“Maior risco no cenário internacional traz incerteza e volatilidade, mas a agenda de reformas no Brasil segue firme.”
Agosto foi um mês desafiador para o Ibovespa. As incertezas no cenário externo, com destaque para as preocupações com o crescimento global, pesaram nos mercados ao redor do mundo, e o Brasil não saiu ileso. O índice acumulou queda de -0,7%, com forte alta do dólar também em destaque, que fechou em R$4,14/USD.
As tensões comerciais entre os EUA e a China, dados fracos de atividade na Europa e nos EUA, crise na Argentina e outros eventos globais preocupam. O receio é que o crescimento global desacelere de maneira acentuada, e a dúvida é como o Brasil fica nesse contexto, com potencial impacto negativo para o crescimento (nossas estimativas preliminares sugerem que uma retração de 1 p.p. do crescimento do PIB mundial poderia reduzir o crescimento do Brasil em aproximadamente 0,35 p.p.), preocupação de que a alta do dólar pressione a inflação e, por consequência, haja menos espaço para cortes de juros adiante. O caminho está se provando tortuoso, e a volatilidade deve continuar, mas seguimos construtivos com o Brasil adiante.
A agenda doméstica permanece robusta e avança, o que vemos como transformacional. A Reforma da Previdência está próxima de uma aprovação final no Senado, quase sem diluição em relação ao aprovado na Câmara. Enquanto isso, a discussão em relação à Reforma Tributária ganha corpo e ruma a simplificação. Por último, a agenda micro também avança, com destaque para as discussões de privatização, a potencial Reforma Administrativa e o marco regulatório do saneamento e do gás. As sinalizações são na direção correta.
Neste contexto, apesar da incerteza externa, esperamos aceleração da atividade econômica e dos lucros das empresas, com juros na mínima histórica e rumando para níveis ainda inferiores. Continuamos a ver a Bolsa como o melhor ativo a se investir no Brasil. Após a recente queda, o Ibovespa negocia a 11,4x preço / lucro, abaixo da média histórica de 12,3x. Nos patamares atuais, vemos um risco-retorno assimétrico para cima, com projeção de 140 mil pontos para final de 2020.
Carteira Top 10 ações XP
Para o mês de setembro:
(i) trocamos Bradesco por Itaú, um nome mais resiliente em meio à volatilidade, mantendo ainda alguma exposição ao setor de bancos, no qual temos um viés ainda positivo e vemos se beneficiando do ciclo benigno econômico e de crédito;
(ii) substituímos IRB e Grupo Pão de Açúcar por B2W e Iguatemi, com potencial esperado maior dado que são nomes que poderiam se beneficiar mais rapidamente do fechamento da curva de juros e crescimento econômico potencialmente acelerando. Além disso, após os riscos mitigados com a divulgação da estrutura societária da Ame Digital (braço de pagamentos da B2W com as Lojas Americanas) e aumento de capital da B2W, vemos momento positivo para a B2W adiante, que se encontra bem posicionada, também, para capturar o crescimento do e-commerce.
Os principais temas da nossa carteira são:
(1) SELIC baixa por mais tempo do que está precificado (RENT, ENBR, CPLE e IGTA) – vimos uma queda expressiva da curva de juros nos últimos meses que não se refletiu inteiramente na Bolsa;
(2) Crescimento acelerando (ITUB, BTOW e AZUL) – acreditamos que esse tema deve começar a ganhar tração ao longo dos próximos meses;
(3) Nomes de qualidade (LREN, RENT, ITUB e IGTA) – eles protegem a carteira no curto prazo, mas também buscamos opções que se beneficiam da retomada econômica adiante;
(4) Cíclicos globais descontados (PETR e JBSS) - mas de forma seletiva, dadas as incertezas globais ainda elevadas.
Vemos potencial de valorização para as ações, baseado (i) no potencial ganho sustentado de margens para a frente, (ii) melhora no cenário macroeconômico, resultando em nível mais favorável de câmbio, (iii) ambiente racional de oferta e demanda, resultando em uma conjuntura benigna de precificação e (iv) múltiplos atrativos.
Acreditamos que a EDP negocia a um desconto injustificado em relação a seus pares devido a: (1) maiores retornos na construção de seus projetos de transmissão, (2) revisões tarifárias na EDP Espírito Santo e São Paulo e (3) um portfólio de ativos de geração que apresentam elevado potencial de geração de caixa.
Continuamos a ver sólidos resultados nos EUA e tendências mais fortes no Brasil, além de potencial reprecificação das ações com menores riscos de governança e possível listagem nos EUA. A empresa também está estrategicamente posicionada para capturar impactos positivos da peste suína africana.
