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Março de 2022 – Análise Técnica e Fundamentalista

Análise Técnica e Fundamentalista: une as duas famosas escolas de análise para oferecer suas visões sobre três empresas em bom momento para compra. Para quem é esta carteira? Para você que pretende desenvolver estratégias diversificadas e otimizar suas alocações, como um Expert. Como o conteúdo ajuda a tomar uma decisão? A carteira oferece o consenso de […]

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  • Análise Técnica e Fundamentalista: une as duas famosas escolas de análise para oferecer suas visões sobre três empresas em bom momento para compra.
  • Para quem é esta carteira? Para você que pretende desenvolver estratégias diversificadas e otimizar suas alocações, como um Expert.
  • Como o conteúdo ajuda a tomar uma decisão? A carteira oferece o consenso de dois tipos de visão em relação a três recomendações.
  • Periodicidade: Mensal.
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Neste mês, optamos pela manutenção dos três ativos do relatório anterior, com Marfrig (MRFG3), Kepler Weber (KEPL3) e Embraer (EMBR3). A Carteira Dueto teve alta de 5,68% enquanto o IBOVESPA subiu 0,89% no mês.  

Nesta nova edição do relatório exclusivo para os assinantes EXPERT, continuamos a mostrar como fazer a junção das duas principais escolas de análise no mundo: a técnica e a fundamentalista. 

Trazemos três ideias de empresas que estão bem avaliadas pelos nossos analistas fundamentalistas, liderados pelo estrategista-chefe da XP, Fernando Ferreira, e selecionamos, dentre essas companhias, quais estão em um momento interessante de compra, avaliado pelo nosso time de análise técnica, liderado por Gilberto Coelho, um dos melhores analistas do mercado.

Além disso, “Giba”, como é conhecido pelos traders mais íntimos, fará, via Telegram, atualizações semanais para os assinantes sobre os papéis que compõem este relatório e, também, por meio de Lives exclusivas. Muitos investidores nos perguntam: “Quais são as diferenças entre essas duas escolas de análise? Elas não seriam excludentes?”.

Para responder a essas perguntas, vamos explicar um pouco melhor sobre essas duas escolas de análise. Para quem busca se aprofundar mais sobre essas técnicas, recomendamos as trilhas de curso da XPEED School.

Análise Fundamentalista

A análise fundamentalista busca avaliar o valor justo de um ativo, independentemente do preço pelo qual esteja sendo negociado no mercado. Ou seja, usando as técnicas de avaliação de empresas e ativos (valuation), ela também pode ser utilizada em ativos não listados em Bolsa (privados).

A escola de análise fundamentalista se baseia na premissa de que os preços de ativos não necessariamente refletem todas as informações sabidas sobre aquela empresa. 

Por isso, nesse tipo de análise, busca-se entender a dinâmica e os fundamentos da Macroeconomia, do setor no qual aquela empresa está inserida, e os fundamentos da empresa em si. Para isso, os analistas se debruçam sobre os dados e informações setoriais, relatórios de informações financeiras, gestão e governança da empresa e também sobre as projeções econômicas.

Com esse arcabouço de informações, os analistas criam um modelo de Avaliação da Empresa em questão. Para isso, utilizam o histórico de informações financeiras dos últimos anos e fazem projeções para os próximos cinco, dez ou vinte anos. Dessa forma, há uma estimativa de vários fatores: trajetória de vendas, custos, margem de lucro, impostos, investimentos, capital de giro, endividamento, entre outros atributos da companhia. Fazendo isso, os analistas conseguem ter uma estimativa sobre o fluxo de caixa e os lucros futuros da empresa analisada.

