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Prévia da temporada de resultados do 2º trimestre de 2024 nos EUA: Altas expectativas, talvez altas demais

Confira nossa análise sobre as expectativas para os resultados das empresas dos Estados Unidos

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A partir do dia 12 de julho, a temporada de resultados do segundo trimestre de 2024 nos Estados Unidos começa a ganhar força. O período, como de costume, iniciará com os grandes bancos divulgando os seus balanços. Em termos de projeções, o consenso espera que o lucro por ação do S&P 500 apresente alta de 8,6% A/A. A temporada ganha tração na semana do dia 22/07, quando cerca de 29% da capitalização de mercado do S&P 500 reportará seus resultados.

S&P 500 – O que esperar da temporada? Sinais da Economia

Após um número bem abaixo do consenso de mercado para o PIB dos EUA no 1º trimestre de 2024 (+1,4% ante estimativa de +2,0%), o mercado estima que a economia americana tenha apresentado uma leve recuperação para +2,0% no período de abril a junho, seguido de uma desaceleração, para +1,6%, nos últimos 2 trimestres de 2024.

Apesar de haver uma grande discrepância entre as estimativas (que vão de +0,2% a +3,7%) vemos uma economia americana numa tendência de desaceleração, conforme os efeitos cumulativos das taxas de juros mais elevadas vão surtindo efeitos nos investimentos e no consumo.

Além disso, o mercado tem sido constantemente surpreendido negativamente com os dados econômicos recentes, com o índice de surpresas econômicas, medido pelo Citibank, rodando abaixo de 0 (indicando que a média das divulgações tem vindo abaixo do esperado) desde o início de maio, em patamar semelhante a meados de 2022, período no qual os lucros do S&P 500 estavam contraindo.

Longe de ser o único fator que determina o crescimento de lucros das empresas, julgamos fundamental acompanhar os dados de atividade econômica para balizar nossas expectativas. Além disso, o índice de surpresas econômicas também tende a ser um bom indicador da magnitude das surpresas da temporada de resultados.

Quando juntamos uma economia americana em rota de desaceleração e que tem, constantemente, reportado números aquém das estimativas dos economistas, nossa leitura é de que o cenário macroeconômico será marginalmente negativo para os resultados corporativos.

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S&P 500 – O que esperar da temporada? Sinais do Mercado

Como sempre pontuamos aqui, é bastante comum que haja um ajuste baixista das previsões dos resultados das empresas ao longo do trimestre. Conforme as próprias empresas se mostram mais conservadoras em suas previsões, contendo o “animo” do mercado, aumentam as chances de que surpreendam positivamente (underpromise, overdeliver!). Dados do Factset mostram que, nos últimos 20 anos, a média de revisão de lucros agregados ao longo do trimestre é de -4,0%.

Porém, neste 2º trimestre de 2024, vimos uma revisão muito modesta nos números dos analistas. Após várias temporadas consecutivas de grandes surpresas positivas, nos parece que o mercado está mais “otimista” e relutante em revisar os números para baixo. Desde o início de abril, primeiro mês do trimestre fiscal, vimos uma queda de apenas -0,8% no lucro por ação estimado para o S&P 500.

Na ausência de revisões negativas relevantes, as expectativas de crescimento do lucro por ação do S&P 500 estão em +8,6%. Caso confirmado, este será o quarto trimestre consecutivo de crescimento de lucros, após a queda no 2º trimestre de 2023, e o maior número desde o 4º trimestre de 2021.

Mantendo a tendência dos últimos 5 trimestres, a grande contribuição para o crescimento dos lucros do S&P 500 são as grandes empresas ligadas a tecnologia, as chamadas Big Techs (Alphabet, Amazon, Apple, Meta, Microsoft, Netflix, Nvidia e Tesla). Porém, sua margem de contribuição para o crescimento total tem diminuído e, caso as projeções se concretizem, dos +8,6% de crescimento esperado para o índice apenas 4,7 pontos percentuais virão dessas 8 empresas. Por outro lado, as outras 492 empresas tendem a encerrar um ciclo de 5 trimestres de contribuição negativa e têm a expectativa de contribuir com 3,9 pontos percentuais para o agregado.

