XP Expert

Economia em Destaque: Elevamos projeção de taxa Selic para 10,50% em 2024

Seu resumo semanal de economia no Brasil e no mundo

Compartilhar:

  • Compartilhar no Facebook
  • Compartilhar no Twitter
  • Compartilhar no Whatsapp
  • Compartilhar no LinkedIn
  • Compartilhar via E-mail

Resumo

Nos Estados Unidos, o principal relatório sobre mercado de trabalho trouxe dados fortes. Com isso, as taxas de juros dos títulos do Tesouro americano voltaram a subir.

Na Europa, o banco central (BCE) reduziu as taxas de juros de referência em 0,25 p.p. após deixá-las inalteradas por cinco reuniões consecutivas. No comunicado que acompanhou a decisão, o BCE manteve a abordagem “dependente de dados” e de avaliação “reunião a reunião”.

No Brasil, alteramos nossa projeção de taxa Selic de 10,00% para 10,50% em 2024. Além disso, o PIB surpreendeu para cima no 1º trimestre de 2024, impulsionado pelo forte consumo das famílias e retomada dos investimentos.

Com relação ao cenário fiscal, o governo anunciou medidas que limitam o uso de créditos do PIS/Cofins para compensar a desoneração da folha de pagamentos de 17 setores e municípios.

Cenário internacional

Dados do mercado de trabalho nos Estados Unidos surpreenderam para cima

O principal relatório sobre o mercado de trabalho dos EUA (Nonfarm Payroll) mostrou criação líquida de 272 mil vagas de emprego em maio, bem acima da expectativa de 180 mil. Os números de março e abril foram revisados para baixo, compensando timidamente a surpresa positiva. O dado reforça que o banco central americano (Fed) não deve ter pressa para reduzir as taxas de juros, embora ainda consideremos que os dados do Payroll seguem mostrando reequilíbrio gradual do mercado de trabalho. A taxa de desemprego aumentou de 3,9% para 4,0% e o salário médio por hora subiu de 3,92% para 4,08% na variação acumulada em 12 meses – acima do nível compatível com a inflação dentro da meta de 2%.

O mercado reagiu negativamente aos dados do Payroll: os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de 2 anos subiram cerca de 0,15 p.p.. Os próximos dados de atividade e inflação de maio devem manter o mercado dividido entre um primeiro corte na taxa de juros em setembro ou dezembro, sendo provável que as expectativas permaneçam voláteis e sensíveis às divulgações prospectivas.

Acreditamos que o Fed reduzirá os juros pela primeira vez em dezembro. Considerando a situação atual da economia, achamos que o risco de um corte nos juros muito cedo supera o risco de um corte muito tarde, especialmente porque o primeiro poderia prejudicar a credibilidade do Fed para atingir a meta de 2%. 

Banco Central Europeu iniciou o ciclo de corte de juros

Conforme amplamente esperado, o Banco Central Europeu (BCE) reduziu suas três taxas de juros de referência em 0,25 p.p., iniciando o ciclo de flexibilização monetária. O BCE havia subido juros pela última vez em setembro de 2023, mantendo-os neste patamar durante cinco reuniões. A decisão anunciada foi quase unânime, com apenas um membro votando contra a diminuição de juros. A taxa de refinanciamento recuou para 4,25%, a de empréstimo, para 4,50% e a de depósito, para 3,75%.

No comunicado que acompanhou a decisão, o BCE manteve a abordagem “dependente de dados” e de avaliação “reunião a reunião”. Na conferência de imprensa, a Presidente do BCE, Christine Lagarde, destacou os avanços no processo de desinflação como justificativa à decisão de queda de juros. O banco central não se comprometeu com qualquer trajetória para as taxas básicas nas próximas reuniões.

Prevemos redução em 0,25 p.p. nas reuniões de setembro (pulando julho) e dezembro (pulando outubro). Os próximos cortes de juros dependerão, em grande parte, da inflação de serviços, dinâmica dos salários e política monetária do Fed.

Clique aqui para receber por e-mail os conteúdos de economia da XP

Enquanto isso, no Brasil…

Alteramos nossa projeção de taxa Selic para 10,50% em 2024

Em nosso relatório Brasil Macro Mensal de junho, destacamos que os desafios da política monetária aumentaram com a elevação das expectativas de inflação. Acreditamos que o Copom fará uma pausa em seu ciclo de flexibilização na próxima reunião, mantendo a taxa Selic em 10,50%. Considerando o nível de incertezas acima do usual, projetamos, por ora, taxa Selic estável até o final de 2025. Também sob forte incerteza, mantivemos nossa projeção para a taxa de câmbio em R$/US$ 5,00 no final de 2024 e R$/US$ 5,15 no final de 2025. Além disso, mantivemos nossas projeções de crescimento do PIB em 2,2% este ano e 1,7% no ano que vem. No entanto, reconhecemos maiores incertezas no curto prazo, com fatores de alta e de baixa. Também esperamos que a inflação de curto prazo permaneça bem-comportada em meio à deterioração das expectativas, às incertezas sobre o Rio Grande do Sul e ao mercado de trabalho apertado. Prevemos IPCA de 3,7% em 2024 e 4,0% em 2025, sem alterações em relação ao relatório anterior. Por fim, revisamos nossa projeção de déficit do governo central em 2024, de 0,6% para 0,5% do PIB, devido a revisões nas medidas de aumento de receita.  