Com essas informações em mãos, existem várias técnicas disponíveis para se chegar ao valor justo de uma determinada empresa: 

  • Fluxo de Caixa Descontado (DCF, em inglês): Os fluxos de caixa futuros de uma companhia são descontados por uma taxa de desconto (WACC, em inglês – custo ponderado médio de capital);
  • Múltiplos de avaliação: É uma análise relativa em que se usa como base os múltiplos de empresas similares do mesmo setor para comparar como estão sendo negociados. Esses múltiplos podem ser Valor Empresa/Vendas, Valor Empresa/EBITDA (Lucro Operacional), Preço/Lucro, entre outros;
  • Taxas de retorno: Os fluxos de caixa futuros, comparados ao valor corrente da empresa no mercado, gera uma “Taxa Interna de Retorno – TIR”, na qual a porcentagem encontrada indica qual a taxa de retorno que os fluxos de caixa proporcionam. 

Análise Técnica

A análise técnica se baseia apenas em ativos listados e cotados em Bolsa, diferentemente da fundamentalista, porque essa escola foca, primordialmente, no histórico de preços e no volume negociado dos ativos.

A premissa principal por trás da análise técnica é de que todas as informações disponíveis sobre um determinado ativo já estão descontadas no preço e são conhecidas pelo mercado. Assim, as tendências de preço (de alta ou baixa) costumam ter padrões e os preços históricos podem ajudar a prever os futuros.

Portanto, os analistas técnicos olham para estatísticas e finanças comportamentais para chegar às suas conclusões de tendências futuras. 

Para tal, são utilizadas diversas ferramentas, como tendências gráficas e informações de preços de abertura e fechamento diários em gráficos, como o de candlestick, apenas um dos inúmeros padrões na análise técnica. 

Além disso, padrões matemáticos, como os de Fibonacci, são utilizados para encontrar suportes e resistências. As médias móveis de preços também são muito utilizadas na análise técnica para indicar manutenção ou reversão de tendências. 

1ª ideia dueto: Marfrig (MRFG3)

Apesar da melhora na performance das ações da MRFG3 em fevereiro, a discussão sobre o follow onda BRF (realizado entre 3 e 4/fev) e o recente anúncio da chapa composta pelo Marcos Molina e outros executivos para o conselho da BRF mantiveram os investidores na defensiva. Com isso, em nossa opinião, ainda há um descolamento entre a performance das ações e seus fundamentos. Além disso, os resultados do 4T21 serão divulgados no dia 8/mar (após o fechamento) e devem superar as expectativas do mercado.

Atualmente, a Marfrig possui cerca de 32% das ações da BRF, logo abaixo do nível do poison pill de 33,3%, portanto não há mais espaço para aumento de participação sem disparar uma oferta pública de compra, o que obrigaria à Marfrig pagar prêmio nas ações da BRF.

O alto nível de endividamento da BRF, que em nossa opinião inviabilizaria uma possível OPA, era estimado em 2,2x ND/EBITDA para o final de 2022, mas após o follow on houve uma melhora significativa. Em nossa estimativa, o endividamento da BRF para o fim do ano deve ficar ao redor de 1,4x ND/EBITDA.

Apesar da melhora, não esperamos que a Marfrig opte pelo caminho da OPA, fato que ficou mais claro com a indicação de uma nova chapa para o conselho da BRF, feita no final de fevereiro. A chapa tem o Marcos Molina como presidente e outros executivos de renome, incluindo a participação do Sergio Rial, que já esteve à frente da Seara.

Seguimos à espera dos próximos passos da Marfrig, mas em nossa opinião a fusão com a BRF criaria uma NewCo com um portfólio de produtos estratégico e de alto valor agregado, ainda que do lado da produção não enxergamos sinergias claras.

Estados Unidos: após um ano estelar com forte demanda empurrando os preços das carnes para máximas históricas, esperamos que as margens das operações da Marfrig nos EUA se acomodem, principalmente devido à alta nos preços do gado vivo, mas também devido à queda nos preços da carne. Para 2022, em nossa visão, existe uma inércia positiva, principalmente porque os preços das carnes permaneceram resilientes entre janeiro e fevereiro de 2022.

