas cresceram 7,5% A/A, e o EBITDA em 11,6% – este último vendo um crescimento positivo pela primeira vez após 4 trimestres consecutivos.
Olhando para frente, estamos vendo as expectativas de lucros pelo consenso sendo revisadas para cima. Desde o começo da temporada em abril, as projeções de lucro por ação para os próximos 12 meses, e também de 2024 e 2025 tem sido revisadas para cima por 2-4%.
Em termos de setores, Materiais e Telecomunicações foram os setores que mais tiveram uma revisão positiva de lucro por ação pelo consenso, enquanto Energia e Saúde foram os setores que tiveram as revisões mais negativas.
ESG | Review da temporada do 1T24: Dando o tom para uma agenda crescente ao longo do ano
A temporada de resultados do primeiro trimestre para as empresas brasileiras geralmente dá o tom para as prioridades ESG para o resto do ano. Na nossa visão, a agenda ESG está cada vez mais integrada na estratégia de negócios das empresas, impulsionado pela crescente busca de investidores por maior transparência. Conforme mencionado no nosso relatório temático ‘ESG em 2024: Da euforia à consolidação’ (acesse aqui), à medida que o investimento ESG amadurece, o ambiente regulatório também se desenvolve, revelando uma gama mais ampla de questões relacionadas à sustentabilidade que exigem divulgação.
No mais, a temporada de resultados do primeiro trimestre também foi uma boa oportunidade para as empresas:
- (i) anteciparem o planejamento ESG e as principais iniciativas na agenda para o resto do ano;
(ii) ressaltarem os principais pontos destacados nos relatórios de sustentabilidade, que geralmente são publicados no início do ano;
(iii) acompanharem o progresso de ambições e compromissos de longo prazo assumidos; e
(iv) divulgarem uma estratégia de gestão de riscos climáticos.
Do ponto de vista de nomes, vale comentar sobre as principais divulgações de três empresas que fazem parte da Carteira Recomendada ESG XP referente ao mês de maio (link):
- (i) Suzano (SUZB3) destacou a publicação de seu Relatório Anual de Sustentabilidade 2023 e anunciou a integração voluntária das recomendações de o Grupo de Trabalho sobre Divulgações Financeiras Relacionadas à Natureza (TNFD), sendo uma das primeiras empresas brasileiras a se comprometer com a iniciativa dedicada a criar um instrumento de gestão e divulgação de riscos e oportunidades;
(ii) Yduqs (YDUQ3) destacou sua entrada na carteira do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3) da B3 (pela primeira vez), e compartilhou o lançamento do Relato Integrado 2023 de acordo com os principais padrões de mercado (SASB e GRI); e
(iii) Vivo (VIVT3) avançou 13 posições no Monitor de Negócios de Reputação Corporativa da Merco, estreando entre as 20 empresas com melhor reputação de governança no Brasil.
Destaques dos setores
Agro
Para os produtores de grãos (SLC, BrasilAgro), o trimestre foi fraco refletindo a queda nos preços, um hard landing ja esperado. Os resultados foram diversos entre os players de serviços agrícolas, uma vez que cada Companhia atua em um elo diferente da cadeia. De maneira geral, o atraso no farm selling por parte dos produtores continuou afetando negativamente os resultados, embora com uma intensidade diferente para cada empresa. Para o 1Q24, o destaque positivo foi a 3Tentos, enquanto que os destaques negativos foram a Vittia e a AgroGalaxy.
Alimentos e Bebidas
Foi um trimestre forte para os frigoríficos. O destaque ficou para as operações de frango e suínos, particularmente devido às tendências positivas de custos em virtude da queda dos preços dos grãos. Para as aves, o trimestre também foi marcado por uma recuperação de preços devido aos sólidos mercados domésticos e de exportação, tanto para as operações no Brasil (BRF/Seara) quanto nos Estados Unidos (PPC, JBS US Pork).
