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Setor de serviços continuou como protagonista da atividade no 2º trimestre

Consumo das famílias continua a impulsionar serviços; a indústria e o comércio dão sinais de arrefecimento

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A atividade econômica apresentou sinais mistos em junho. O setor de serviços cresceu novamente acima do esperado e manteve o papel protagonista, refletindo a expansão do consumo das famílias. O aumento da renda disponível (emprego em alta + estímulos fiscais) combinado a benefícios remanescentes da maior mobilidade vêm sustentando a demanda interna no curto prazo. Pelo lado menos encorajador, continuamos a observar perda de fôlego em segmentos do comércio e da indústria.

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) – proxy mensal do PIB –cresceu 0,7% entre maio e junho, após ajuste sazonal. Em comparação a junho de 2021, o IBC-Br registrou expansão de 3,1%. Com isso, o indicador avançou 0,6% no 2º trimestre ante o 1º trimestre de 2022 (elevação de 3,0% versus o 2º trimestre de 2021). Projetamos que a economia brasileira crescerá 2,2% em 2022, com viés de alta, devido sobretudo às surpresas positivas com resultados recentes do mercado de trabalho.

Mercado de trabalho

O mercado de trabalho melhorou adicionalmente em junho: a taxa de desemprego recuou de 9,8% no trimestre móvel encerrado em maio para 9,3% no trimestre móvel até junho, segundo dados da PNAD Contínua do IBGE. Considerando a estimativa mensalizada dessazonalizada (método próprio), a taxa de desocupação chegou a 8,9% em junho, menor patamar desde meados de 2015.

A população ocupada total cresceu 0,8% entre maio e junho (chegando a 98,7 milhões), o 15º aumento consecutivo na margem. Enquanto isso, a População Economicamente Ativa (PEA), que representa a força de trabalho, avançou 0,3% no mesmo período (totalizando 108,6 milhões). Com isso, a população ocupada e a força de trabalho situaram-se, em junho deste ano, cerca de 4,0% e 0,7% acima dos patamares registrados antes da eclosão da crise da Covid-19, respectivamente (fev/20 como referência).

As categorias de emprego informal expandiram 0,7% em junho, puxadas pela reabertura econômica e sólida recuperação da atividade doméstica. Estimamos que a população empregada sem carteira assinada totalizou 42,1 milhões, contra cerca de 40,7 milhões no início de 2020. Por sua vez, o nível de emprego formal cresceu 0,9% em junho, em linha com a surpreendente geração de vagas apresentada pelo CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério da Economia. Os empregos formais somaram 56,6 milhões no mês, incremento de 1,9 milhão em relação ao início de 2020.

Enquanto isso, o rendimento real médio subiu 0,5% em junho ante maio. Isto posto, o indicador ainda está rodando cerca de 6,5% abaixo dos níveis registrados antes da crise do coronavírus, como reflexo da inflação persistentemente alta e dos menores salários reais de admissão. Por sua vez, a massa de rendimento real – combina rendimento médio com população ocupada – cresceu 1,4% em junho. A variável situa-se cerca de 6,5% abaixo dos níveis observados antes da crise de saúde pública. Porém, reiteramos que o conceito de “massa de renda ampliada disponível” (mais abrangente do que o indicador de massa de renda do trabalho) subiu fortemente no período recente, dando fôlego de curto prazo para a atividade, em linha com as maiores transferências do novo programa social do governo (Auxílio-Brasil) e medidas de estímulo fiscal recentemente adotadas, tais como a liberação de saques extraordinários do FGTS e a antecipação do 13º salário de aposentados e pensionistas do INSS. Publicamos o relatório XP Macro Especial: Monitorando o ritmo de crescimento do consumo, no qual exploramos as tendências para renda e consumo.

Serviços

A receita real do setor de serviços cresceu 0,7% entre maio e junho, surpreendendo positivamente as projeções do mercado. Em relação a junho de 2021, houve avanço de 6,3%.

