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Economia em Destaque: PIB brasileiro surpreende positivamente, enquanto economia americana dá mais sinais de arrefecimento

Seu resumo semanal de economia no Brasil e no mundo

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Resumo

No cenário internacional, dados de emprego e atividade mostram arrefecimento da atividade econômica norte-americana. Dados chineses, por outro lado, mostram alguma recuperação da atividade na margem. Na zona do euro, os dados de inflação reiteram necessidade de alta adicional nas taxas básicas de juros.

No Brasil, o PIB do Brasil surpreendeu positivamente no segundo trimestre, crescendo 0,9% t/t. Por outro lado, dados do mercado de trabalho mostram desaceleração gradual adiante. Na seara política, o orçamento de 2024 foi apresentado, bem como tivemos a edição de Medida Provisória (MP) para tributação de offshores e fundos exclusivos.

Cenário internacional

Desemprego, atividade e preços nos EUA mostram o efeito da política monetária contracionista

Os indicadores de emprego divulgados nessa semana mostraram que, apesar do mercado de trabalho continuar apertado, as condições estão se afrouxando na margem. O relatório Jolts de Julho registrou queda no numero de vagas abertas de emprego de 9,2 milhões para 8,8 milhões, seu nível mais baixo desde Abril de 2021. Ademais, o principal relatório do mercado de trabalho norte-americano, o Nonfarm payroll, também mostrou alívio nos dados de agosto: (1) a geração liquida de novos empregos ficou em 187 mil, bastante abaixo da média dos últimos 12 meses de 271 mil; (2) a taxa de desemprego aumentou inesperadamente de 3,5% para 3,8%; (3) a participação no mercado de trabalho aumentou de 62,6% para 62,8%, e (4) o salário médio cresceu 0,2%, abaixo das variações observadas nos meses anteriores. O afrouxamento do mercado de trabalho é um fator importante para o fim do ciclo de aperto monetário.
Do lado da atividade, a segunda estimativa do PIB do segundo semestre dos Estados Unidos veio com revisão baixista. A primeira leitura indicou crescimento trimestral de 2,4% em termos dessazonalizados e anualizados, e a segundo leitura registrou crescimento de 2,1%. Ademais, os gastou em consumo avançaram consideravelmente em 0,8% em julho, e no acumulado em doze meses registrou crescimento 6,4%. Os dados oficiais indicam forte resiliência da atividade econômica nos Estados Unidos, embora os indicadores antecedentes comecem a mostrar sinais de desaceleração.
Do lado de preços, a principal medida de inflação nos Estados Unidos, o deflator do consumo (core PCE), foi divulgado referente a julho. A inflação acumulada em 12 meses avançou ligeiramente de 4,09% para 4,24%. O avanço foi devido ao efeito base não favorável (variação mensal negativa no mesmo mês do ano passado), e não uma piora do processo de desinflação. Com efeito, o core PCE registou variação mensal de 0,22%, e as variações dos últimos 3 meses são consistentes com a inflação encerrando 2023 abaixo de 3,5%. Este nível é acima da meta de 2%, mas mostra que o processo de desinflação está avançando.
O afrouxamento do mercado de trabalho, desaceleração da atividade, e queda da inflação são fatores essenciais para que o banco central dos Estados Unidos (o Fed) encontre espaço para encerrar o ciclo de alta de juros e eventualmente pensar em cortes. No agregado, os dados dessa semana mostram que o efeito da política monetária contracionista está se tornando mais evidente, diminuindo a probabilidade de altas adicionais nos juros de referência. Os mercados reagiram bem, e a taxa de juros do título do tesouro de 2 anos caiu cerca de 20 bps, e a bolsa americana subiu perto de 2%.

Atividade econômica chinesa parece começar a reagir aos estímulos do governo

O índice oficial de gerentes de compra (PMI) da indústria manufatureira da China foi de 49,7 em agosto. A leitura foi superior às expectativas de 49,5, bem como a leitura de julho de 49,3.
A fraqueza no setor industrial foi impulsionada principalmente pela desaceleração da procura local e externa este ano, à medida que as condições econômicas nos maiores parceiros comerciais da China pioraram. A atividade não-industrial cresceu menos do que o esperado em agosto, com o PMI não-industrial marcando 51,0, mais fraco do que as expectativas de 51,1 e a leitura de julho de 51,5. Ainda assim, a melhoria no setor industrial fez com que o PMI composto da China – um indicador da atividade empresarial global, subisse 51,3 em Agosto, face a 51,1 em julho.