No restante do espaço de F&B, também destacamos os resultados como sólidos. Em AmBev, a recuperação de margens continuou em um pace interessante refletindo os menores custos. Para a Camil, os preços mais altos de Arroz se traduziram em margens maiores, o que ajudou no processo de desalavancagem da Companhia. A nota negativa do setor fica com a M. Dias Branco devido a frustração em volumes dado os efeitos one-off da alteração do programa de ERP da Companhia, apesar de as margens terem sido fortes, principalmente considerando a sazonalidade mais fraca.
Bancos, Mercados de Capitais, e Neo-banks & Fintechs
Consideramos que a temporada de resultados do 1T24 foi positiva. Embora os NPLs tenham sido afetados pela sazonalidade, a sua tendência descendente continuou na maioria dos bancos. Além disso, as empresas do nosso universo de cobertura focaram em eficiência, o que impulsionou os seus resultados. Os bancos incumbentes registaram números em grande parte em linha com os guidances para 2024. No segmento de mercado de capitais, as receitas mantiveram-se resilientes e o BR Partners foi o grande destaque. Por fim, mais uma vez, o segmento de Neobanks & Fintechs apresentou melhorias operacionais sequenciais, levando a melhores resultados, mas as altas expectativas continuam a pressionar suas ações. Em relação ao Nubank, a qualidade do crédito deteriorou-se e não temos certeza sobre a sustentabilidade e qualidade de seus lucros nos próximos trimestres. No geral, mantemos uma visão positiva sobre o setor e mantemos ITUB4 (Top Pick), BRBI11 e INBR32 como nossos nomes preferidos. Também mantemos uma visão positiva sobre o Banco do Brasil após seu forte guidance para 2024. Embora Nu e BTG tenham sustentado uma dinâmica positiva de lucros, seus altos valuations ainda justificam alguma cautela.
Bens de Capital
Observamos resultados mistos para as empresas brasileiras de bens de capital no 1T24. Do lado positivo, notamos resultados melhores do que o esperado da (i) Marcopolo, com rentabilidade sólida apesar da sazonalidade naturalmente mais fraca (e indicações positivas à frente com a aceleração das entregas do Caminho da Escola), com a (ii) Kepler Weber apresentando resultados sólidos também, com nível de rentabilidade sólido e bons sinais de carteira de pedidos para o 2T. Vemos (iii) resultados mais fracos do que o esperado da WEG, com um desempenho de receita mais suave, abaixo das expectativas (rigorosas) do mercado (que devem ser atenuadas no 2T, dada a integração da Regal). Para as empresas de autopeças, o 1T tem uma sazonalidade geralmente mais fraca devido a paradas temporárias – o que foi ampliado para a Randon e a Frasle devido a mudanças no ERP (impactando volumes e margens). Para o 2T, esperamos uma sazonalidade melhor, embora pontualmente impactada pelas infelizes chuvas fortes no RS. Observamos volumes mais baixos impactando os resultados da Tupy e da Iochpe também, com melhores expectativas à frente, após a recuperação dos veículos pesados no Brasil (mas um potencial descompasso temporário entre os preços das matérias-primas e os custos unitários para a Iochpe, após o aumento dos preços do alumínio). Por fim, observamos números fracos, conforme o esperado, para a Aeris, e esperamos que as condições desafiadoras do mercado continuem sendo importantes obstáculos à frente.
Construtoras
De modo geral, as construtoras de baixa e média/alta renda apresentaram resultados positivos no 1T24. Do lado positivo, a maioria das empresas apresentaram um desempenho robusto da receita, impulsionado por (i) uma sólida expansão das vendas líquidas, impulsionada por fortes níveis de lançamentos; e (ii) uma sólida evolução de obra, impulsionando o reconhecimento da receita. Por outro lado, continuamos a ver um cenário misto para a rentabilidade. Cury, Direcional e Lavvi foram os destaques positivos, registrando margens brutas em níveis robustos no trimestre. No entanto, MRV, Tenda, Trisul e Melnick foram os destaques negativos, com margens brutas ainda pressionadas, apesar de melhoras razoáveis nos últimos trimestres. Em suma, as empresas que já estavam operando de forma rentável (como Cury, Lavvi, Cyrela e Direcional) registraram um sólido crescimento do lucro líquido, impulsionado por uma combinação de sólida expansão da receita e sólidos níveis de margem bruta, enquanto nomes como MRV, Tenda e Trisul apresentaram um lucro líquido ainda sob pressão.
