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Economia em Destaque: Mercado de trabalho no Brasil segue aquecido

Seu resumo semanal de economia no Brasil e no mundo

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Resumo

Os dirigentes do banco central americano (Fed) continuaram cautelosos, indicando que não há pressa para queda de juros. Existe, contudo, a expectativa de que os preços de imóveis residenciais recuem, ajudando a trazer a inflação mais próximo à meta. Neste ambiente, o dólar seguiu forte frente à maioria das moedas do mundo.

No Brasil, a “prévia da inflação”, medida pelo IPCA-15, mostrou resistência da inflação de serviços. E os resultados de fevereiro indicaram que o mercado de trabalho segue aquecido. Neste contexto, a ata do Copom publicada na terça-feira que destacou aumento de incertezas e a possibilidade de uma desaceleração no ritmo de cortes de juros no segundo semestre. Mais cedo, o governo anunciou medida que deve reduzir a conta de luz em 3,5%, o que deve ajudar a inflação. No lado fiscal, o governo formalizou nova proposta do Perse (Programa Emergencial de Recuperação do Setor de Eventos) e de desoneração da previdência para os municípios.

Cenário internacional

Membros do Fed reforçam cautela na condução de política monetária

Uma semana após a reunião de política monetária do banco central dos EUA (Fed), os discursos dos membros do comitê de política monetária (FOMC, em inglês) sugerem que os custos com moradia ajudaram a reduzir a inflação, mas também reconheceram maior resistência de outros subgrupos de preços ao consumidor.

A diretora do Fed Lisa Cook, por exemplo, afirmou que “embora a inflação dos serviços de imóveis residenciais permaneça bastante alta, a atual redução de preços nos novos aluguéis sugere que ela continuará a cair”. Também, o presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, disse que a persistência da inflação imobiliária continua a surpreendê-lo, mas que ele também achava que ela diminuiria. Em contrapartida, o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, disse que estava “definitivamente menos confiante” do que em dezembro em relação ao progresso contínuo na queda da inflação.

Os investidores estão apostando que o Fed começará a cortar as taxas em junho, mas a probabilidade de que o processo fique para o segundo semestre vem aumentando nas curvas de juros futuros. O nosso cenário base considera o primeiro corte nas taxas em julho.

Fortalecimento do dólar pressiona iene e outras moedas

O iene (moeda do Japão) se aproximou do seu nível mais fraco em décadas, indicando que a política monetária do país permanece acomodatícia mesmo depois de taxas de juro positivas após 17 anos. A ameaça de intervenção das autoridades japonesas no mercado cambial impediu um movimento ainda mais forte de queda da moeda. As três principais autoridades monetárias do Japão realizaram uma reunião de emergência para discutir a situação, e indicaram que estão prontas para intervir no mercado para impedir o que descreveram como movimentos desordenados e especulativos na moeda.

A fraqueza da moeda japonesa também reflete uma tendência global de fortalecimento do dólar frente à maioria das moedas, reforçada ontem pelos comentários do membro da diretoria do banco central americano, Christopher Waller, que disse não que não há pressa para reduzir as taxas de juros.

Dados de inflação nos EUA amanhã serão de alta relevância para o mercado

Haverá amanhã a publicação do índice PCE (inflação do consumo das famílias) nos Estados Unidos – o principal indicador de inflação para o Banco Central americano. Na composição, será importante observar o grupo de serviços, que segue persistentemente elevado. Os dados têm reforçado a mensagem de que a fase final do processo de desinflação está se mostrando mais difícil que o esperado. Desse modo, o mercado deverá acompanhar com máxima atenção a divulgação.

Traremos mais detalhes no Economia em Destaque da próxima semana.

