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Outubro foi um mês positivo para o Ibovespa, que subiu 2,4% e fechou em 107.220 pontos, com destaque para:
(1) Otimismo com a aprovação da reforma da previdência no segundo turno no Senado, com uma economia acima do previsto pelo mercado;
(2) Gradual consolidação da agenda pós-previdência, que exigirá articulação política do governo;
(3) Melhora relativa no cenário externo, com expectativas de que os EUA e China cheguem pelo menos a um acordo comercial preliminar;
(4) Menor probabilidade de recessão nos EUA, corroborada pela surpresa no crescimento do PIB no 3T e mensagem do Fed de que cortes adicionais nos juros, além dos 0,25%, não serão necessários.
No Brasil, o corte de 0,50% na Selic manteve aquecida a discussão de juros mais baixos por mais tempo e sustentou o índice Ibovespa no relativo aos mercados globais. Nossos economistas esperam mais um corte de 0,50% na próxima reunião do Copom em dezembro, e um adicional de 0,25% na reunião de fevereiro, levando a Selic para o menor patamar de sua história, de 4,25% ao ano.
Do lado das reformas, o foco agora passa para a agenda pós-previdência, incluindo as reformas administrativa e tributária bem como o pacto federativo. A equipe econômica esta na iminência de enviar suas propostas, e será importante monitorar o grau de articulação política do governo para executá-las após a volatilidade recente.
Seguimos otimistas com o Brasil e especialmente com a Bolsa. O Ibovespa atualmente negocia a 12,75x P/L em 2020. Apesar de levemente acima do patamar histórico de 12,3x, acreditamos que há espaço para revisão de projeções de lucros das empresas em um ambiente de juros mais baixos e atividade acelerando. Também notamos que, em momentos de mudanças estruturais como a que vivemos atualmente, há sustentação para que os múltiplos negociem com prêmio, conforme visto em outros países emergentes. Mantemos nossa projeção de 140 mil pontos para o final de 2020.
1 – Reformas Pós-Previdência em Foco
No Brasil, o grande destaque do mês de outubro foi a aprovação da reforma da Previdência na votação de segundo turno no Senado, com uma economia esperada de R$ 800 bilhões para os próximos 10 anos.
Com essa página virada, a agenda de reformas pós-previdência entra em foco em novembro. A expectativa é que o Ministério da Economia apresente em breve um pacote de propostas, dividido nos seguintes eixos:
(i) Reforma Administrativa: A equipe econômica trabalha para enviar PEC e projetos de lei para reestruturar as novas carreiras apenas, dado que o presidente Bolsonaro vetou a discussão para servidores atuais. Apesar da complexidade, o Ministério defende o fim da estabilidade, a redefinição dos salários de ingresso no setor público para novos servidores e o término da progressão automática.
(ii) Pacto Federativo: Esse tema é considerado o mais avançado em termos de negociações políticas. As discussões envolvem a divisão dos recursos da cessão onerosa, já aprovada pelo Congresso, e as medidas batizadas de DDD – desvinculação, desindexação e desobrigação. Inclusive, algumas medidas de desobrigação de despesas que constam da PEC 438 podem ser englobadas no pacto. As medidas no campo fiscal são desafiadoras, mas há um consenso entre a equipe econômica de que a possibilidade de exceções para romper o teto de gastos não deve ser considerada.
(iii) Reforma Tributária: Tudo indica que esse tema, que era prioridade do governo no pós-previdência, passa a ficar em segundo plano. Ainda há dificuldades na discussão de um calendário para a reforma tributária e, na avaliação do governo, é preciso calibrar o momento político certo. Apesar disso, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, mantém o posicionamento de que essa reforma é fundamental e deve continuar avançando.
Será importante monitorar o grau de articulação política do governo para executar e aprovar o pacote de propostas mencionado acima, após a volatilidade recente.
2 – Melhora Relativa no Cenário Externo
Acreditamos que um dos fatores que sustentou a alta da Bolsa no mês de outubro foi a melhora relativa do cenário externo, principalmente devido ao arrefecimento da guerra comercial entre China e Estados Unidos.
O avanço do acordo comercial preliminar entre as duas potências foi uma evolução importante e trouxe um tom mais positivo. Dentre os detalhes discutidos nesta primeira fase, destacamos: (i) o entendimento nas áreas cambial, de propriedade intelectual e de serviços financeiros; e (ii) o aumento entre US$ 40-50 bilhões das compras chinesas de produtos agrícolas norte-americanos.