Educação
Para as empresas de ensino superior, os 1Ts são os mais importantes, pois é quando ocorrem os maiores ciclos de captação, especialmente no segmento presencial. Durante o 1T24, vimos números saudáveis de captação nos segmentos presencial e digital, com melhor comportamento dos tickets médios e taxas de evasão controladas. Por outro lado, as empresas viram suas despesas com PDD e marketing impactarem negativamente as margens e compensarem parte da alavancagem operacional gerada pelo aumento da receita. Em suma, consideramos esta temporada de resultados positiva para as empresas de educação da nossa cobertura e observamos que a alavancagem – um dos principais fatores de risco que observamos no setor – está tendendo para baixo.
Elétricas e Saneamento
Em Elétricas e Saneamento os principais destaques foram Orizon (ORVR3) e Cemig (CMIG4), registrando fortes resultados. Por outro lado, os resultados de Serena (SRNA3) e Auren (AURE3) desapontaram nossas expectativas, principalmente impactado por condições operacionais piores do que o esperado.
Imobiliários e Shopping
Os shoppings apresentaram um sólido desempenho operacional no 1T24, impulsionado principalmente por (i) vendas de lojistas mais fortes do que o esperado, levando a uma diluição sequencial dos custos de ocupação, (ii) níveis sólidos de taxa de ocupação, apesar do efeito sazonal T/T, e (iii) inadimplência líquida sob controle, favorecida por um cenário de demanda aquecida dos lojistas. Em relação a receita, observamos outro trimestre de crescimento mais brando da receita líquida, devido a uma receita de aluguel mais suave, explicada pelos efeitos do ajuste do IGP-M/DI sob pressão. Em termos de rentabilidade, as margens EBITDA mantiveram-se em níveis sólidos, apoiadas pela diluição das despesas operacionais decorrente (i) da sólida taxa de ocupação; e (ii) da inadimplência líquida sob controle. O Iguatemi foi um destaque positivo, apresentando uma expansão robusta da margem, dado que o segmento de varejo manteve o breakeven. Em suma, observamos uma forte expansão do FFO para os shoppings no 1T24, também impulsionada por uma sólida redução das despesas financeiras. Nas propriedades logísticas, observamos resultados neutros. Do lado positivo, os dados operacionais foram fortes devido a uma combinação de entregas sólidas e queda de vacância estabilizada, reforçando o sólido momento de demanda por armazéns logísticos AAA, enquanto o volume robusto de vendas de ativos levou a uma forte desalavancagem financeira. Por outro lado, a receita e o FFO tiveram um desempenho mais brando, impactados por níveis mais baixos de ABL.
Mineração e Siderurgia
Vimos um ambiente macroeconômico e de preços impulsionando os resultados para as ações de Mineração e Siderurgia. A Vale reportou resultados fracos desproporcionalmente afetados por obstáculos macroeconômicos, com (a) a queda dos preços do minério de ferro ao longo do 1T levando a uma realização de preço mais fraca do que o normal e (b) a valorização do Real tendo um efeito negativo sobre os custos, sendo que ambos já mostram melhorias no 2T , no entanto. A CSN Mineração também sofreu com a queda dos preços do minério de ferro e um efeito desproporcional no EBITDA, apesar de mitigar o fraco (e pior) desempenho da divisão siderúrgica da CSN. A Gerdau foi o destaque positivo, com maiores volumes de vendas (+8% T/T) e menores custos unitários (-5% T/T) na divisão da América do Norte contribuindo para uma melhoria na rentabilidade, bem como operações domésticas melhorando progressivamente a partir de um nível inferior no 4T23. Para a Usiminas, esperamos uma perspectiva cautelosa para o 2T24E após as indicações da empresa de volumes e preços de aço estáveis no próximo trimestre, com CPV/t ligeiramente mais elevado como principal surpresa negativa, em nossa opinião, esperado que seja afetado negativamente pelo mix de produtos e pelo desvalorização recente do Real. Por fim, a Aura apresenta resultados positivos, com iniciativas de custos gerando melhor desempenho operacional, enquanto os números ainda estão se recuperando para a CBA, mas no caminho para uma melhoria mais significativa no 2T24, considerando o recente aumento nos preços do alumínio.
