Por que olhar para o petróleo agora?
O setor de energia acumula a melhor performance entre os setores do S&P 500 desde o início do ano. O rali no preço da commodity tem sido motivado por: i) fatores geopolíticos; ii) restrições de oferta e; iii) aumento da demanda dada a recuperação da atividade econômica global em 2024.
Em 2024, o primeiro futuro do petróleo Brent acumula alta de +17,7% (até o fechamento de 4 de abril), o WTI sobe +13,5%, o setor de energia na Bolsa americana (representado pelo ETF XLE) sobe +16,7%, e o índice S&P 500 sobe +8,3%.
Uma mudança de patamar nos preços de petróleo e volatilidade em excesso provocam efeitos disseminados entre outros preços da economia, com efeitos sobre a inflação (que estimamos nesse relatório), o que pode acabar gerando impacto sobre as decisões de política monetária de banqueiros centrais ao redor do mundo, incluindo o Federal Reserve, dos Estados Unidos. Alterações no curso esperado das taxas básicas de juros pelo Fed impactam ativos de risco em todo o mundo, e são um risco não desprezível.
Apesar de um esforço crescente para realizar uma transição energética, o mundo segue dependente do uso de combustíveis fósseis como uma das principais fontes de energia. A falta de investimentos relevantes em aumento de capacidade produtiva nos últimos anos tem gerado pressões sobre a oferta.
O que tem acontecido com a commodity?
Nos últimos anos, os preços de petróleo foram sujeitos à volatilidade proveniente de fatores que foram além da capacidade produtiva e da demanda agregada. A pandemia, guerra entre Rússia e Ucrânia e conflito no Mar Vermelho foram eventos determinantes para restringir a oferta e a circulação global da commodity.
Em abril de 2020, o fechamento de fronteiras, imposição de restrições à mobilidade e queda brusca na demanda provocaram uma queda no preço do primeiro futuro do petróleo WTI de mais de US$ 50 por barril, que chegou a ficar cotado em US$ -30 (preços negativos), evento sem precedentes. Os preços negativos foram reflexo da falta de espaço para realizar o armazenamento e, com isso, os vendedores passaram a ter que pagar compradores para que recebessem fisicamente a commodity em maio de 2020.
Após o complicado período pandêmico, no qual os preços do petróleo ficaram deprimidos e em patamar pouco vantajoso para as petroleiras, a guerra na Ucrânia provocou um choque oposto nos preços. Em fevereiro de 2022, a invasão da Ucrânia pela Rússia causou uma onda de retaliação das potências ocidentais, que, ao impor sanções contra o maior país do mundo (em área), acabou dificultando as exportações russas de óleo e gás natural.
Sanções a oligarcas, saída de marcas estrangeiras do país, corte do sistema SWIFT, congelamento das reservas estrangeiras e sanções às exportações dificultaram o comércio russo, que passou a depender de negociações em moedas alternativas ao dólar e subterfúgios como triangulação das vendas para fazer com que sua produção de petróleo chegasse ao mercado global, evitando sanções. A Rússia passou a exportar sua produção para a China e para a Índia com preços descontados e esses países, por sua vez, repassaram a produção russa para o mercado global, evitando um choque ainda maior de preços, que chegaram próximos a US$ 130 por barril nos picos de incerteza quanto a produção durante os meses iniciais da guerra.
Nos meses posteriores ao momento de choque inicial, a inflação atingiu máximas em diversos países ao redor do mundo, e os países desenvolvidos reagiram com altas de juros, sinalizando o fim de um ciclo de política monetária extremamente expansionista. Preços de commodities se acomodaram em patamares ainda elevados, mas longe do pico, contribuindo para a persistência da inflação que viria a ceder, significativamente, ao longo de 2023.
2023 ainda apresentou volatilidade, porém, longe dos patamares registrados no ano anterior. O preço do petróleo variou entre cerca de US$ 70 e US$ 95 e refletiu uma desaceleração da demanda global, que provocou resposta dos principais produtores, incluindo o cartel OPEP+, liderado pela Arábia Saudita, que instituiu cortes na produção a partir de abril (que foram ampliados e se estendem até o momento, um ano depois).