Para detalhes, leia o relatório completo “Brasil Macro Mensal – Copom: pausa para reavaliação”.

PIB surpreende para cima no 1º trimestre de 2024

O PIB do Brasil cresceu 0,8% no primeiro trimestre de 2024 ante o quarto trimestre de 2023. Pelo lado da demanda, a alta foi impulsionada principalmente pelo forte consumo das famílias e pela retomada dos investimentos em ativos fixos; sob a ótica da oferta, destaque para o sólido desempenho dos setores de serviços e agropecuária. Olhando adiante, prevemos ritmo de crescimento mais moderado. Entre os fatores explicativos, destacamos: (i) os impactos da tragédia climática no Rio Grande do Sul; (ii) o menor impulso fiscal; e (iii) manutenção dos juros em patamar restritivo. Assim, projetamos que o PIB do Brasil crescerá 2,2% em 2024 e 1,7% em 2025.

Para informações adicionais, leia o relatório completo “PIB do primeiro trimestre de 2024: Um bom começo para um ano de incertezas”.

Governo anuncia limitação do uso de PIS/Cofins para compensar a desoneração da folha de 17 setores e municípios

O governo anunciou as principais linhas da medida para compensar a desoneração da folha de 17 setores e dos municípios, que juntos têm estimativa de impacto de R$ 26,3 bilhões. Para tanto, o governo propôs duas medidas principais: i) créditos presumidos não podem mais ser ressarcidos, com impacto de R$ 11,7 bilhões; e ii) limitação da compensação cruzada de créditos de PIS/Cofins, com impacto estimado de R$ 17,5 bilhões. No total, as medidas de compensação atingem R$ 29,2 bilhões.

Avaliamos que haverá forte resistência em relação à restrição do ressarcimento pelos setores que se beneficiam de créditos presumidos. É possível que os efeitos da Medida Provisória, se aprovada, sejam diluídos. Por outro lado, a restrição ao uso de créditos de PIS/Cofins para compensação pode de fato impactar as projeções de resultado primário neste ano, embora tenha efeitos neutros sobre a arrecadação dos anos seguintes. Desta forma, nossa projeção de déficit de R$ 60,5 bilhões (0,5% do PIB) para este ano passa a ter viés de baixa (déficit menor), mas vamos esperar a tramitação do projeto para revisar a estimativa. Para 2025 em diante, as projeções podem piorar, a depender da do volume de crédito que ficar represado para os próximos anos.

Para mais informações, leia o relatório completo “Restrição à compensação e ressarcimento de PIS/Cofins pode ter efeitos positivos na arrecadação deste ano, mas efeitos de médio prazo são incertos

Diretor do BC reconhece a necessidade de a política monetária reagir à alta das expectativas

O Diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, reconheceu ontem que o processo de desancoragem das expectativas inflacionárias, que se intensificou desde maio, coloca a autoridade em posição mais complicada para a condução da política monetária adiante. Segundo Galípolo, “não cabe ao BC explicar as razões. A nossa função é reagir, ainda que não se consiga estabelecer de maneira clara e objetiva os motivos”. O dirigente reforçou que a função do Copom é colocar a taxa de juros em patamar restritivo o suficiente para provocar a convergência da inflação à meta. Além disso, Galípolo, que votou contra a maioria no último Copom, afirmou: “Vejo muito valor no consenso. Não só agora, mas em qualquer momento. É mais difícil errar em nove pessoas do que errar sozinho”. Conforme destacado acima, prevemos manutenção da taxa Selic (em 10,50%) na próxima decisão do Copom.  

Produção industrial recua em abril, mas abertura setorial traz boas notícias

A produção industrial caiu 0,5% em abril ante março, em linha com as expectativas. No entanto, em nossa opinião, a abertura setorial foi relativamente positiva. A indústria extrativa contraiu em abril, parcialmente explicada pelos elevados estoques de minério de ferro, embora acreditemos que ela voltará a crescer nos próximos meses. Por outro lado, a categoria de bens de capital foi o destaque, com crescimento de 3,5% com relação a março e 4,7% no acumulado do ano até abril. A recuperação na produção de caminhões e a melhora nas condições de crédito para aquisição de veículos contribuíram significativamente para essa dinâmica. Projetamos que a indústria total crescerá 2,5% em 2024.