Os resultados desagregados da Pesquisa Mensal do Serviços emitiram sinais positivos, já que quatro entre os cinco grupos pesquisados pelo IBGE avançaram na comparação mensal. Apenas o grupo de Serviços de Informação e Comunicação recuou no período. Mais uma vez, os Serviços Prestados às Famílias foram o destaque positivo do mês, com o quarto aumento consecutivo. Estes serviços têm sido impulsionados pela normalização do padrão de consumo das famílias em meio à maior circulação de pessoas.

O índice geral do setor de serviços situa-se 7,5% acima do nível pré-pandemia. Olhando para os dados desagregados, entretanto, continuamos a ver números mistos neste tipo de comparação. Por exemplo, o grupo de Serviços Prestados às Famílias ainda mostra receitas reais cerca de 6% abaixo dos números vistos pouco antes da eclosão da pandemia de Covid-19, enquanto o grupo de Serviços de Transporte e Armazenamento está rodando cerca de 17% acima daquela referência.

O aquecimento do setor sustenta preocupações acerca da dinâmica da inflação de serviços. As últimas divulgações do IPCA, por exemplo, mostraram preços de serviços bastante pressionados (e com altas disseminadas entre os itens). Para o próximo ano, revisamos para cima nossa projeção de IPCA, de 5,0% para 5,5%, devido às pressões em serviços e bens administrados. Confira o relatório XP Macro Especial: Preços administrados voltam a subir em 2023 para mais detalhes.

Comércio Varejista

As vendas no comércio varejista ampliado (incluem automóveis e materiais de construção) despencaram 2,3% entre maio e junho (e 3,1% na comparação entre jun/22 e jun/21). Enquanto isso, as vendas no varejo restrito (excluem automóveis e materiais de construção) caíram 1,4% na margem e 0,3% em relação ao mesmo mês do ano passado. No 2º trimestre de 2022, o varejo restrito teve alta de 1,1%, enquanto o conceito ampliado encolheu 1,4% frente ao trimestre imediatamente anterior.

Embora as últimas divulgações mensais tenham exibido claramente um menor impulso no consumo de bens, não prevemos uma tendência de queda nas vendas totais do varejo brasileiro no curto prazo. A massa de renda real disponível às famílias deverá permanecer em patamares elevados nos próximos meses, tendo em vista os estímulos fiscais adicionais trazidos pela “Emenda Constitucional do Benefício Social” (EC 123/22). Segundo nossos cálculos, tal conceito de renda real crescerá 5,7% em 2022. Dito isso, os bens mais sensíveis ao crédito devem continuar em rota de esfriamento.

Indústria

A produção industrial recuou 0,4% entre maio e junho, interrompendo uma sequência de quatro avanços mensais consecutivos. Esta leitura negativa não foi suficiente para impedir o avanço de 0,9% entre o 1º e o 2º trimestres de 2022. Em comparação a junho de 2021, o volume produzido na indústria caiu 0,5%. O setor está 1,5% abaixo dos níveis pré-pandemia.

Os resultados da atividade manufatureira em junho apresentaram sinais heterogêneos entre as principais categorias. Por um lado, a produção de Bens de Consumo Duráveis ​​saltou 6,4% ante maio, após aumento de 4,1% na divulgação anterior. Como resultado, a categoria registrou expansão de 5,7% no 2º trimestre (sucedendo a retração de 2,2% no 1º trimestre), embora continue rodando cerca de 15,5% aquém dos níveis registrados antes da pandemia. Todas as outras categorias recuaram na base mensal.

Esperamos que a indústria brasileira cresça 0,6% em 2022, com recuperação gradativa ao longo deste ano, ainda que algumas atividades fabris continuem a enfrentar gargalos nas cadeias de suprimentos. Dito isso, o pior em relação às restrições de oferta aparentemente ficou para trás, como apontam os índices de inflação no atacado (IPA) da FGV e índices globais de pressões sobre cadeias de suprimentos.

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