A Arábia Saudita, entretanto, enfrentou alguma resistência dos demais países do bloco, alguns dos quais chegaram a implementar aumentos de produção. As discordâncias provocaram a saída de Angola, menos de um mês após a OPEP+ anunciar a adesão do Brasil ao cartel, o que somado às tensões crescentes no mar vermelho, com ataques dos Houthis do Iêmen a navios de petroleiras e outros cargueiros na região, provocaram uma elevação nos preços de petróleo a partir de dezembro, que se estendeu ao longo do primeiro trimestre e 2024.
Do ponto de vista de estoques, temos duas principais regiões de interesse:
1) De um lado, a China realizou forte formação de estoques ao longo de 2023 e tem sido beneficiada pela aquisição de petróleo russo a preços descontados. Existe grande expectativa em relação à retomada da atividade econômica no país, que começa a dar sinais de fortalecimento;
2) Nos Estados Unidos, a situação se inverte. Os estoques estratégicos estão em um nível consideravelmente baixo, perto das mínimas desde 1983. O partido republicano acusa o governo democrata de Joe Biden de utilizar os estoques de maneira política, deixando o país vulnerável a um choque mais agudo, tema que pode ressurgir ao longo dos debates nesse ano eleitoral.
O governo já vem realizando compras, em um esforço de recompor os estoques, e pode ser uma importante força compradora, que contribui para elevar os preços do petróleo. A secretária de energia dos EUA, Jennifer Granholm alertou que a recomposição não deve ser feita de uma só vez, e pode chegar a levar anos para reduzir seu custo para o contribuinte.
Impactos macroeconômicos
Do ponto de vista macroeconômico, preços de petróleo em alta representam um dos maiores riscos ao processo desinflacionário em curso e, consequentemente, pode atrasar o início do ciclo de cortes de juros nos países desenvolvidos, deixando os ativos de risco e o crédito pressionados por mais tempo.
O cálculo do núcleo da inflação, indicador observado por bancos centrais para a tomada de decisão de política monetária, exclui itens voláteis como combustíveis e alimentos. Apesar disso, estes preços ainda são relevantes para a perspectiva futura da atuação das autoridades monetárias ao redor do mundo, uma vez que um choque nestes preços pela economia causa um espalhamento da inflação por outros setores.
A disparada dos preços do petróleo no início de 2024 (Brent: +17,7%; WTI: +13,5%) já provoca efeitos que chegam à ponta final do consumo. Os preços da gasolina (RBOB) já sobem cerca de 33% desde o início do ano, impactando a renda disponível dos consumidores ao redor do mundo.
Mas qual é o real efeito do preço do petróleo no núcleo da inflação? Em outras palavras, até que ponto que a alta no preço do petróleo afeta os preços de bens e serviços aos consumidores na economia dos EUA? Os nossos modelos econométricos sugerem que o impacto é limitado, porém existente. Segundo os nossos cálculos, uma alta no preço do petróleo de 30%, se persistente, tende a elevar a inflação em 0,25 ponto percentual. Ou seja, a inflação projetada em 2,50% para o final de 2024, passaria a ser de 2,75%. Este repasse de petróleo para bens e serviços tende a demorar até dois trimestres, e ter duração de até dois anos. O impacto parece ser pequeno, porém pode ser o suficiente para influenciar as decisões de política monetária do Fed.
Eleições nos EUA: acompanhe todas as análises
Nos Estados Unidos, a escalada dos preços de combustíveis é tema de especial interesse do governo nesse ano eleitoral. Apesar de evitada uma recessão, os últimos anos foram marcados por uma percepção de perda do poder de consumo, uma vez que a inflação ao consumidor chegou a atingir o nível mais alto em 40 anos. A taxa básica de juros americana, em seu nível mais elevado desde 2007, é responsável por exacerbar o custo do crédito, contribuindo para o aumento do gasto médio das famílias e a redução da massa de renda disponível.
Além da pressão sobre a inflação, o aumento do preço do petróleo também pesa diretamente sobre o crescimento econômico e sobre as companhias que terão que arcar com custos de energia mais elevados, pressionando suas margens. Recordamos que temos, atualmente, uma perspectiva negativa para a Bolsa americana, uma vez que consideramos elevado o nível atual dos valuations, assim como as expectativas do mercado para os lucros projetados.
