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Cartão postal do Rio – XP CEO Conference | Petróleo e Gás

Na semana passada (14 e 15), realizamos a primeira edição da nossa XP CEO Conference no icônico Copacabana Palace, no Rio de Janeiro. Veja nossos comentários.

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Sentimento positivo, perspectiva promissora

Na semana passada (14 e 15), realizamos a primeira edição da nossa XP CEO Conference no icônico Copacabana Palace, no Rio de Janeiro. A conferência contou com a participação de mais de 80 executivos C-level, representando 77 empresas, em reuniões com mais de 400 investidores. De modo geral, notamos um sentimento mais positivo em comparação com outras conferências realizadas no início do ano, tanto por parte das empresas quanto dos investidores. No setor de petróleo e gás, todas as empresas presentes na conferência tiveram notícias positivas para compartilhar, cada uma com sua própria situação idiossincrática. A Petrobras transmitiu uma mensagem de continuidade; a Vibra está em uma tendência de margem positiva; a 3R está focada na integração das operações com a Enauta para extrair mais valor e reduzir a complexidade; e a PetroReconcavo está de volta a uma trajetória de crescimento da produção após superar desafios operacionais anteriores.

Petrobras: Continuidade e evolução. Os investidores que encontramos na conferência expressaram um sentimento mais positivo em relação à Petrobras após as reuniões. Compartilhamos desse otimismo. As três principais preocupações dos investidores com relação à tese de investimento são: (i) a política de preços, que parece relativamente apaziguada desde que a Petrobras aumentou os preços da gasolina; (ii) a alocação de capital, que também melhorou desde que a PBR reduziu seu orçamento de capex para o ano; e (iii) os dividendos, que se tornaram um interesse comum que alinha tanto os acionistas minoritários quanto o governo. Acreditamos que a PBR continuará com sua política de dividendos e, potencialmente, distribuirá o excesso de caixa em dividendos extraordinários.

Vibra: Em uma tendência positiva. As condições de mercado no segundo semestre de 2024 parecem mais favoráveis do que no primeiro semestre. Essa dinâmica é composta por ganhos estruturais que a equipe de gerenciamento da Vibra implementou para aumentar as margens e recapturar a participação de mercado. Os principais fatores para o crescimento futuro incluem o ramp-up da nova fábrica de lubrificantes, um mix de clientes de maior qualidade, novos canais de vendas e um mix maior de combustíveis premium. A Vibra pretende se estabelecer como uma plataforma capaz de atender às demandas dos clientes por energia limpa, com oportunidades em energias renováveis, biometano e SAF. Notavelmente, o negócio principal continua sendo o foco principal da alocação de capital.

3R: Integrar, capturar sinergias e reduzir a complexidade. As reuniões com a 3R se concentraram nas próximas etapas da empresa após a fusão com a Enauta. Embora a empresa ainda esteja desenvolvendo um plano de negócios para a entidade combinada, algumas diretrizes estão claras desde o início. A integração é um dos principais focos para a captura de sinergias. A empresa combinada tem um extenso portfólio e agora precisa extrair o máximo de valor possível dele e, ao mesmo tempo, reduzir a complexidade. Do ponto de vista operacional, as principais oportunidades de crescimento da produção estão em Atlanta, Papa Terra e Potiguar, com ganhos significativos esperados a partir de setembro.

PetroReconcavo: Foco na execução e na retomada do crescimento. As reuniões com a PetroReconcavo se concentraram no desempenho operacional e na alocação de capital. Um dos principais tópicos de discussão foi se a empresa conseguiria retomar o caminho para atingir a curva de produção usada na certificação de reserva após os contratempos no início do ano. A RECV de fato retomou o crescimento da produção, com uma sonda nova e mais avançada (PR 14) iniciando as operações no campo de Tiê. A empresa acredita que ainda é possível alcançar níveis de produção no final do ano semelhantes aos incorporados nos relatórios de certificação de reservas (ou seja, cerca de 30kbpd). Apesar dos contratempos operacionais anteriores, os resultados financeiros superaram as expectativas orçamentárias, e a RECV está gerando um fluxo de caixa livre significativo. Acreditamos que isso provavelmente se traduzirá em distribuições adicionais de dividendos no segundo semestre.

Petrobras (PETR4/PBR)

Sentimento positivo. Os investidores que encontramos na conferência saíram da reunião com a Petrobras com um sentimento mais positivo em relação à tese de investimento. Nós também. Embora tenha havido mudanças na alta administração, acreditamos que a governança da Petrobras continua forte. Acreditamos que a empresa continuará a tomar decisões diligentes de alocação de capital e a se concentrar no upstream. As exigências de capital de outros segmentos provavelmente serão menos importantes do que o mercado pode ter presumido inicialmente. Os acionistas minoritários e o governo parecem alinhados em seu interesse na distribuição de dividendos. 