Papel e Celulose
Vimos resultados mistos das empresas de Papel e Celulose no 1T24. Embora a Suzano tenha reportado resultados um pouco mais fracos do que o esperado, dado o pior desempenho dos volumes de celulose (-13% T/T) devido à formação de estoques, os esforços relacionados à eficiência da empresa e a queda dos preços dos insumos deram um tom positivo para o 2T24E em diante, uma vez que a Suzano capture a recente recuperação dos preços da celulose (BHKP na China agora em ~US$720/t vs. preços realizados da Suzano de US$619/t neste trimestre). A Klabin reportou resultados neutros, com menores custos caixa de celulose (-4% T/T) e volumes de vendas de celulose (-12% T/T), compensados por maiores preços realizados (+12% T/T); e (iii) menores resultados na divisão Papel & Embalagem. Por fim, vemos os resultados da Irani apoiados principalmente por um forte controle de custos e despesas e melhores volumes de caixas de papelão ondulado (+11% A/A), compensando a continuação dos preços mais baixos A/A e T/T e gerando uma sólida margem EBITDA de 30,5% (vs. 29,1% em 4T23).
Petróleo e Gás
As empresas petrolíferas tiveram que lidar com uma leve queda nos preços da commodity, mas a produção das empresas se destacou como fator detrator nos resultados, com queda para PRIO e Petrobras, e aquém do esperado para a PetroReconcavo. Já para as distribuidoras de combustíveis, como esperado, apresentaram resultados fortes, porém em níveis mais normalizados quando comparado com o 4Q23. O setor se estocou, antecipando o aumento dos impostos sobre combustíveis que ocorreu no início de 2024, e esse volume não correspondeu perfeitamente à demanda durante o 1T24, trazendo pressão às margens. No setor petroquímico, apesar da ligeira melhora no ambiente, as empresas continuam sofrendo com spreads e preços baixos.
Saúde
Serviços de saúde: A cadeia de valor do setor de saúde ainda está pressionada. Durante este trimestre: (i) a Hapvida e a SULA apresentaram resultados positivos, impulsionados pelo contínuo aumento de preços em todo o segmento, bem como pelas iniciativas de redução da utilização, resultando em perdas líquidas dos planos de saúde para ambas as empresas em uma base anual, mas reduzindo a sinistralidade das empresas por mais um trimestre. Observamos que a HAPV foi o destaque positivo nessa temporada de resultados, em linha com a nossa prévia de resultados, já que a empresa apresentou uma redução de 4,3 p.p. A/A na sinistralidade; (ii) os prestadores de serviços hospitalares permanecem pressionados pelos pagadores, enquanto, pelo lado positivo, destacamos as melhorias nos tickets, especialmente provenientes de aumentos de preços e mix, em conjunto com o crescimento de volume; (iii) o Fleury apresentou um crescimento mais brando da receita, em conjunto com melhorias de margem decorrentes de diluições de custos, mas observamos o aumento do ciclo de recebíveis pressionando o fluxo de caixa operacional; e (iv) a Odontoprev apresentou resultados ligeiramente positivos, com um leve aumento na receita, impulsionado pelas adições líquidas de planos Corporativos e PMEs, compensando a queda nos planos Individuais e em conjunto com tickets médios estáveis, mas observamos um aumento na taxa de sinistralidade devido à maior participação dos planos Corporativos no portfólio de planos consolidado.