Inflação na Zona do Euro de agosto em alta, mas núcleo desacelera

Na Zona do Euro, a inflação aumentou 0,6% m/m em agosto, acima das expectativas, e a taxa anual manteve-se estável em 5,3% a/a. O componente fora do núcleo foi o principal impulsionador da alta. Por seu lado, o núcleo da inflação aumentou 0,3% m/m, e a sua variação anual caiu de 5,5% a/a em julho para 5,3% a/a em agosto.

O processo de desinflação está avançando na zona euro, embora permaneça lento, principalmente devido ao crescimento salarial que continua elevado. Esta evolução é consistente com uma última alta das taxas de juro de 25 pontos base na próxima reunião de política monetária em setembro. Após setembro, acreditamos que a avaliação da necessidade de aumentos adicionais considerará o trade-off entre inflação e crescimento econômico.

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Enquanto isso, no Brasil…

PIB do segundo trimestre veio muito acima das expectativas

O PIB brasileiro cresceu 0,9% t/t no 2T23, muito acima da nossa previsão e do consenso de mercado (0,5% e 0,3%, respectivamente). O indicador subiu 3,4% na comparação interanual (XP: 2,8%; mercado: 2,7%), levando a um crescimento de 3,2% no acumulado em 12 meses.

Pelo lado da Oferta, a Agropecuária novamente mostrou protagonismo. A safra agrícola recorde – especialmente de soja – explicou grande parte do crescimento do PIB mais acentuado do que o previsto nos últimos dois trimestres. O PIB da Indústria também cresceu, impulsionado pelo forte desempenho das indústrias extrativas minerais. O PIB de Serviços registrou a 12ª elevação trimestral consecutiva, porém, deve desacelerar de forma suave daqui para frente.

Pelo lado da Demanda, a Absorção Doméstica retomou o crescimento no 2T. O Consumo das Famílias permaneceu em rota ascendente (0,9%), na esteira do recuo da inflação e do aumento da massa de renda disponível. Além disso, o Consumo do Governo surpreendeu positivamente ao avançar 0,7% no trimestre passado.

Os dados recentes do PIB sugerem que a economia brasileira irá desacelerar gradualmente ao longo deste ano. Alguns termos como pouso suave (soft landing) e atividade resiliente podem ser aplicados no Brasil, a nosso ver. As condições de crédito ainda apertadas, a dissipação do choque positivo da agricultura e a moderação no mercado de trabalho são as principais razões por trás deste prognóstico. Nossa projeção para o crescimento do PIB em 2023 provavelmente subirá para perto de 3%. Divulgaremos em breve as nossas previsões revisadas para o PIB total e seus componentes.

Dados corroboram visão de desaceleração gradual do mercado de trabalho

A taxa de desemprego no Brasil recuou para 7,9% no trimestre móvel encerrado em julho ante 8,0% no segundo trimestre de 2023. Tanto os empregos formais quanto os informais, embora tenham perdido força, avançaram em julho. A soma de ocupações formais aumentou 0,4% em julho em relação ao mês anterior, totalizando 58,7 milhões. De acordo com as nossas projeções, as categorias de empregos com contrato assinado tiveram crescimento mensal de, em média, 0,3% entre janeiro e julho de 2023 (em comparação a uma média mensal de 0,6% em 2022).

Os rendimentos do trabalho mostram perda de tração. Em média, os rendimentos nominais habituais do trabalho cresceram 0,4% ao mês entre janeiro e julho de 2023, bem abaixo do ritmo de 0,9% entre janeiro e dezembro de 2022.Em termos reais, o rendimento médio habitual do trabalho ficou praticamente estável em julho comparado a junho, e 0,2% abaixo do nível visto em dezembro de 2022.

A desaceleração no emprego e na renda deve continuar nos próximos meses, em linha com o ritmo mais lento de crescimento econômico. A taxa de desemprego deve encerrar 2023 em torno de 8% (dessazonalizada). Calculamos uma taxa média de desemprego de 8,2% este ano, abaixo dos 9,3% do ano passado.

