Esperamos um 1T24 misto para as ações de Mineração e Siderurgia e Papel e Celulose. Com a indústria siderúrgica no Brasil ainda enfrentando um ambiente desafiador, esperamos que a exposição da Gerdau na América do Norte (com aumento da lucratividade vs. 4T23) e os esforços de eficiência de custos da Usiminas (após o aumento da renovação do AF#3) impulsionem uma sólida melhora no EBITDA T/T no 1T24E, como dois dos destaques deste trimestre. Além disso, com os preços da celulose e do minério de ferro apresentando desempenhos opostos (+8% e -27% YTD, respectivamente), esperamos: (i) que a Suzano também apresente um desempenho operacional positivo no 1T24 e dê o tom para um forte 2T24E (espaço para revisões consensuais para cima?); enquanto (ii) a Vale deve apresentar resultados fracos no 1T24 (embora ainda não descartamos uma potencial recuperação do minério de ferro).
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Mineração e Siderurgia. Com os preços do minério de ferro apresentando trajetória negativa ao longo do 1T24 (-27% YTD) e a indústria siderúrgica no Brasil ainda enfrentando um ambiente desafiador, vemos a exposição da Gerdau a condições de mercado relativamente melhores na América do Norte e as iniciativas bottom-up da Usiminas para reduzir custos como fatores atenuantes em meio a um macro mais fraco, com ambas as empresas apresentando melhora operacional T/T. Do lado negativo, Vale, CSN e CMIN devem ser impactadas negativamente pelo desempenho em queda dos preços do minério de ferro no 1T24. Por fim, a Aura deve apresentar resultados positivos (apoiados por um sólido desempenho de produção no 1T24), com números ainda pressionados para a CBA (todos de olho na recente recuperação dos preços do alumínio, no entanto).
Papel e celulose: Com um forte (e inesperado) desempenho dos preços de celulose de +8% YTD, vemos um trimestre relativo melhor para as empresas expostas à celulose, com o atual ambiente de preços definindo um tom positivo para o 2T24. Dito isso, vemos a Suzano como destaque do setor, com a empresa também sendo beneficiada pela continuidade de um melhor desempenho de custos no 1T24. Do lado negativo, esperamos um trimestre marginalmente mais fraco para a Irani, impactado por preços de embalagens de papelão ondulado ligeiramente mais baixos e custos mais altos relacionados ao OCC.
O que ficar de olho? (i) Os efeitos potenciais dos estímulos governamentais relacionados à habitação nos indicadores macro chineses nos próximos meses e como isso se reflete na demanda por aço/preços do minério de ferro; (ii) preços do aço e rentabilidade das siderúrgicas na China; (iii) perspectivas de rentabilidade para as empresas de papel (especialmente na China); e (iv) possíveis novas interrupções no fornecimento de celulose.
Metais e Mineração:
Vale (VALE3):
Esperamos que a Vale registre um trimestre mais fraco no 1T24, com receita de US$ 8,3 bilhões -1% A/A e -36% T/T, refletindo principalmente: (i) menores preços realizados do minério de ferro (a US$ 98/t, – US$ 25/t T/T), dado o menor preço de referência do minério de ferro Fe 62% durante o trimestre; apesar de (ii) maiores volumes de minério de ferro (prevemos +12% A/A). Na linha EBITDA, prevemos US$ 2,8 bilhões (-58% T/T, -23% A/A), com margens -10 p.p. vs. 1T23 e apoiados por menores resultados em Soluções de Ferro (EBITDA de US$ 2,7 bilhões, -17% A/A). Também esperamos números mais fracos nas operações de Metais Básicos (EBITDA de US$ 328 milhões -43% A/A), principalmente devido a um desempenho fraco nas operações de Níquel, impactado por menores preços de níquel (-35% A/A) e volumes (-3% A/A), parcialmente compensados por um melhor desempenho na divisão de Cobre (EBITDA +42% A/A).
Gerdau (GGBR4):
Esperamos que a Gerdau apresente resultados decentes no 1T24, com receita de R$ 16,6 bilhões +13% T/T (-39% A/A) e EBITDA de ~R$ 2,6 bilhões +30% T/T (-39% A/A). Esperamos: (i) uma perspectiva pressionada para os volumes, dada a maior penetração do aço importado no Brasil, que (ii) também afetou os preços, apesar de (iii) um trimestre melhor na divisão América do Norte em termos de volumes e rentabilidade. Prevemos margens de 8,1% no BD Brasil (estável T/T), já que o melhor desempenho foi compensado por custos mais altos. Por outro lado, prevemos margens da América do Norte em 22,5% no 1T24, dados volumes sazonalmente maiores, melhores preços e custos mais baixos. Também esperamos que a divisão de Aços Especiais apresente melhores resultados (margem EBITDA de 18,3% vs. 13,2% no 4T23), dados melhores preços (+4% T/T) e volumes (+3% T/T).
CSN (CSNA3):
Esperamos que a CSN apresente resultados menores no 1T24, com receita de R$ 10,4 bilhões -13% T/T e -8% A/A e EBITDA de R$ 1,9 bilhão -41% A/A e -48% T/T. Esperamos: (i) que as operações de mineração da CSN impactem negativamente os resultados da CSN, impulsionadas por volumes sazonalmente menores e preços mais baixos; e (ii) desempenho de rentabilidade estável na divisão de aços da CSN em meio a um ambiente de precificação ainda desafiador (margem EBITDA de 6,1% no 1T24 vs. 5,9% no 4T23). Além disso, esperamos que as demais divisões da CSN apresentem números mistos, com melhores resultados na divisão Cimento (EBITDA +9% T/T), enquanto resultados menores nas operações de Logística (EBITDA -8% T/T).