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Enquanto isso, no Brasil…

Ata do Copom reforça cautela adicional dado o aumento de “incertezas”

A ata do Copom destacou o aumento de incertezas, exigindo cautela adicional. O Copom reforçou sua  avaliação de um cenário caracterizado pela resiliência da atividade, e, no Relatório Trimestral de Inflação de março, alterou a projeção de PIB devido a essa dinâmica de mercado de trabalho robusto. Sobre a inflação de curto prazo, a ata reforçou, por um lado, a dinâmica favorável dos bens industrializados. Por outro lado, o Comitê destacou a “recorrência” de surpresas na inflação de serviços e seus componentes subjacentes. Neste contexto, o comitê manifestou preocupação com a persistência das expectativas de inflação acima da meta.

Em suma, a ata do Copom reforçou o viés de alta para nossa projeção de taxa Selic a 9,00% até o final de 2024. Além disso, o cenário de desaceleração no ritmo de corte da taxa básica de juros a partir de junho (para 0,25 p.p.) ganhou probabilidade.

Para maiores detalhes, leia nosso relatório “Ata do Copom: Incertezas crescentes exigem cautela adicional

Governo formaliza proposta do Perse e reoneração de municípios

O governo formalizou as propostas para redução do Perse (Programa Emergencial de Recuperação do Setor de Eventos) e para a desoneração da previdência para os municípios. Em relação ao Perse, a proposta reduz de 34 para 12 atividades econômicas beneficiadas, até um limite de R$ 78 milhões, com descontos nos tributos decaindo ao longo do tempo, até atingir a reoneração completa em 2027. Quanto à desoneração da folha dos munícipios, os beneficiados seriam cidades de até 50 mil habitantes com Receita Corrente Líquida de até BRL 3.895, que teriam alíquotas reduzidas de 20% para 14% este ano, 16% ano que vem e 18% em 2026.

Caso as medidas não sejam aprovadas, o custo com o retorno do Perse e e da desoneração da previdência dos municípios pode chegar R$ 18 bilhões, dificultado o cumprimento da meta de resultado primário zero estabelecida para este ano.

IPCA-15 de março mostra composição ainda desafiadora

A inflação medida pelo IPCA-15 de março ficou acima do esperado, com composição ainda desafiadora. A inflação avançou 0,36% no mês, acima das expectativas (XP: 0,26%; consenso: 0,30%). A variação acumulada em 12 meses recuou para 4,14% em março, ante 4,49% em fevereiro. A média dos núcleos de inflação avançou 0,21% no mês, enquanto os serviços subjacentes aumentaram para 5,9% na média móvel de 3 meses anualizada e dessazonalizada – ante 5,6% em fevereiro.

O resultado reforçou a postura cautelosa da política monetária no Brasil, dado que a inflação de serviços vem mostrando sinais desanimadores desde dezembro. Para o ano corrente, nossa projeção para o IPCA permanece em 3,5%, porém com incertezas crescentes. Para 2025, esperamos que o IPCA acelere para 4,0%.

Conta de luz deve cair 3,5% com medida do governo e ajudar inflação do ano

O governo enviou proposta para reduzir a conta de luz em 3,5% neste ano, a partir da antecipação dos pagamentos previstos na lei de privatização da Eletrobras, destinando os recursos ao pagamento da ‘conta Covid’ e da ‘escassez hídrica.’ Ou seja, as parcelas que a Eletrobrás pagaria à CDE serão utilizadas para pagar os custos das distribuidoras de energia – que até então vinham sendo arcados pelos consumidores. A conta Covid representa pagamento de subsídios à conta de luz durante a pandemia e a ‘escassez hídrica’, custos da época de grande seca no Brasil durante 2021 e 2022, que estão sendo parcelados.

Para a inflação, é esperada queda média de 3,5% na conta de luz, o que representa -0,16pp na projeção de IPCA de 2024. Tal impacto já consta no nosso cenário base de 3,5% para o IPCA deste ano.