O setor e seus subsetores
Energia no índice S&P 500
Desde o início do ano, o setor de energia tem tido o melhor desempenho do índice S&P 500 (XLE: +16,7% vs. SPY: 8,3%), impulsionado pelo desempenho de empresas ligadas ao petróleo. Atualmente, o setor representa cerca de 4% do peso do índice, muito aquém do que já chegou a representar no passado (atingiu 16% em 2008), e consideravelmente abaixo dos 30% de tecnologia, que domina a Bolsa americana nos anos 2020.
Os subsetores
Podemos dividir o setor de Energia em quatro principais subsetores:
- Empresas Integradas: As empresas integradas gerenciam atividades desde a localização e extração de petróleo e gás natural (exploração e produção) até o refino desses recursos em produtos derivados e sua posterior distribuição ao mercado. Esta abordagem holística permite a essas companhias mitigar riscos financeiros e operacionais ao equilibrar as flutuações de mercado entre as diferentes fases da cadeia de valor.
- Exploração e Produção (Upstream): Esse segmento é o coração da indústria, focado na descoberta de jazidas de petróleo e gás e na extração desses recursos naturais. Empresas especializadas neste subsetor utilizam avançadas tecnologias geológicas e de perfuração para acessar reservas em ambientes desafiadores, como o fundo do mar e formações rochosas complexas.
- Refino e Transporte (Midstream): A transição do petróleo bruto e gás natural para produtos derivados (como combustíveis e lubrificantes) ocorre neste estágio. Além do refino, o transporte desempenha um papel crucial, utilizando uma rede de oleodutos, navios e veículos para mover os produtos das áreas de produção para as refinarias e, em seguida, para os mercados consumidores.
- Armazenamento e Transporte: Embora parte do midstream, este subsetor merece destaque pela sua função estratégica na logística e na garantia da contínua disponibilidade de petróleo, gás e derivados. Compreende as operações de armazenamento em larga escala e os sistemas de transporte necessários para assegurar que os produtos energéticos sejam armazenados de forma segura e movimentados eficientemente até os pontos de consumo ou exportação.
- Equipamentos e Serviços: Segmento consiste em companhias que prestam serviços para empresas envolvidas nas etapas de exploração e produção. Consiste em empreiteiros de perfuração ou proprietários de plataformas; fabricantes de equipamentos, incluindo plataformas e equipamentos de perfuração, e fornecedores de suprimentos e serviços para empresas envolvidas na perfuração, avaliação e completação de poços de petróleo e gás.
Como investir?
Para investir na temática do petróleo, é possível comprar ações de empresas envolvidas nas diversas etapas da cadeia produtiva da commodity, assim como operar via ETFs, fundos listados que acompanham cestas diversas de ativos como empresas ou até mesmo seguem o desempenho de contratos futuros de petróleo.
Abaixo, elencamos as empresas mais conhecidas do setor, relembramos seu histórico recente e listamos os principais ETFs ligados ao petróleo.
Principais Empresas de petróleo ao redor do mundo
ExxonMobil (Ticker: XOM)
A ExxonMobil é uma empresa multinacional de energia sediada nos Estados Unidos. Fundada em 1870, é uma das maiores empresas de petróleo e gás natural do mundo. A Exxon está envolvida em todas as fases da cadeia de valor de energia, desde a exploração e produção até o refino e a comercialização. A empresa também tem investido na pesquisa e desenvolvimento de tecnologias para a produção de energia mais limpa e sustentável.
Desde o início do ano, a ExxonMobil teve alta de 19,7%, performance superior ao ETF representativo do setor (XLE: 15,7%). Em sua última divulgação de resultados, a companhia divulgou resultados mistos, impactados por despesas relacionadas à redução do valor de imóveis. A empresa anunciou que pretende ampliar a produção anual de petróleo em cerca de 2% em 2024.
Chevron (Ticker: CVX)
A Chevron é uma empresa multinacional de energia sediada nos Estados Unidos. Fundada em 1879, a empresa está envolvida na exploração, produção e refino de petróleo e gás natural. A Chevron é uma das maiores empresas de energia do mundo e possui operações em diversos países. A empresa tem buscado desenvolver soluções de energia mais limpas e sustentáveis.
Desde o início do ano, a Chevron teve alta de 7,7%, performance inferior ao ETF representativo do setor (XLE: 15,7%). Em sua última divulgação de resultados, a companhia divulgou resultados mistos, devido a um atraso nos planos de expansão da companhia. A empresa anunciou que pretende ampliar a produção anual de petróleo entre 4% e 7% em 2024.