Além disso, os Estados Unidos concordaram em não elevar as tarifas de 25% para 30% no dia 15 de outubro e estão considerando estender as isenções tarifárias sobre US$ 34 bilhões de produtos chineses por mais doze meses.
Novembro será um mês importante para esse tema. A expectativa era de que um acordo poderia ser assinado na reunião da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), no Chile, nos dias 16 e 17. Porém, o evento foi cancelado em função dos protestos locais. Dessa forma, por enquanto, ainda está incerto onde e quando será o encontro entre os países.
Mantemos nossa visão de que as circunstâncias devem forçar o presidente americano a chegar a um acordo com os chineses, aumentando suas chances de reeleição em 2020.
Quanto ao crescimento global, os dados continuam a apontar para um quadro de desaceleração. Porém, a probabilidade de recessão nos Estados Unidos diminuiu.
Os sinais de contração da indústria e do mercado de trabalho americano contribuíram para a redução de 0,25% nos juros. Entretanto, o crescimento do PIB no terceiro trimestre surpreendeu positivamente e o comunicado do Fed após a decisão do FOMC sugeriu que cortes adicionais não serão necessários.
Na China, o PIB do terceiro trimestre cresceu 6,0% na comparação anual, marcando o ritmo mais lento de crescimento desde o início da série histórica, em 1992. Na Europa, os dados de PMI também reforçaram a mensagem de que o cenário econômico da região permanece desafiador, com indicadores próximo da marca de 50 que indica estagnação.
Por fim, apesar do desfecho ainda incerto, a percepção com relação ao Brexit melhorou. A União Europeia acatou o adiamento da decisão para 31 de janeiro e tem se mostrado mais aberta para um acordo. Além disso, o Parlamento britânico aprovou a convocação de eleições gerais para 12 de dezembro, onde será decidido quem comandará o país nas negociações finais do Brexit.
3 – Juros mais baixos por mais tempo
A discussão de juros baixos por mais tempo do que se imagina permaneceu aquecida em outubro, com cortes adicionais nas taxas de juros.
Uma exceção foi na Europa, onde Banco Central (BCE) manteve sua política monetária inalterada. A decisão era esperada, uma vez que uma série de medidas de estímulo, como corte de juros e retomada de compras mensais de ativos, haviam sido anunciadas em setembro.
Também em linha com as expectativas, os sinais de contração da indústria e do mercado de trabalho americano contribuíram para a redução de 0,25% nos juros dos Estados Unidos. Entretanto, o crescimento do PIB no terceiro trimestre surpreendeu positivamente e o comunicado do Fed após a decisão do FOMC sugeriu que cortes adicionais não serão necessários. Ainda assim, destacou-se a importância do acompanhamento dos indicadores econômicos.
No Brasil, a expectativa da continuidade do ciclo de corte de juros se concretizou. Em outubro, o Banco Central anunciou redução adicional de 0,50% na taxa Selic e manteve a mensagem de que o balanço de riscos para inflação é benigno no comunicado emitido após a reunião.
Nossos economistas esperam que o Copom realize mais um corte de juros de 0,50% na reunião de dezembro, além de um corte adicional de 0,25% na reunião de fevereiro, trazendo a taxa Selic para o menor patamar de sua história em 2020, em 4,25% ao ano.
O principal impacto do tema de juros baixos por mais tempo nas companhias negociadas na Bolsa é a redução no custo de dívida. Dessa forma, as empresas mais beneficiadas são aquelas que detém (i) grande parte do custo da dívida atrelado à Selic e/ou (ii) nível elevado de alavancagem.
Nossa análise de sensibilidade do impacto no preço-alvo para cada corte de 0,50% na Selic sugere que os setores da nossa cobertura mais beneficiados, por ordem de grandeza, são:
(1) Locação de veículos, que inclui Localiza, Unidas e Movida (incremento médio de +10%);
(2) Shoppings, que engloba Iguatemi, Multiplan e brMalls (impacto de aproximadamente +6,5%);
(3) Elétricas, com destaque para Copel, AES Tietê, Equatorial e Cemig (aumento entre +3% a +6%);
(4) Varejo, em especial Lojas Americanas, B2W, Via Varejo e Magalu (incremento entre +3% a +4%).