Vemos a Renner como um nome de qualidade que oferece proteção para a carteira em ambiente de volatilidade, com entrega sólida e consistente de crescimento. Acreditamos que os resultados no curto prazo, apesar da decepção com a atividade, devem se destacar em relação às demais varejistas e impulsionar as ações.
Com a conclusão da migração de algumas categorias do modelo de e-commerce próprio para o marketplace e impacto reduzido do fim da Lei do Bem nos resultados a partir do 2S, acreditamos que a empresa está bem posicionada para capturar a melhora, ainda que gradual, no ambiente macroeconômico e crescimento online.
É nosso nome preferido dentro do setor de shoppings, combinando um portfólio de shoppings bem posicionados e de qualidade com múltiplos atrativos. Acreditamos que o setor deva ser impulsionado com a melhora da atividade, curva de juros mais baixa e com um ambiente mais ativo de expansões, aquisições e novos projetos.
Apesar da consistente alta das ações, acreditamos que fatores como (i) maior capacidade de crescimento ante concorrentes, (ii) maior liberdade de precificação, (iii) momento macro/setorial favorável, com taxas de juros estruturalmente mais baixas, e (iv) uma execução de primeira linha justifiquem o prêmio que a empresa negocia em relação a pares.
Acreditamos que há espaço para a redução do desconto que a Copel negocial em relação a pares devido a (1) iniciativas de redução de custos, (2) potenciais ganhos com a venda da Copel Telecom e (3) redução mais acelerada do endividamento com a maturidade dos investimentos realizados em geração.
Apesar da recomendação Neutra baseada no menor potencial de crescimento de lucros relativo aos seus pares, mantivemos o Itaú na carteira de dividendos devido ao alto pagamento de dividendos. Com yield próximo a 5,5% para 2019 e 6,0% para 2020 e tendo pago praticamente 90% dos lucros em dividendos em 2018, vemos como uma opção atrativa.
Vemos a Petrobras como excessivamente descontada em face de uma agenda positiva sem precedentes. As vendas de ativos são o grande destaque, com a venda das 8 refinarias podendo gerar R$52 a R$57 bi em recursos, e a venda de ativos de gás natural outros R$11 a R$13 bi. Finalmente, a conclusão da renegociação da Cessão Onerosa foi outro marco para a companhia.
Carteira Top Dividendos XP
O investimento em dividendos oferece uma alternativa para quem busca menor volatilidade e a oportunidade de criar um fluxo de renda recorrente, além do crescimento do valor de mercado do portfólio pela apreciação das ações.
A AES Tietê apresenta os maiores dividendos da cobertura do setor elétrico., mesmo assumindo um cenário adverso de incidência de chuvas No entanto, destacamos possíveis pressões no curto prazo devido a uma possível oferta de ações para financiar a aquisição do complexo eólico Alto Sertão III.
O segmento de transmissão de energia é baseado em receitas fixas e margens elevadas, proporcionando um estável fluxo de dividendos. Apesar de acreditarmos que as ações estão próximas do valor justo, a TAESA deve se beneficiar no curto prazo, a de um cenário de queda das taxas de juros, que aumenta a atratividade de pagadoras de dividendos.
Acreditamos que a EDP negocia a um desconto injustificado em relação a seus pares devido a: (1) maiores retornos na construção de projetos de transmissão, (2) revisões tarifárias na EDP Espírito Santo e São Paulo e (3) um portfólio de ativos de geração que apresentam elevado potencial de geração de caixa.
Após a privatização da companhia, o foco do mercado será em agendas de eficiências de custos para reduzir a diferença de R$20/m3 de custos operacionais para as pares privadas. Por ter baixo endividamento e receber relevantes recursos de um acordo com a Eletrobras anunciado em 2018, estimamos dividendos de 8,2% para a BR em 2019-21
Apesar da recomendação Neutra baseada no menor potencial de crescimento de lucros relativo aos seus pares, mantivemos o Itaú na carteira de dividendos devido ao alto pagamento de dividendos. Com yield próximo a 5,5% para 2019 e 6,0% para 2020 e tendo pago praticamente 90% dos lucros em dividendos em 2018, vemos como uma opção atrativa.
Quer saber em detalhe os temas-chave de agosto?
Temas-chave de agosto | 1. Tensões globais dominam a agenda
Temas-chave de agosto | 2. O ponto positivo: Juros globais baixos
Temas-chave de agosto | 3. Reforma da Previdência se consolida
Temas-chave de agosto | 4. Agenda micro toma corpo
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