Farmacêuticas e distribuição: Observamos resultados mistos para as empresas do setor farmacêutico, uma vez que: (i) a Hypera foi impactada negativamente por uma menor utilização da capacidade e um pior mix de vendas, o que foi compensado pela redução de despesas; (ii) a Blau registrou um aumento na receita, impulsionado pelo crescimento orgânico, pela aquisição do Bergamo e pelos ganhos de eficiência com equipes de vendas, com um efeito negativo de maiores despesas gerais e administrativas; e (iii) a Viveo apresentou resultados negativos, uma vez que o crescimento da receita foi compensado por um pior mix de vendas, ajustes de estoque e maiores despesas com frete, enquanto a queima de caixa devido à uma dinâmica de capital de giro ainda difícil resultou em um aumento da alavancagem por mais um trimestre.
Transportes
No segmento de Aluguel, consideramos o desempenho da Vamos como destaque da temporada, devido (i) à continuidade da forte performance de Aluguel; e (ii) recuperação do desempenho das Concessionárias após os últimos trimestres fracos. Além disso, (i) a Localiza reportou um desempenho consistente de Aluguel apoiado principalmente por um aumento nos preços médios diários, com os resultados de Seminovos permanecendo sob pressão; e (ii) a Movida apresentou um forte resultado de Aluguel tanto em termos de volume quanto de tarifas, mas os resultados de Seminovos continuaram a deteriorar-se.
No setor de Infraestrutura, destacamos (i) os desempenhos da Rumo e da Santos Brasil, ambas baseadas em um ambiente positivo de oferta e demanda, onde o principal fator foi um forte crescimento tarifário aliado à expansão de volumes; (ii) O fraco desempenho da Hidrovias do Brasil devido aos baixos níveis de calado enfrentados no Corredor Sul, levando a uma operação sob “plano de águas baixas” comprometendo os níveis de EBITDA; e (iii) Rodovias apresentando resultados positivos após o forte desempenho de tráfego verificado no trimestre.
No setor aéreo, destacamos o desempenho positivo do EBITDA da Azul, com (i) performance consistente do RASK, tanto na frente de yield quanto na demanda; e (ii) redução do CASK, principalmente devido à queda nos preços dos combustíveis.
Telecom, Mídia e Tecnologia
Mídia e Tecnologia: O segmento continua sofrendo com ambiente macroeconómico desafiador, que tem um impacto negativo no crescimento das receitas do sector. Como resultado, a maioria das empresas apresentou resultados fracos/neutros. Ressaltamos que cada empresa de nossa cobertura de tech tem sua própria dinâmica.
Telecom: As grandes empresas de telecomunicações da nossa cobertura apresentaram resultados sólidos, após a estratégia bem-sucedida de ajuste de preços com controle de churn e crescimento acima da inflação. Em relação aos ISPs, a Brisanet, Unifique e Desktop continuam tendo dificuldades de crescimento orgânico, mas conseguiram manter bons níveis de rentabilidade. O destaque negativo do trimestre vai para a Brisanet, com queda de margem EBITDA devido a evolução da operação móvel.
Varejo
Quanto aos resultados do varejo no 4T, destacamos i) que o cenário macro permanece como um desafio para a demanda; ii) ajustes tributários impactaram tanto o crescimento de receita quanto rentabilidade; e iii) visões mistas em relação ao 2T foram dadas.
Em termos de segmento, as farmácias e os varejistas de alimentos foram os destaques, beneficiando-se do aumento da demanda de produtos relacionados à dengue/covid e das tendências de aumento da inflação de alimentos, respectivamente. Em relação aos varejistas de vestuário de alta renda, observamos um trimestre geral fraco, com a ARZZ e a SOMA atingidas por um desempenho mais fraco no canal B2B, enquanto as mudanças relacionadas a impostos afetaram o desempenho da VIVA. Enquanto isso, os varejistas de renda média registraram uma melhora no SSS e nas margens em função da alavancagem operacional. Por fim, o crescimento de receita das empresas de e-commerce permaneceu pressionada em meio à difícil situação macroeconômica, mas com a MGLU relatando uma melhora nas margens.