4 – Resultados Relativamente Fracos no 3T19
A segunda quinzena de outubro marcou o início da divulgação dos resultados do terceiro trimestre de 2019 (3T19) das empresas listadas na Bolsa.
Vemos uma temporada de resultados relativamente fraca, reflexo do cenário ainda desafiador para a atividade econômica, que impacta as empresas domésticas.
Um indicador que corrobora nossa visão é o crescimento esperado para o PIB nesse trimestre. Com base nos dados disponíveis até o momento, acreditamos que a economia crescerá apenas 0,5% no 3T19 em relação ao mesmo trimestre do ano anterior (versus 1,0% no 2T19).
Essa leve desaceleração decorre principalmente da menor pujança dos setores de consumo de bens duráveis, de setores de serviços centrais, tais como transportes, e da persistente fragilidade da indústria brasileira.
Ainda assim, alguns setores devem se destacar positivamente. Um deles é o comercio eletrônico, com aumento da penetração online e crescimento do marketplace. Os frigoríficos também estão na ponta positiva, com preços e exportações mais altos. Por fim, esperamos um bom trimestre para os bancos privados, com maior participação de indivíduos e PMEs na carteira de crédito.
Do lado oposto, esperamos um trimestre fraco para as siderúrgicas, reflexo da demanda ainda enfraquecida e ambiente de preços desafiador. Os resultados das varejistas também devem refletir a lenta recuperação econômica. Por fim, esperamos que as geradoras sejam impactadas negativamente pelo cenário hidrológico mais adverso e por preços de energia menores que o esperado.
Até o momento, as primeiras divulgações foram mistas, com destaque positivo para companhias como Vale, Petrobras, WEG, Magazine Luiza e Multiplan. Enquanto Ambev, Localiza, CSN, EDP, Klabin, Cielo e Gerdau desapontaram. As demais divulgações devem ocorrer até 14 de novembro, data que encerra a temporada de resultados.
Carteira Top 10 ações XP
Não houve alterações na Carteira Top 10 ações XP para o mês de novembro.
Os principais temas da nossa carteira para novembro são:
- SELIC baixa por mais tempo do que está precificado (RENT, ENBR, CPLE e IGTA) – acreditamos que a queda expressiva da curva de juros nos últimos meses ainda não se refletiu inteiramente na Bolsa;
- Crescimento acelerando (BBDC, BTOW e AZUL) – tema que deve começar a ganhar tração ao longo dos próximos meses;
- Nomes de qualidade (LREN, RENT e IGTA) – eles protegem a carteira no curto prazo, mas também buscamos opções que se beneficiam da retomada econômica adiante;
- Cíclicos globais descontados (PETR e JBSS) – mas de forma seletiva, dadas as incertezas globais ainda elevadas.
Vemos potencial de valorização para as ações, baseado (i) no potencial incremento sustentado de margens para a frente, (ii) melhora no cenário macroeconômico, resultando em aquecimento na demanda e nível mais favorável de câmbio e (iii) ambiente racional de oferta e demanda, potencialmente sustentando precificação benigna.
Acreditamos que a EDP negocia a um desconto injustificado em relação a seus pares devido a: (1) maiores retornos na construção de seus projetos de transmissão, e (2) um portfólio de ativos de geração que apresentam elevado potencial de geração de caixa. Além disso, destacamos notícias sobre uma possível reestruturação corporativa da companhia com a CTG Brasil. Embora não haja evolução neste tema até o momento, não acreditamos que uma possível aquisição da companhia está precificada nas ações.
Temos destacado o momento positivo dos frigoríficos há um tempo, mantendo nossa preferência pela JBS devido a sua sólida operação, independentemente do potencial impacto positivo advindo da peste suína africana. Apesar da significativa alta das ações no ano, vemos potencial adicional adiante.
Vemos a Renner como um nome de qualidade que oferece proteção para a carteira em ambiente de volatilidade, com entrega sólida e consistente de crescimento. Acreditamos que os resultados no curto prazo, apesar da decepção com a atividade, devem se destacar em relação às demais varejistas e impulsionar as ações.