América do Sul: enquanto a operação do Uruguai foi positiva em 2021, principalmente devido às exportações para China e EUA, as margens da Argentina e do Brasil foram afetadas por turbulências políticas e questões sanitárias. Para 2022, embora esperemos que as exportações para a China sejam retomadas para o Brasil, não está claro se as restrições na Argentina persistirão. No entanto, esperamos um aumento na oferta de gado, o que deve ajudar a melhorar as margens.

Principais riscos

Câmbio: em caso de valorização do BRL frente ao USD, a receita da empresa poderia ser reduzida, uma vez que: (i) o câmbio poderia impactar negativamente as exportações; (ii) as receitas em dólares seriam convertidas por um real mais forte.

ASF: a Febre Suína Africana segue como principal variável positiva no cenário internacional, uma vez que a situação na produção de proteína animal na China deve seguir deficitária por mais alguns anos.ESG: a crescente preocupação com as questões ambientais é, ao mesmo tempo, uma oportunidade e uma ameaça para a Marfrig, uma vez que o maior nível de exigência dos clientes internacionais abre espaço para players cujo investimento no processo de rastreabilidade de toda a cadeia está mais avançado, podendo se tornar um fator de diferenciação positivo

Análise Técnica de MRFG3

MRFG3 está em tendência de alta com projeções em 26,50 ou 33,60. Tem suportes em 21,15 e 19,00. Vem respeitando as retrações de Fibonacci.

2ª ideia dueto: Kepler Weber (KEPL3)

Atribuímos o forte desempenho da ação em fevereiro (21,4% vs 0,7% do IBOV, ou 7,0% do SMLL) a: (i) perspectivas positivas para os resultados do 4T da empresa – que foram divulgados no dia 17 de fevereiro e ficaram acima das expectativas com uma melhoria de 305% no lucro líquido em relação ao ano anterior; bem como (ii) às expectativas de manutenção desta tendência em 2022, uma vez que foi divulgado pela empresa que a sua carteira de clientes continua robusta e que os custos estão progressivamente mais estáveis. Com isso, acreditamos que as receitas devem continuar crescendo, lideradas principalmente pelo segmento de Armazenagem, e que as margens devem permanecer maiores por mais tempo e, portanto, manter o papel em nossa carteira, reiterando nossa recomendação de Compra para KEPL3.

Temos uma recomendação de Compra e preço-alvo de R$ 47 para KEPL3 para o final de 2022. Os principais pilares da nossa tese de investimento são:

Líder no mercado de silos no Brasil: A Kepler Weber é líder no mercado de silos no Brasil, bem como na América Latina como um todo. Desde 1925, a companhia vem investindo em tecnologia e serviços para permitir que produtores adicionem valor à cadeia do agro.

Marca forte com poder de repassar preços: Com uma participação de mercado estimada de 42%, a Kepler é maior do que as empresas #2 e #3 combinadas. Ao longo do tempo, a empresa construiu uma reputação premium que permite ela cobre preços 5-10% mais altos.

Exposição a tendências seculares de crescimento: Com a safra crescendo e os produtores se tornando mais capitalizados, a demanda por silos deve aumentar. Hoje, a capacidade de armazenamento cobre apenas 70% da safra de grãos no país, sendo que a FAO recomenda 1.2x.

Oportunidade para aumentar recorrência das receitas: Um dos objetivos da Kepler é aumentar a relevância do seu segmento de Reposição & Serviços, o que deveria aumentar margens e adicionar recorrência às receitas. Estimamos que R&S atinja 25% das receitas em 2032.

Valuation atrativo em 2,9x EV/EBITDA 2022: Após atingir seu preço máximo em junho aos R$ 57/ação, a KEPL3 caiu quase 46% desde então. Hoje, enxergamos a ação sendo negociada a 2,9x EV/EBITDA 22, um patamar atrativo na nossa visão, e abaixo dos pares próximos.

Quais os principais riscos de investir nas ações de KEPL3?

