Cenário econômico
A autora agradece as contribuições do time de Economia da XP
Durante o mês de maio, houve a mais recente decisão de política monetária do Banco Central: conforme esperado, o Copom elevou a taxa Selic em 0,75 ponto percentual para 3,50%. Para as próximas reuniões, considerando nossas novas projeções para a atividade econômica e a inflação, acreditamos que o Banco Central não encontrará espaço para interromper o ciclo de aperto antes que a taxa Selic atinja seu nível neutro. Assim, vemos agora a Selic em 6,5% ao final deste ano (não mais apenas no final de 2022).
Esta expectativa tem correlação com o principal tema na seara econômica atualmente, que certamente é a inflação, tanto no mercado local quanto no internacional. No Brasil, por conta das pressões de custos sobre bens industriais e da mudança no cenário de bandeira tarifária para o fim do ano, de amarela para vermelha 2, o time de Economia da XP revisou a projeção de inflação de 2021 para 6,2% (antes 5,4%). Já o efeito inercial e o maior crescimento econômico geraram efeito líquido de +0,30 p.p. na projeção de inflação de 2022, que subiu de 3,5% para 3,8%.
Especificamente, os desdobramentos da crise hídrica – o mais recente foi um alerta emitido pelo Governo de emergência hídrica para o período de junho a setembro deste ano em cinco Estados brasileiros – reforçaram as preocupações com o baixo nível dos reservatórios e, consequentemente, maior acionamento das térmicas. Com isso, revisamos nosso cenário de bandeiras tarifárias para o ano, como mencionado.
As projeções para os indicadores fiscais de 2021 também foram revistas para refletir a melhora observada nos últimos meses. Assim, podemos afirmar que o risco fiscal “agudo” mencionado em nosso relatório mensal de maio se reduziu. O risco “crônico”, no entanto, persiste. Aliada de curto prazo, a inflação elevada pressiona as despesas indexadas e restringe o orçamento da União.
No cenário externo, continuamos monitorando a movimentação nos prêmios das Treasuries norte-americanas, que vêm oscilando nos últimos meses em resposta à percepção de risco inflacionário nos EUA após diversos pacotes de estímulos anunciados pelo país. Mais recentemente, o principal destaque foi para a divulgação do PCE, índice de inflação ao consumidor, que alcançou o maior nível desde 1992, ao registrar alta de 3,6% no acumulado de 12 meses em abril. Apesar do patamar histórico, o FED não deve alterar sua postura na condução da política monetária, destacando a natureza temporária da pressão recente de preços.
Diante do cenário atual, esperamos Selic em 6,5% em 2021 e em 2022 e IPCA de 6,2% em 2021 e de 3,8% em 2022.
Leia o relatório Revisão do Cenário Econômico
Resumo de indicadores
No início do mês de maio, a curva de juros se elevou, principalmente nos vértices mais longos, após a decisão de política monetária do Copom, com intensificação das apostas de novo aumento de 0,75 ponto percentual em junho, conforme indicado pelo colegiado.
Ao longo das semanas, foi observado movimento de alta nas taxas como consequência de pressões advindas do cenário externo, como a divulgação da inflação ao consumidor nos Estados Unidos de abril, que veio bastante acima do esperado, e de seu reflexo sobre os títulos soberanos norte-americanos, que apresentaram abertura.
A divulgação da arrecadação do Governo Federal em abril mais forte do que o esperado e a surpresa para o IPCA-15 de maio, que veio abaixo da expectativa, foram responsáveis pela queda nas taxas futuras de juros nos vencimentos intermediários e longos na última semana do mês. No entanto, a queda não foi suficiente para compensar as altas observadas desde o início do mês, como pode ser observado no gráfico acima.
Como agir
Acreditamos que a melhor forma de se proteger de riscos é através de uma carteira diversificada, o que inclui ativos de renda fixa. Renda fixa não se limita a ativos conservadores e/ou que acompanhem a taxa Selic. Sendo assim, há diversas opções de prazos, indexadores e emissores diferentes que permitem encontrar maiores rentabilidades.
Para o mês de junho, realizamos rebalanceamento de carteiras de alguns perfis, elevando a participação de ativos prefixados em detrimento de pós-fixados. É possível notar, no entanto, que os três indexadores são indicados para quase todos os perfis de investidores, dado o cenário atual de expectativa de elevação de juros e inflação e nossa visão de que o mercado precifica hoje elevação de Selic mais forte do que o que esperamos.