Gráfico da Semana

Clique aqui para receber por e-mail os conteúdos de economia da XP

O que esperar da semana que vem

No cenário internacional, as atenções se voltarão à decisão de política monetária dos Estados Unidos, na 4ª-feira. Projetamos manutenção das taxas de juros nesta reunião, com início do ciclo de cortes apenas em dezembro. A inflação acima da meta exige uma abordagem cautelosa por parte do banco central, tornando a última reunião do ano o momento mais apropriado para começar o ciclo de flexibilização. Também teremos dados de inflação ao consumidor na China (3ª-feira) e nos Estados Unidos – inflação medida pelo CPI (4ª-feira).

No Brasil, destacamos a divulgação do IPCA de maio na 3ª-feira, a primeira leitura que capturará os efeitos das enchentes no Rio Grande do Sul sobre a inflação. Do lado da atividade econômica, o IBGE divulgará a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) de abril na 4ª-feira e a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do mesmo mês na 5ª-feira. Por fim, o IBC-Br, a proxy mensal do PIB, será publicado na 6ª-feira. Esperamos altas mensais para as três divulgações. Veja as nossas projeções abaixo.

XPInc CTA

Se você ainda não tem conta na XP Investimentos, abra a sua!

XP Expert

Avaliação

O quão foi útil este conteúdo pra você?


Newsletter
Newsletter

Gostaria de receber nossos conteúdos por e-mail?

Cadastre-se e receba grátis nossos relatórios e recomendações de investimentos

Disclaimer:

Este relatório foi preparado pela XP Investimentos CCTVM S.A. (“XP Investimentos”) e não deve ser considerado um relatório de análise para os fins do artigo 1º na Resolução CVM 20/2021. Este relatório tem como objetivo único fornecer informações macroeconômicas e análises políticas, e não constitui e nem deve ser interpretado como sendo uma oferta de compra/venda ou como uma solicitação de uma oferta de compra/venda de qualquer instrumento financeiro, ou de participação em uma determinada estratégia de negócios em qualquer jurisdição. As informações contidas neste relatório foram consideradas razoáveis na data em que ele foi divulgado e foram obtidas de fontes públicas consideradas confiáveis. A XP Investimentos não dá nenhuma segurança ou garantia, seja de forma expressa ou implícita, sobre a integridade, confiabilidade ou exatidão dessas informações. Este relatório também não tem a intenção de ser uma relação completa ou resumida dos mercados ou desdobramentos nele abordados. As opiniões, estimativas e projeções expressas neste relatório refletem a opinião atual do responsável pelo conteúdo deste relatório na data de sua divulgação e estão, portanto, sujeitas a alterações sem aviso prévio. A XP Investimentos não tem obrigação de atualizar, modificar ou alterar este relatório e de informar o leitor. O responsável pela elaboração deste relatório certifica que as opiniões expressas nele refletem, de forma precisa, única e exclusiva, suas visões e opiniões pessoais, e foram produzidas de forma independente e autônoma, inclusive em relação a XP Investimentos. Este relatório é destinado à circulação exclusiva para a rede de relacionamento da XP Investimentos, incluindo agentes autônomos da XP e clientes da XP, podendo também ser divulgado no site da XP. Fica proibida a sua reprodução ou redistribuição para qualquer pessoa, no todo ou em parte, qualquer que seja o propósito, sem o prévio consentimento expresso da XP Investimentos. A XP Investimentos não se responsabiliza por decisões de investimentos que venham a ser tomadas com base nas informações divulgadas e se exime de qualquer responsabilidade por quaisquer prejuízos, diretos ou indiretos, que venham a decorrer da utilização deste material ou seu conteúdo. A Ouvidoria da XP Investimentos tem a missão de servir de canal de contato sempre que os clientes que não se sentirem satisfeitos com as soluções dadas pela empresa aos seus problemas. O contato pode ser realizado por meio do telefone: 0800 722 3710. Para maiores informações sobre produtos, tabelas de custos operacionais e política de cobrança, favor acessar o nosso site: www.xpi.com.br.

A XP Investimentos CCTVM S/A, inscrita sob o CNPJ: 02.332.886/0001-04, é uma instituição financeira autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil.Toda comunicação através de rede mundial de computadores está sujeita a interrupções ou atrasos, podendo impedir ou prejudicar o envio de ordens ou a recepção de informações atualizadas. A XP Investimentos exime-se de responsabilidade por danos sofridos por seus clientes, por força de falha de serviços disponibilizados por terceiros. A XP Investimentos CCTVM S/A é instituição autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil.


Este site usa cookies e dados pessoais de acordo com a nossa Política de Cookies (gerencie suas preferências de cookies) e a nossa Política de Privacidade.