Shell (Ticker: SHEL)
A Shell é uma das maiores empresas de energia do mundo, atuando nos setores de petróleo, gás natural, energia renovável e produtos químicos. Fundada em 1907, a empresa tem sede na Holanda e está presente em mais de 70 países. A Shell é conhecida por sua expertise em exploração e produção de petróleo, bem como por suas operações de refino e distribuição de combustíveis. Além disso, a empresa tem investido cada vez mais em energia limpa e soluções sustentáveis para enfrentar os desafios da transição energética.
Desde o início do ano, a Shell teve alta de 6,8%, performance inferior ao ETF representativo do setor à nível global (IXC: 13,2%). Em sua última divulgação de resultados, a companhia apresentou resultados bons e manteve o nível de distribuição de dividendos inalterado.
TotalEnergies (Ticker: TTE)
A TotalEnergies é uma empresa multinacional de energia, envolvida em todas as etapas da cadeia de valor de energia, desde a exploração e produção de petróleo e gás natural, até o refino, distribuição e comercialização de produtos petrolíferos. Além disso, a TotalEnergies também está expandindo seu portfólio para incluir fontes de energia renovável, como energia solar e eólica, bem como soluções de armazenamento de energia e infraestrutura de carregamento para veículos elétricos.
Desde o início do ano, a TotalEnergies teve alta de 7,7%, performance inferior ao ETF representativo do setor à nível global (IXC: 13,2%). Em sua última divulgação de resultados, a companhia divulgou números mistos, e sinalizou aumento de dividendos e investe no aumento de capacidade de produção de petróleo.
BP (Ticker: BP)
A BP é uma multinacional sediada no Reino Unido que opera no setor de óleo e gás está presente em mais de 70 países, emprega cerca de 70 mil pessoas e suas operações englobam extração, refino e distribuição de combustível, assim como fornecimento de serviços para o varejo. A companhia é a sexta maior do setor no mundo, produzindo aproximadamente 2,3 milhões de barris de petróleo por dia, e tem investido em avanços em energias renováveis.
Desde o início do ano, a BP teve alta de 8,5%, performance inferior ao ETF representativo do setor à nível global (IXC: 13,2%). O ano de 2023 foi turbulento para a BP, cujo então CEO, Bernard Looney, renunciou abruptamente e foi substituído por Murray Auchincloss, até então CFO, que por sua vez foi substituído por Kate Thomson. Em sua última divulgação de resultados, a companhia reportou números positivos e sinalizou que irá aumentar a recompra de ações e dividendos, aumentando o pacote de remuneração do acionista para um nível além do esperado. Diferentemente de outras grandes petroleiras, a BP planeja reduzir a produção de petróleo nos próximos anos à medida que tenta se tornar uma empresa mais verde.
BP está presente na carteira Top Ações Internacionais (BDRs) de abril
Occidental (Ticker: OXY)
A Occidental é uma empresa global de energia sediada nos Estados Unidos. Fundada em 1920, a empresa atua na exploração, produção e comercialização de petróleo e gás natural. A Occidental é reconhecida por sua experiência em operações de perfuração e produção em diversos países ao redor do mundo. Além disso, a empresa tem investido em soluções inovadoras e sustentáveis para enfrentar os desafios da transição energética e reduzir seu impacto ambiental.
Desde o início do ano, a Occidental teve alta de +13,2%, performance inferior ao ETF representativo do setor (XLE: 15,7%).
Equinor (Ticker: EQNR)
A Equinor é uma empresa de energia global com sede na Noruega. Fundada em 1972, a empresa atua na exploração, produção, refino e comercialização de petróleo, gás natural e energia renovável. A Equinor tem investido em fontes de energia renovável, como eólica offshore e energia solar. Além disso, a empresa possui operações em diversos países ao redor do mundo.
Desde o início do ano, a Equinor teve queda de -11,8% devido à decepção nos resultados e momento ruim para iniciativas de energia eólica.