Reposição de reservas. Uma mensagem clara desde que a Sra. Chambriard assumiu o comando da Petrobras é que a empresa deve repor as reservas olhando além do desenvolvimento do pré-sal. O objetivo é evitar o pico de produção no início da década de 2030. Para conseguir isso, a empresa deve investir agora em exploração. A Petrobras não pretende adquirir barris pagando o valor total pelas reservas descobertas, mas sim gerar valor com sua experiência em águas profundas. A Petrobras vê oportunidades potenciais na Margem Equatorial, na Bacia de Pelotas e na África Ocidental.

Menor capex, mas não às custas da produção. A revisão para baixo do capex da empresa para 2024 foi uma grande surpresa na divulgação do 2T24 da PBR. A principal mensagem aqui não é que a Petrobras reduziu os investimentos, mas que a previsão de capex é agora mais realista. A empresa não espera que essa revisão do capex tenha um impacto material na curva de produção. Em vez disso, a empresa acredita que pode melhorar seu processo de previsão de investimentos, uma vez que a PBR vem apresentando um desempenho inferior ao do capex orçado há vários anos. Parte da revisão se deve ao fato de a nova previsão incorporar o risco de execução, de forma semelhante ao que a curva de produção já faz. Outros fatores que impulsionam a revisão incluem uma maior eficiência do capex, alguns atrasos e alguma incompatibilidade entre a execução física e os desembolsos de caixa. Esperamos uma curva de capex mais bem distribuída (embora crescente) no próximo plano de negócios – o que provavelmente eliminaria o pico de desembolso de capex em 2025.

Alocação diligente de capital, dividendos contínuos. Outra conclusão importante das reuniões e dos resultados recentes é que os acionistas minoritários e o acionista controlador (o Governo) parecem alinhados em seu interesse de receber dividendos. Em nossa opinião, a Petrobras está atenta a esses interesses e pretende continuar a distribuir qualquer geração de caixa que exceda o necessário para financiar seu plano de investimentos. A PBR continuará a distribuir dividendos trimestrais com base na política de 45%*(OFC – capex). Acreditamos que há espaço para um possível dividendo extraordinário antes do final do ano. Em nossa opinião, novembro poderia ser um momento natural, já que a empresa terá mais informações sobre o volume de investimentos em seu novo plano de negócios. As fusões e aquisições poderiam reduzir o caixa disponível para dividendos, mas não acreditamos que os negócios atuais sejam muito relevantes. A PBR declarou que a recompra da RLAM não é uma prioridade, e acreditamos que a empresa não está disposta a pagar a mais pelo ativo.

Vibra Energia (VBBR3)

O setor está em uma tendência positiva. As condições de mercado no segundo semestre de 2024 parecem mais favoráveis do que no primeiro semestre. Em nossa opinião, o segundo semestre será beneficiado por fatores como (i) o fim do regime tributário especial no Amapá; (ii) a retirada da licença de operação de um player que foi considerado inadimplente em relação ao pagamento integral de impostos; e (iii) estoques mais baixos no setor, devido ao fato de a Petrobras ter praticado preços de combustíveis abaixo da paridade em determinados momentos.

Ganhos estruturais da Vibra. A Vibra argumenta que também implementou uma extensa agenda de ganhos estruturais que vão além da demanda mais positiva do setor. Ela implementou medidas para aumentar as margens e recuperar a participação no mercado. Os principais fatores para o crescimento futuro incluem a aceleração da nova fábrica de lubrificantes, um mix de clientes de maior qualidade, novos canais de vendas e um mix maior de combustíveis premium. Em termos de volume, a empresa vê oportunidades em postos de gasolina, principalmente na rede de marca, mas também em alguns postos sem marca. No segmento de atacado, a Vibra vê espaço para vendas cruzadas significativas em sua base de clientes B2B e algum espaço para recuperar o volume em TRR.

Alocação de capital e renováveis. A Vibra pretende se estabelecer como uma plataforma capaz de atender às demandas dos clientes por energia limpa, com oportunidades em energias renováveis, biometano e SAF. No entanto, além da participação remanescente na Comerc, a maior parte da nova alocação de capital deve permanecer focada no negócio principal, já que o mercado de combustíveis líquidos e lubrificantes ainda deve crescer por muitos anos. A manutenção de um balanço patrimonial saudável é uma prioridade, mas, dada a forte geração de caixa esperada, pode haver capital disponível para distribuições adicionais. A Vibra reiterou sua política de dividendos de 40% do lucro líquido e lembrou os investidores de seu programa de recompra recentemente anunciado no valor de R$ 1,2 bilhão (c.4% do mkt cap).

3R Petroleum (RRRP3)

Integrar, capturar sinergias. As reuniões com a 3R se concentraram nas próximas etapas da empresa após a fusão com a Enauta. Embora a empresa ainda esteja desenvolvendo um plano de negócios para a entidade combinada, algumas diretrizes estão claras desde o início. A integração é claramente um dos principais focos para a captura de sinergias. Essas sinergias devem vir de quatro áreas principais: (i) alocação de capital, como gestão de passivos e monetização da estrutura fiscal; (ii) custos operacionais, como logística, seguros e outras redundâncias; (iii) capex, como otimização de campanhas de perfuração offshore; e (iv) comercial, como a obtenção de melhores prêmios para exportação de petróleo.