CSN Mineração (CMIN3):
Esperamos que a CSN Mineração apresente resultados mais fracos no 1T24, com EBITDA de R$ 1,0 bi, -64% T/T (-50% A/A). Prevemos um melhor desempenho dos volumes A/A no 1T24, com crescimento de vendas estimadas em 5% A/A (-19% T/T) devido a um início mais seco deste ano (apesar dos volumes sazonalmente menores no 1T). No entanto, prevemos preços realizados de US$ 68/t, -26% T/T, impactando negativamente o desempenho da receita, devido ao impacto negativo dos preços provisórios. Além disso, esperamos que o COGS caixa unitário aumente 8% T/T, dada a menor produção impactando a diluição de custo fixo, portanto, uma margem EBITDA caindo 22 p.p. no 1T24 vs. 4T23.
Usiminas (USIM5):
Esperamos que a Usiminas apresente melhores resultados no 1T24, com EBITDA de R$ 479 milhões, alta de 81% A/A (e melhora sequencial). Prevemos volumes de aço em 1,0 milhão de toneladas para o 1T24 (+1% A/A), e um melhor desempenho de custos no 1T24 (em parte devido ao ramp-up do AF#3) impulsionando a melhoria sequencial da divisão de aço, com EBITDA atingindo R$ 308 milhões no 1T24 (de território negativo no 4T23). Por fim, esperamos resultados um pouco menores das operações de mineração, com EBITDA positivo de R$ 140 milhões.
CBA (CBAV3):
Esperamos que a CBA reporte resultados continuamente pressionados no 1T24, com EBITDA de R$ 81 milhões -21% T/T (-4% A/A) e margem EBITDA de 4,5% (-1 p.p. T/T). Para o alumínio, esperamos: (i) maiores volumes (+16% A/A), principalmente para produtos primários (+32% A/A), o que deve impactar negativamente nos prêmios; em meio a (ii) preços estáveis da LME e BRL estável T/T, resultando em um EBITDA de R$ 114 milhões (embora ainda em breve, os recentes aumentos nos preços do alumínio sugerem um 2T24 melhor em diante). Além disso, esperamos que as divisões de energia e níquel da CBA continuem afetando negativamente os resultados (EBITDA de -R$ 25 milhões e -R$ 8 milhões, respectivamente).
Aura (AURA33):
Esperamos que a Aura apresente fortes resultados no 1T24, com EBITDA de US$ 50 milhões +22% T/T (+36% A/A), explicado principalmente pelos melhores resultados nas operações da Almas. Em uma nota positiva, esperamos que a Almas registre EBITDA de US$ 13 milhões (aumento de US$ 8 milhões T/T), dados melhores volumes e menores custos dada a normalização das operações. Também esperamos que Aranzazu (EBITDA de US$ 18 milhões, estável T/T) e San Andres (EBITDA de US$ 16 milhões, +52% T/T) apresentem resultados decentes do 1T. Para o EPP, prevemos resultados ligeiramente mais fracos T/T, com EBITDA de US$ 7 milhões (-US$ 2 milhões T/T), impactado por volumes mais fracos.
Papel e Celulose:
Suzano (SUZB3):
Esperamos que a Suzano apresente resultados sólidos no 1T24, com EBITDA de R$ 4,7 bilhões +4% T/T (-24% A/A). Esperamos: (i) preços mais altos de celulose, que esperamos em ~USD 619/t (+9% T/T); (ii) volumes sazonalmente menores (-8% T/T), embora melhorando 3% A/A; e (iii) custos ligeiramente menores, com menor impacto das paradas de manutenção (-4% T/T). Para (i) celulose, prevemos EBITDA de R$ 4,1 bilhões (+8% T/T), com margens de 52,4% (ante 48,3% no 4T23); e (ii) para papel, esperamos EBITDA de R$ 0,6 bilhão (-17% T/T), com margens de 29,1% (ante 28,8% no 4T23), impactadas principalmente por menores volumes e parcialmente compensadas por menores custos.
Klabin (KLBN11):
Esperamos que a Klabin apresente resultados ligeiramente melhores no 1T24, com EBITDA atingindo R$ 1,7 bilhão (+5% T/T, -13% A/A) e margens de até 37,9% (vs. 36,0% no 4T23). Observamos que os números do 1T24 devem ser impactados por: (i) menores resultados na divisão de celulose (EBITDA -10% T/T), impulsionados por menores volumes (-12% T/T), apesar dos melhores preços realizados pela celulose de fibra curta (+5% T/T para o mercado externo); e (ii) melhores resultados na divisão de papel e embalagem (+2% T/T), impulsionados por maiores volumes de vendas de kraftliner (+6% T/T) e volumes de embalagens de papelão ondulado estáveis T/T; e (iii) custos ligeiramente menores. Para celulose, prevemos EBITDA de R$ 446 milhões e margem de 34,2%, enquanto para os negócios excl. celulose, projetamos EBITDA de R$ 1.248 milhões e margem de 34,9%.
Irani (RANI3):
Esperamos que a Irani apresente resultados um pouco mais fracos no 1T24, com EBITDA atingindo R$ 109 milhões (-3% T/T, -15% A/A), com margens de 28,8% (vs. 29,1% no 4T23). Destacamos: (i) melhores volumes de embalagens de papelão ondulado (+7% A/A, -8% T/T), dado o aumento do Gaia II e maiores volumes de vendas de papel flexível (+4% A/A, +4% T/T); (ii) preços ligeiramente mais baixos das embalagens de papelão ondulado (-3% T/T); e (iii) melhores resultados no segmento de resinas, dados maiores volumes de vendas (+55% T/T) e preços (+3% T/T). Sobre os custos, esperamos que os preços mais altos do OCC (+4% T/T) impactem negativamente o COGS/tonelada no 1T24.