Com a conclusão da migração de algumas categorias do modelo de e-commerce próprio para o marketplace e impacto reduzido do fim da Lei do Bem nos resultados a partir do segundo semestre, acreditamos que a empresa está bem posicionada para capturar a melhora, ainda que gradual, no ambiente macroeconômico e aumento da penetração online.
Iguatemi é nosso nome preferido dentro do setor de shoppings, combinando um portfólio bem posicionado e de qualidade elevada com as ações negociando a múltiplos atrativos. Acreditamos que o setor deva ser impulsionado com a melhora da atividade, curva de juros mais baixa e com um ambiente mais ativo de expansões, aquisições e novos projetos.
Apesar da consistente alta das ações, acreditamos que fatores como (i) maior capacidade de crescimento ante concorrentes menores, (ii) maior liberdade de precificação, (iii) momento macro/setorial favorável, com taxas de juros estruturalmente mais baixas, e (iv) uma execução de primeira linha sustentem nossa perspectiva positiva.
Acreditamos que há espaço para a redução do desconto que a Copel negocial em relação a pares devido a (1) iniciativas de redução de custos, como visto no recente anúncio de um Plano de Demissão Incentivada, (2) potenciais ganhos com a venda da Copel Telecom e (3) redução mais acelerada do endividamento com a maturidade dos investimentos realizados em geração.
Mantemos o Bradesco como favorito entre os bancos devido a (1) Maior apetite a risco declarado deverá resultar em crescimento da carteira de varejo; (2) Mais espaço para redução de despesas de provisões e (3) Múltiplos com desconto, considerando crescimento de lucros projetado.
Vemos a Petrobras como excessivamente descontada em face de uma agenda positiva sem precedentes. As vendas de ativos são o grande destaque, com a venda das 8 refinarias podendo gerar R$52 a R$57 bi em recursos, e a venda de ativos de gás natural outros R$11 a R$13 bi. No curto prazo, o mercado devem monitorar o iminente leilão dos barris excedentes da Cessão Onerosa e o grau de atuação da Petrobras na aquisição de blocos.
Carteira Top Dividendos XP
Para nossa Carteira Top Dividendos XP no mês de novembro, retiramos ENGIE (EGIE3) e EDP (ENBR3) e incluímos Sanepar (SAPR11) e CTEEP (TRPL4).
O investimento em dividendos oferece uma alternativa para quem busca menor volatilidade e a oportunidade de criar um fluxo de renda recorrente, além do crescimento do valor de mercado do portfólio pela apreciação das ações.
O segmento de geração de energia possuí margens elevadas e um certo grau de previsibilidade, dado que parte da receita já é contratada. Assim sendo, a AES Tietê apresenta lucros consistentes, embora possa haver um certo grau de volatilidade dependendo da incidência de chuvas. Estimamos um dividend yield de 9,8% em 2020-21.
O segmento de transmissão de energia é baseado em receitas fixas e margens elevadas, proporcionando um estável fluxo de dividendos. Apesar de acreditarmos que as ações estão próximas do valor justo, a TAESA deve se beneficiar no curto prazo, a de um cenário de queda das taxas de juros, que aumenta a atratividade de pagadoras de dividendos.
A elevada distribuição de dividendos da Sanepar se deve à política de dividendos da companhia. A política prevê a distribuição do dividendo mínimo de 25% do lucro, além de 25% adicionais caso a situação financeira da empresa o permita (o que acontece desde 2012). Estimamos um dividend yield de 6,8% entre 2020 e 2022.
Após a privatização da companhia, o foco do mercado será em agendas de eficiências de custos para reduzir a diferença de R$20/m3 de custos operacionais para as pares privadas. Por ter baixo endividamento e receber relevantes recursos de um acordo com a Eletrobras anunciado em 2018 e antecipação dos recebíveis da Amazonas Energia R$1,4 bi em setembro de 2019, estimamos dividendos de 7,6% para a BR em 2020-21
A CTEEP recebe elevados fluxos de caixa como indenizações relacionadas a ativos não amortizados existentes até maio de 2000 (denominados RBSE). Tais elevados fluxos de caixa, somados ao baixo endividamento da CTEEP, nos faz acreditar que a companhia pode distribuir dividendos extraordinários (ou seja, acima do lucro que a empresa registrou no ano), conforme observado no exercício de 2018. Estimamos um dividend yield de 8,3% em 2020-21 (sem assumir dividendos extraordinários).
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