Vantagens da produção. Do ponto de vista operacional, as principais oportunidades de crescimento da produção estão em Atlanta, Papa Terra e Potiguar, com ganhos significativos esperados a partir de setembro. Atlanta e Papa Terra, em nossa opinião, têm o potencial de produzir cerca de 70kbpd combinados no final do 1T25, uma vez que a empresa consiga (i) iniciar o FPSO Atlanta, (ii) terminar a manutenção de Papa Terra, (iii) conectar novos poços em Papa Terra (poços PPT 51 e 52). Há também vantagens significativas em Potiguar.

Reduzir a complexidade. A empresa combinada tem um extenso portfólio e agora precisa extrair o máximo de valor possível dele e, ao mesmo tempo, reduzir a complexidade. A 3R buscará otimizações em suas UPGNs (por exemplo, o MoU com a RECV), midstream/downstream e ativos com acumulações marginais. Ainda há oportunidades de fusões e aquisições no mercado, mas o foco da empresa agora é principalmente interno.

PetroReconcavo (RECV3)

Retomada do crescimento. As reuniões com a PetroReconcavo se concentraram no desempenho operacional e na alocação de capital. Um dos principais tópicos de discussão foi se a empresa poderia voltar ao caminho certo para atingir a curva de produção usada na certificação de reserva após os contratempos no início do ano. A RECV de fato retomou o crescimento da produção, com uma sonda nova e mais avançada (PR-14) iniciando as operações no campo de Tiê. A empresa acredita que ainda é possível atingir níveis de produção no final do ano semelhantes aos incorporados nos relatórios de certificação de reserva (ou seja, cerca de 30kbpd).

Alocação de capital: espaço para dividendos adicionais. Apesar dos contratempos operacionais anteriores, os resultados financeiros superaram as expectativas orçamentárias, e a RECV está gerando um fluxo de caixa livre significativo. Acreditamos que isso provavelmente se traduzirá em distribuições adicionais de dividendos no segundo semestre.

Visita de campo aos ativos da Bahia

Na semana passada, participamos de uma visita de dois dias a alguns dos ativos da RECV na Bahia. Aproveitamos esta oportunidade para compartilhar nossas principais conclusões do evento:

PR-14 agora totalmente operacional: Conforme mencionado anteriormente, a sonda PR-14 começou a perfurar um poço de injeção no campo de Tiê. Por ser um equipamento novo, a PR-14 está se concentrando atualmente em tarefas menos arriscadas e complexas. À medida que a equipe navega nessa curva de aprendizado, espera-se que o processo de perfuração se torne cada vez mais eficiente e rápido. Após a conclusão dessa perfuração, a sonda fará a transição para outro poço localizado a poucos metros de distância, que é um poço de produção com um perfil de profundidade semelhante.

O próximo destino foi a UTG São Roque. A empresa obteve recentemente autorização para operar essa unidade, que aumentará significativamente a capacidade de processamento de gás natural (em até 400 km³/d) e reduzirá os custos. O ativo é altamente otimizado e estrategicamente localizado, centralizando a produção da região e se beneficiando de sua proximidade com os principais participantes, conectando efetivamente diferentes elos da cadeia de suprimentos.

Juntamente com a visita, alguns debates foram revisitados com a equipe de gerenciamento do RECV:

Por que a produção não cresceu como esperado? A gerência do RECV enfatizou sua confiança em ter os melhores ativos e capacidades de execução. No entanto, eles identificaram três pilares críticos para o sucesso: (i) execução, (ii) tratamento e escoamento (iii) comercialização. Em períodos recentes, enquanto um pilar funcionou perfeitamente, outro falhou.

Por que alocar sondas a terceiros quando há tanto trabalho interno a ser feito? Na visão da gerência da RECV, a RSO ajuda a RECV a consolidar sua posição como operadora, expandindo futuras oportunidades de farm-in e farm-out, bem como possíveis fusões e aquisições. Essa alocação não interfere em seu programa de perfuração, e a empresa espera ter uma de suas sondas de volta em breve para ajudar nas tarefas internas. O objetivo é aprimorar o workover e juntar-se à perfuração como uma vantagem de produção.

O gás como uma grande oportunidade. A RECV reforça sua visão do mercado de gás como uma oportunidade estratégica, dada a significativa demanda reprimida do Brasil e os reservatórios de gás inexplorados em campos maduros. Embora esses reservatórios tenham sido ignorados anteriormente devido a taxas de retorno mais baixas e custos mais altos, a PetroReconcavo vê o gás como competitivo e estratégico. Essa abordagem destaca o potencial do RECV para explorar reservas mais profundas, otimizar a infraestrutura de midstream, reduzir custos e expandir a capacidade.

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