Saudi Aramco (Ticker: 2222 SR)
A Saudi Aramco é uma empresa estatal de energia sediada na Arábia Saudita. Fundada em 1933, a Saudi Aramco é considerada a maior empresa de petróleo do mundo em termos de produção e reservas. A empresa está envolvida na exploração, produção, refino e distribuição de petróleo bruto e gás natural. Com suas vastas reservas de petróleo, a Saudi Aramco desempenha um papel crucial no fornecimento de energia global e é uma das principais impulsionadoras da economia saudita. Em termos de reservas de óleo bruto e produção, a companhia é a maior do setor.
Desde o início do ano, a Saudi Aramco teve queda de 8,2%, como reflexo do corte de produção da Arábia Saudita. A companhia não possui ADRs, sendo negociada via bolsa saudita (TADAWUL), e conta com baixa liquidez.
Pemex
A Pemex (Petróleos Mexicanos) é a empresa estatal de petróleo e gás do México. Fundada em 1938, a Pemex é responsável pela exploração, produção, refino e distribuição de petróleo e gás natural no país. A empresa desempenha um papel estratégico na economia mexicana, sendo uma das maiores fontes de receita do governo e uma das principais empregadoras do país. A Pemex está comprometida com a segurança, eficiência e desenvolvimento sustentável em suas operações, buscando impulsionar o setor energético do México e contribuir para o suprimento de energia do país.
A Pemex não possui ações listadas em bolsa, sendo de propriedade do governo mexicano. A estatal, entretanto, emite títulos de dívida.
Petrobras (Ticker: PBR; PBR/A; PETR3 BZ; PETR4 BZ)
Empresas Brasileiras: Confira as análises do time de óleo e gás da XP
A Petrobras é uma empresa estatal brasileira de energia e petróleo. Fundada em 1953, a Petrobras é uma das maiores empresas de exploração, produção, refino e distribuição de petróleo e gás natural do mundo, e desempenha um papel fundamental no setor energético do Brasil.
Desde o início do ano, a Petrobras teve alta de cerca de +1,7% em reais e cai -2,8% em dólares, devido à depreciação do real.
Principais ETFs
Entre os principais veículos de investimento em petróleo estão os ETFs, fundos de índices listados em bolsa que acompanham diversos temas. Mapeamos os ETFs de empresas do setor de energia:
IXC – iShares Global Energy ETF
Este ETF representativo do mercado global de energia acompanha o índice S&P Global 1200 Energy, que compreende todos os membros do S&P Global 1200 classificados como empresas de energia. O índice é composto por companhias como ExxonMobil, Chevron, Shell, TotalEnergies e BP. A gestão é feita pela BlackRock.
XLE – Energy Select Sector SPDR Fund
O XLE é o principal ETF do setor em termos de tamanho, e acompanha o índice Energy Select Sector, que compreende empresas large-cap americanas de energia, balanceadas por capitalização de mercado. O índice é composto por companhias como ExxonMobil, Chevron, EOG Resources, Schlumberger e ConocoPhillips. A gestão é feita por SPDR.
OIH – VanEck Oil Services ETF
O OIH acompanha o índice MVIS US Listed Oil Services 25, que compreende ações e ADRs de empresas do setor de Oil Services (serviços ligados à cadeia do petróleo). O índice é composto por companhias como Schlumberger, Halliburton e Baker Hughes. A gestão é feita pela VanEck.
CRAK – VanEck Oil Refineries ETF
CRAK é um ETF que acompanha o índice MVIS Global Oil Refiners Index, que compreende companhias globais de grande capitalização de mercado e líquidas do segmento de refino de petróleo. O índice é composto por empresas como Marathon e Reliance Industries. A gestão é feita pela VanEck.
XOP – SPDR S&P Oil & Gas Exploration & Production ETF
XOP é um ETF que acompanha o índice S&P Oil & Gas Exploration & Production Select Industry, que compreende todas as empresas americanas do subsetor de exploração e produção de óleo e gás. O índice é composto por empresas como Valero Energy, Denburry, Chevron e ExxonMobil. A gestão é feita por SPDR.
PSCE – Invesco S&P SmallCap Energy ETF
O PSCE é um ETF que acompanha o índice S&P SmallCap 600 Capped Energy. O índice é composto por empresas de pequena capitalização de mercado, como Cibitas Resources e Patterson-UTI Energy. A gestão é feita pela Invesco.
Para além de empresas, os ETFs também podem acompanhar outros tipos de ativos. Os fundos a seguir acompanham o próprio petróleo.