Além disso, vale notar que as expectativas para os dois trimestres restantes de 2024 estão bastante elevadas (+8,2% e +17,3%), levando a previsão do lucro por ação do S&P 500 de 2024 para US$ 242,39 o que representaria um crescimento de 11,4% em relação a 2023. Já as previsões para 2025 são ainda mais otimistas, mostrando um crescimento de +14,5%. Com tamanho otimismo embutido nas estimativas, informações sobre guidances e comentários dos diretores das empresas nas conferências com analistas têm alto potencial de gerar volatilidade nas ações.

S&P 500 – O que esperar da temporada? Nossa expectativa

Embora o crescimento da economia dos EUA siga positivo, julgamos que o cenário macroeconômico não sugere uma temporada de lucros muito forte devido a combinação de: i) surpresas negativas nos dados de atividade; ii) trajetória de desaceleração do crescimento do PIB; iii) efeitos negativos cumulativos dos juros altos nos investimentos, no consumo e na lucratividade das empresas e; iv) inflação desacelerando e, consequentemente, diminuindo a capacidade das companhias em repassar preços.

Além disso, as expectativas do mercado com relação ao crescimento dos lucros estão bastante elevadas. Com uma projeção de +8,6% de crescimento (o maior desde o 4º trimestre de 2021) e uma revisão intra-trimestral de apenas -0,8% (ante uma média de -4,0%) entendemos que há uma “barra alta” para surpresas positivas nessa temporada.

Por fim, o descasamento entre as previsões econômicas (que mostram desaceleração do PIB e da inflação para os próximos trimestres) e as expectativas de forte crescimento de lucros (+8,2% e +17,3% no 3º e 4º trimestres) tornam os guidances e comentários dos diretores das empresas quanto às perspectivas para o 2º semestre de 2024 ainda mais importantes que os números do 2º trimestre em si. Especialmente porque o S&P 500 negocia num múltiplo preço/lucro bastante elevado (cerca de 22x) e não deixa margem para decepções.

S&P 500 – Detalhamento Setorial

Em termos setoriais, 8 dos 11 setores do S&P 500 têm projeções de crescimento de lucros, enquanto 9 dos 11 projetam crescimento de receitas.

Os grandes destaques positivos são:

Tecnologia: Receita +9,3% | Lucro +15,7%. Mais uma vez, o subsetor de semicondutores tem perspectivas de alto crescimento de lucros com Nvidia (+131%), Broadcom (+29,6%), e Micron (revertendo de prejuízo no ano anterior para lucro).
Comunicações: Receita +7,3% | Lucro +18,7%. Impulsionado pelo alto crescimento dos lucros das Big Techs: Meta Platforms (+56%), Alphabet (+26%) e Netflix (+39%).
Saúde: Receita +5,7% | Lucro +16,9%. Contribuições positivas de Gilead (+19%) e Merck (revertendo de prejuízo no ano anterior para lucro).

Já do lado negativo, temos:

Materiais Básicos: Receita -1,9% | Lucro -10,7%. Contribuições negativas das siderúrgicas Nucor (-61%) e Steel Dynamics (-48%).
-Industrial: Receita -0,1% | Lucro -3,5%. Contribuições negativas de fabricante de maquinário Deere (-46%) e das companhias aéreas: Delta (-12% – já reportou), American Airlines (-44%), Southwest (-53%) e United (-20%).

Principais empresas por setor

Tecnologia

Comunicação

Consumo Discricionário

Bens de Consumo

Saúde

Financeiro

Materiais Básicos

Utilidades Públicas

Industrial

Energia

Imobiliário

Calendário de resultados

Confira aqui o calendário completo da temporada de resultados do segundo trimestre de 2024. Iremos fazer o acompanhamento semanal no nosso Top 5 Temas Globais da Semana.

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