Exposição aos ciclos inerentes ao setor do agronegócio brasileiro: A Kepler é uma empresa industrial diretamente exposta aos ciclos inerentes ao setor do agronegócio. Caso as próximas safras desapontem ou caso as margens dos produtores caiam, a Kepler deveria ser prejudicada;

Exposição ao aço: volatilidade de preços e restrição na oferta: Aço equivale a cerca de 40% do CMV da Kepler e seu preço mais do que dobrou em 2020/21. Caso o preço aumente mais, caso a oferta caia de novo, ou caso as políticas de hedge falhem, a Kepler deveria ser prejudicada;

Demanda dependente de fontes públicas de financiamento: Para pagar pelos silos, uma parte significativa dos clientes da Kepler tomam empréstimos subsidiados pelo governo, notadamente via Plano Safra. Caso o crédito diminua ou caso os juros aumentem, a Kepler deveria ser prejudicada.

Análise Técnica de KEPL3

KEPL3 está em tendência de alta, rompendo máximas anteriores e com projeções entre 60,00 e 73,30. Suportes em 49,66 e 45,00.

3ª ideia dueto: Embraer (EMBR3)

Iniciamos a cobertura da Embraer em 15 de dezembro com recomendação de Compra e preço alvo de R$27,30/ação (29% de upside na época). Após dois anos desafiadores em meio ao cancelamento da fusão da Boeing para sua divisão comercial e a COVID-19, esperamos que a Embraer retome sua trajetória de crescimento nos próximos anos, enquanto sua divisão de aviação executiva deve continuar a suportar um melhor momento de curto prazo. Além disso, salientamos nossa crença de que iniciativas inovadoras (notadamente a Eve Urban Air Mobility) devem oferecer suporte ao valuation por múltiplo acima da média histórica.

No dia 21 de dezembro, a Embraer anunciou por meio de um fato relevante que sua subsidiária de eVTOL, Eve, celebrou um acordo de combinação de negócios definitivo com a Zanite, uma empresa de aquisição de propósito específico (SPAC), confirmando nossa visão de possível destravamento de valor via iniciativas inovadoras. Vimos isso como um passo importante para o destravamento de valor de Eve, com valor patrimonial proposto de US$2,9 bilhões, implicando uma participação acionária de US$2,4 bilhões para a Embraer (82,3% de participação pós-transação), comparado com seu o valor de mercado de ~US$3,0 bilhões, e acima das expectativas do mercado (valor da firma de US$2,4 bilhões está acima dos US$2,0bi mencionados pela mídia há alguns meses).

Valuation. Vemos a Embraer negociando a 9,2x 2022 EV/EBITDA, com seu prêmio de valuation versus a média histórica de 7,5x suportado pelo potencial da sua plataforma de eVTOL (especialmente após o anúncio recente de seu IPO). Além disso, ao excluir a participação acionária da Embraer na Eve de US$2,4 bilhões, vemos os negócios tradicionais da empresa sendo negociados a ~4,5x 2022 EV/EBITDA, o que consideramos excessivamente barato (implicando em maior potencial de valorização à medida que seu segmento de aviação comercial continua a se recuperar).

Decolagem da aviação comercial. Após anos desafiadores em meio ao cancelamento da fusão com a Boeing de sua divisão comercial e ao COVID-19, esperamos que a Embraer retome sua trajetória de crescimento nos próximos anos, pois: (a) os impactos relacionados à pandemia continuam diminuindo; (b) as companhias aéreas dimensionam corretamente sua frota; e (c) as rotas regionais tornam-se mais relevantes à medida que a demanda futura se descentraliza (entregas estimadas pela XP de 60-80 unidades para 2022-23, contra ~45-50 em 2020-21).

Aviação executiva impulsiona o curto prazo. Vemos a plataforma executiva da Embraer mais resiliente durante a pandemia (lucro bruto apenas 2% abaixo dos números de 2019 em 2020), refletindo a sólida aceitação dos produtos da empresa e um melhor momento de curto prazo para a divisão.

Análise Técnica de EMBR3

EMBR3 completou correção na média de 200 sugerindo retomada altista na direção dos 36,60 ou 39,30. Tem suporte importante em 15,50.

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