USO – United States Oil Fund LP
O fundo tem como objetivo acompanhar a variação do petróleo WTI (West Texas Intermediary). USO investe principalmente em contratos futuros de petróleo bruto doce leve, outros tipos de petróleo bruto, óleo para aquecimento a diesel, gasolina, gás natural e outros combustíveis à base de petróleo. A gestão é feita pelo United States Oil Fund.
USL – United States 12 Month Oil Fund LP
O fundo tem como objetivo acompanhar a variação média do petróleo WTI (West Texas Intermediary) nos próximos 12 meses. USL investe principalmente em contratos futuros de petróleo bruto leve, outros tipos de petróleo bruto, óleo para aquecimento a diesel, gasolina, gás natural e outros combustíveis à base de petróleo. A gestão é feita pelo United States Oil Fund.
BNO – United States Brent Oil Fund LP
O fundo tem como objetivo acompanhar a variação do petróleo Brent Crude. A gestão é feita pelo United States Oil Fund.
Análise Técnica do Petróleo (Brent)
Fonte: Investing.com
O Brent futuro está acima das médias de 21 e 200 dias em sinal de tendência altista, já a formação de candles superando máximas dos dias anteriores e o RSI (Índice de Força Relativa) subindo reforçam ainda mais o sinal de alta. Há uma resistência nos 97,70 que se superada, formaria um pivô de alta com projeções de Fibonacci nos 114,00 ou 140,00. O sinal de alta perderia força com um fechamento abaixo dos 80,00, onde existe um suporte pela média de 21 dias.
Perspectivas e projeções
O setor de Energia, apesar de cíclico, tem um dinâmica diferente de outros setores pois, nos últimos anos, houve pouco investimento em novos projetos de óleo e gás. Vemos downside limitado para o preço do petróleo, principalmente ao considerar os seguintes fatores de risco:
- Questões geopolíticas como sanções ao Irã e Venezuela, conflitos no Oriente Médio e guerra entre Rússia e Ucrânia;
- Necessidade de recomposição das reservas estratégicas dos EUA após um longo período de venda;
- A atuação firme da OPEP+ em conter o crescimento de produção dos seus países-membros;
- Melhora das perspectivas para o crescimento global (especialmente com a retomada da atividade econômica chinesa).
Em seus últimos comunicados, a OPEP sinalizou que não vê necessidade de mudanças em sua política atual (de produção reduzida) e que não tem intenção de utilizar a sua capacidade ociosa até que os preços de petróleo atinjam um patamar mais elevado. A última reunião da OPEP+ anunciou uma prorrogação do atual nível de produção reduzida até, pelo menos, junho, quando ocorre outro encontro do cartel.
A fase mais recente da guerra entre Rússia e Ucrânia colocou como alvo a infraestrutura de energia da Rússia. Após os ataques, ocorreu uma redução considerável da taxa de refino do país, o que, combinado ao compromisso de realizar uma redução voluntária da produção, em alinhamento com os cortes da OPEP+, reduz a oferta agregada proveniente da Rússia.
A sustentabilidade do crescimento chinês e a possibilidade de novos estímulos deverá ser monitorada de perto, ainda que os níveis de estoque mais elevados de petróleo tendem a minimizar em um momento inicial o impacto da retomada da atividade econômica do país sobre os preços globais da commodity.
Fatores adicionais considerados em menor medida, como o elevado nível de consumo de energia elétrica por Datacenters utilizados para o treinamento de energia artificial, que tende apenas a aumentar, também podem contribuir para o aumento do consumo de combustíveis fósseis, uma vez que a infraestrutura atual de energia elétrica não dá conta do aumento de demanda.
Há um fraco equilíbrio entre oferta e demanda que deve persistir até o final do 1º semestre de 2024, com a possibilidade de materialização de dois cenários de cauda:
i) o risco geopolítico pode, de fato, se traduzir em uma perda de oferta
ii) Os sauditas podem usar parte de sua capacidade ociosa mais cedo e mais rápido do que os participantes do mercado estão prevendo, antes do início de 2025.
De um ponto de vista macroeconômico, tememos que novas altas no preço do petróleo ou a persistência do preço em nível mais elevado possa provocar um adiamento nas expectativas para o início do ciclo de cortes de juros pelo Federal Reserve, o que provoraria a reprecificação dos ativos de risco globais.