Mercado de trabalho segue aquecido

O relatório de empregos formais, Caged, apresentou uma criação líquida de 306,1 mil empregos em fevereiro. Mais uma vez, o resultado veio consideravelmente acima das previsões (235 mil). De acordo com as nossas estimativas ajustadas sazonalmente, houve geração de 161 mil ocupações com carteira assinada, contra 216 mil em janeiro – ambos bem acima da média mensal de cerca de 120 mil registrada em 2023. O salário nominal de admissão aumentou 5,3% em relação ao ano anterior, repetindo o ritmo registado entre setembro e janeiro. Com relação aos dados divulgados pela PNAD Contínua, pesquisa do IBGE que agrega dados de emprego e renda, a taxa de desemprego subiu para 7,8% no trimestre móvel até fevereiro. Além disso, os rendimentos reais do trabalho subiram pelo sexto mês consecutivo, embora a um ritmo mais moderado.

A robustez do mercado de trabalho e a resiliência do consumo explicam, em grande medida, as recentes revisões altistas nas expectativas para o PIB de 2024. Ao mesmo tempo, a dinâmica dos salários é um dos principais riscos de curto prazo para o processo de desinflação e o espaço adicional para flexibilização da política monetária, conforme destacado na comunicação recente do Copom.

Resultado primário de fevereiro não muda nossa visão para o déficit primário em 2024

O resultado primário do governo central registrou um déficit de R$ 58,4 em fevereiro, após déficit de R$ 40,6 bilhões em fevereiro de 2023. O resultado foi o pior para o mês na série histórica. A preços constantes, o resultado foi 37,7% menor que o do ano passado. A receita líquida cresceu 23,4% em termos reais em relação a fevereiro de 2023 impulsionado principalmente por pela tributação dos fundos exclusivos, PIS/Cofins e receitas previdenciárias. Já as despesas cresceram 27,4% em termos reais, refletindo principalmente o pagamento antecipado de precatórios.

O resultado não muda nossa avaliação de que o governo não atingirá a meta de déficit zero em 2024. Ressaltamos que a incerteza com relação às medidas de aumento de receita continua muito alta. Por enquanto, mantemos nossa previsão de um déficit de R$ 74,5 bilhões para 2024 (-0,6%).

Gráfico da Semana

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O que esperar da semana que vem

Na agenda internacional da próxima semana, o grande destaque vai para os dados de mercado de trabalho nos Estados Unidos que serão divulgados na 3ª-feira – oferta de empregos (JOLTS) –, 4ª-feira – criação líquida de empregos no setor privado (ADP) – e na 6ª-feira – relatório de emprego (Payroll). Na zona do euro, destaque para a divulgação dos dados de inflação ao consumidor de março na 4ª-feira, inflação ao produtor de fevereiro na 5ª-feira, e vendas no varejo de fevereiro na 6ª-feira. Também será semana de divulgação dos PMIs de março no Japão, China, Estados Unidos, zona do euro, e Reino Unido – o índice PMI é uma sondagem com empresários sobre as condições econômicas e de negócios nos países.

No Brasil, as discussões sobre medidas fiscais (Perse, desoneração de municípios) mencionadas acima devem ditar o humor dos mercados. As projeções de inflação do mercado devem cair um pouco, refletindo a MP do setor elétrico enviada hoje ao Congresso Nacional.

Teremos também agenda repleta de indicadores econômicos. Na 3ª feira, o Banco Central divulgará as estatísticas de crédito de fevereiro, onde teremos informações relativas às concessões de crédito e inadimplência de empresas e famílias. Na 4ª feira, será a vez do IBGE publicar a Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF) de fevereiro, após surpresa positiva em janeiro. Na 5ª feira, o BCB também tornará públicas as estatísticas de setor externo de fevereiro. Na 6ª feira, será a vez da publicação da nota de estatísticas fiscais também do último mês, cuja expectativa é de mais um forte déficit. No mesmo dia, a FGV divulgará o IGP-DI de março, para o qual espera-se nova deflação mensal.

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