Veja aqui as recomendações de carteira por perfil.
Seleção de ativos de renda fixa
As rentabilidades abaixo são indicativas do dia 01/06/21 e podem sofrer variações ao longo do mês.
Para verificar disponibilidade e taxas, acesse a plataforma, disponível para compra das 10h às 15h, em dias úteis.
Invista de acordo com o seu perfil de investidor.
Pós-fixados
Classe representada por ativos atrelados à variação de um dia das taxas de juros básicas (Selic ou CDI). A remuneração acompanha, portanto, altas e baixas nas taxas de juros.
Nosso cenário base é de que a taxa Selic continue a ser elevada nas próximas reuniões do Copom, encerrando 2021 em 5,5% e 2022 em 6,5%. Ou seja, os ativos pós-fixados devem se beneficiar das altas esperadas na taxa básica de juros.
Indicamos o Tesouro Selic para a reserva de emergência e/ou gestão de caixa.
Inflação
Aqui estão os ativos cujo valor a ser recebido no vencimento, ou nos pagamentos de juros, é predeterminado em forma de uma taxa de juros, mas também corrigido por um índice de inflação, normalmente o IPCA.
Como o valor a ser recebido no futuro é corrigido, o valor atual do produto flutua conforme mudam as expectativas de taxas de juros de hoje até o vencimento, mas menos do que um produto prefixado de mesmo prazo. Em caso de alta nas expectativas para os juros, os títulos se desvalorizam e vice-versa. Essa variação só é colocada em prática (valorização ou desvalorização) em caso de resgate antes do vencimento.
Em nosso cenário base, esperamos que a inflação feche o ano de 2021 em 6,2%. Enxergamos ser importante manter parcela de ativos atrelados à inflação para proteção contra seu efeito ao longo do tempo.
Apresentamos aqui ativos que acreditamos ter boa combinação entre qualidade de crédito e rentabilidade, buscando diversificação em relação setores de atuação e prazo de exposição ao investimento. Note que as taxas podem variar ao longo dos dias, sendo estas aqui apresentadas apenas uma referência.
Invista de acordo com o seu perfil de investidor.
Duration é o prazo médio ponderado dos recebimentos de fluxos referentes ao ativo. Quando o ativo paga juros e/ou amortização periodicamente (por exemplo, todo semestre), sua duration será mais curta do que o prazo. Caso não haja fluxos de pagamento durante a duração do ativo, a duration será igual ao prazo. Quando maior a duration, mais sensível a taxa do ativo será às movimentações do mercado (em caso de venda antes do vencimento).
Entenda tudo sobre crédito privado em nosso artigo Quem tem medo do crédito privado?
Prefixados
Ativos prefixados são aqueles sobre os quais conhecemos, desde o início, exatamente quanto será pago ao final do prazo de investimento (ou seja, no vencimento). Por ser uma taxa fixa, que não é atrelada a nenhum indexador, é benéfica em cenários de expectativa de baixa de juros. Além disso, estes ativos são recomendados para quem busca previsibilidade, independentemente da expectativa para os juros no futuro.
As taxas dos ativos do Tesouro Direto variam diariamente. Portanto, é necessário checar a taxa e valor unitário do título no momento da compra, o que pode ser feito através da conta na corretora.
Invista de acordo com o seu perfil de investidor.
Na categoria de prefixados, optamos por títulos mais curtos, diante do cenário econômico e político particularmente incertos para além de 2022. Sendo assim, buscamos títulos com vencimento não muito além deste horizonte. Títulos prefixados mais longos pagam juros ainda maiores, mas continuamos a enxergar que a incerteza do cenário parece não justificar o alongamento excessivo deste tipo de ativo neste momento.
Como a Selic hoje está em 3,5% (com alta chance de chegar a 4,25% na reunião do Copom do dia 16 de junho), para que o título seja menos vantajoso que uma aplicação pós-fixada, a taxa Selic precisaria superar cerca de 8,3% no final de 2022 (nosso cenário é de 6,5%), 9,0% ao final de 2023 e 9,3% ao final de 2024 (segundo expectativas do mercado no momento da publicação deste relatório).
Apesar dos desafios recentes, ainda nos parece um cenário pouco provável. Assim, ainda que estejamos errados e o Banco Central tenha que subir a Selic além do esperado, aos preços atuais o prefixado curto e médio parece uma alternativa bem defendida, a depender da estratégia de cada investidor.
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