Resultado primário vem abaixo das expectativas

O resultado primário do governo central registrou um déficit de R$ 35,9 bilhões em julho, abaixo do consenso (R$ -33,2 bilhões) e da nossa previsão (R$ -34,7 bilhões). No acumulado do ano, o saldo primário apresenta déficit de R$ 78,2 bilhões, e nos últimos 12 meses acumulou déficit de R$ 97,0 bilhões (0,9% do PIB). A receita líquida caiu 5,3% em termos reais, impulsionada pelo IRPJ/CSLL, concessões, dividendos e royalties do petróleo. Os gastos totais cresceram 31,3% A/A em termos reais, impulsionados pelos benefícios previdenciários e pelo programa Bolsa Família.
À medida que a atividade econômica desacelera nos setores que mais arrecadam, continuamos a esperar um novo declínio nas receitas. Em relação aos gastos, esperamos que as despesas discricionárias impulsionem o crescimento nos próximos meses. Olhando para o futuro, mantemos a nossa estimativa de um déficit de R$ 108,5 mil milhões para o governo central este ano.

Orçamento de 2024 é apresentado

O governo apresentou o orçamento de 2024 com meta de resultado primário zerada, conforme o esperado. Para isso, o governo deve lançar mão de pacote de aumento de arrecadação de R$168 bi. No entanto, vemos em tais medidas potencial arrecadatório de apenas R$85 bi. Destacamos, por exemplo, a alta incerteza relacionada à receita da mudança do voto de qualidade do CARF, já que a proposta final aprovada pelo Congresso prevê uma série de descontos de multas e juros, além da possibilidade de pagamento parcelado em 12 vezes, por meio de compensação de prejuízo fiscal de CSLL sem limite ou com precatórios. A tributação de fundos exclusivos, por sua vez, deve ter a alíquota aplicada ao estoque reduzida de 10% para 6%, enquanto a extinção da JCP deve sofrer forte resistência política.

Fundos Offshore e Fundos Exclusivos são alvos de tributação

O governo publicou a Medida Provisória (MP) 1.184, que dispõe sobre a tributação de aplicações em fundos de investimentos exclusivos. Segundo as estimativas do governo, a medida levará a uma arrecadação de R$ 24 bilhões entre 2023 e 2026. Para o ano corrente, há expectativa de receitas de R$ 3,2 bilhões, que serviria como fonte de compensação para o aumento da faixa de isenção do IRPF. Com a MP, os fundos de investimentos fechados ficam submetidos à tributação periódica, com alíquota de 15%. A taxa sobe para 20% no caso dos fundos de curto prazo.

Junto a isso, o Palácio do Planalto encaminhou ao Congresso o Projeto de Lei (PL) dos fundos offshore. Segundo o texto, as pessoas físicas com renda no exterior entre R$ 6 mil e R$ 50 mil por ano ficarão sujeitas à tributação pela alíquota de 15%, enquanto aquelas com renda superior a R$ 50 mil terão uma alíquota de 22,5%.

Senado aprova projeto pró-governo para aumentar as receitas, enquanto Câmara aprova redução de alíquota previdenciária

O Senado Federal aprovou o projeto de lei para restabelecer o voto de qualidade pró-governo no CARF (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais). A medida faz parte de um pacote enviado pelo governo para aumentar as receitas e promover a consolidação fiscal e estima-se que produza um ganho de R$ 54,7 bilhões no próximo ano. Por outro lado, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei para reduzir a alíquota da contribuição previdenciário para 17 setores da economia e para os municípios até 2027, o que deverá ter um impacto negativo na arrecadação de impostos de cerca de R$ 11 bilhões, segundo a imprensa.

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O que esperar da semana que vem

Na agenda internacional, teremos semana relativamente mais calma. O destaque será a divulgação do índice PMI nos Estados Unidos, zona do euro e no Reino Unido ao longo da semana. O índice PMI reflete uma sondagem com empresários sobre as condições econômicas e de negócios nos países. Na quarta-feira, será divulgado o livro bege do Fed – relatório sobre as atuais condições econômicas em cada um dos 12 distritos dos EUA em que o banco central está presente. Na China, saem os resultados do comércio exterior na quinta-feira e a inflação ao consumidor e ao produtor na sexta-feira. Estes dados são referentes a agosto.

No Brasil, agenda econômica pouco movimentada em semana de feriado. Como protagonista, teremos a divulgação da Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF) de julho pelo IBGE na terça-feira, para a qual a expectativa da XP é de queda de 0,5% m/m para a produção industrial, condizente com retração interanual de 0,9%. Na quarta-feira, conheceremos o IGP-DI de agosto, após surpresa baixista no IGP-M do mesmo mês. Por fim, conheceremos as vendas e produção de veículos de agosto, divulgadas pela Fenabrave e pela Anfavea.

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