Esperamos um primeiro trimestre mais fraco para o setor de varejo, com crescimento de receita mais suave e rentabilidade pressionada, por conta de fortes bases de comparação, clima desfavorável, renda disponível pressionada e sazonalidade do 1T tradicionalmente mais fraca, enquanto altas taxas de juros devem pressionar o lucro líquido das empresas mais alavancadas. O destaque positivo devem ser as varejistas de alta renda, com a Vivara, Grupo Soma e Arezzo apresentando a melhor performance, enquanto o varejo alimentar (Assaí) e farmácias (Panvel e RD) permanecem como os nomes mais resilientes operacionalmente. Apesar de o e-commerce se beneficiar de um cenário competitivo mais favorável, o ambiente macroeconômico permanece desafiador. Por fim, destacamos as varejistas de baixa/média renda como os destaques negativos.
Resultados mistos para o varejo discricionário, com as empresas focadas no público de alta renda sendo novamente o destaque, mas com crescimento desacelerando por conta de fortes bases de comparação. Quanto aos destaques negativos, notamos que as varejistas de baixa/média renda terão o crescimento de receita pressionado por conta do cenário macro, clima desfavorável e alto nível de inadimplência, enquanto os resultados de curto prazo devem permanecer desafiador para teses de recuperação/reestruturação como ALPA, NTCO e MLAS.
O varejo alimentar deve continuar apresentando resultados sólidos, com um forte crescimento de receita, embora desacelerando T/T, e rentabilidade pressionada devido aos fortes planos de expansão. Esperamos que Assaí e Grupo Mateus sejam os destaques, com sólido crescimento de vendas mesmas lojas e receita, dinâmica sólida de margem para ASAI e melhora na dinâmica de capital de giro para GMAT. Por outro lado, Carrefour Brasil e GPA devem ser os pontos negativos, devido aos desafios relacionados à integração do Grupo BIG e aos desafios macroeconômicos, respectivamente.
Uma leitura ainda desafiadora para o e-commerce. Esperamos que as empresas de e-commerce reporte resultados fracos do 1T23, com o cenário macro desafiador sendo um ofensor para a demanda de bens duráveis, parcialmente compensando o potencial benefício oriundo da fragilidade e recuperação judicial da Americanas, enquanto despesas financeiras continuam levando à um prejuízo líquido. Por fim, a geração de caixa deve ser negativa, em linha com a sazonalidade do primeiro trimestre.
As farmácias devem reportar resultados sólidos, apesar da forte base de comparação. Esperamos que o crescimento de receita permaneça sólido, apesar da forte base de comparação (Omicron + surto de gripe), impulsionados pela expansão orgânica e o forte reajuste de preços de 2022 (+11%). Quanto a rentabilidade, esperamos uma expansão de margem para RD e Panvel enquanto a Pague Menos deve ser pressionada pela maior participação do canal digital e pressões inflacionárias.
E-commerce
Enjoei (ENJU3)
Esperamos que a ENJU reporte resultados mistos no primeiro trimestre, já que o GMV continua a desacelerar, com queda de -11% no comparativo anual (estável no trimestre) para R$ 241 milhões, além de menores investimentos em marketing e tráfego reduzido devido ao retorno da sazonalidade de férias, mas com a melhora lucratividade. A taxa de take rate (com base na receita bruta) deve continuar a aumentar, subindo +0,4p.p no trimestre e +2,8p.p no comparativo anual (para 16,5%), refletindo o foco da empresa na categoria de vestuário, otimização de incentivos e lançamento de novos fluxos de receita. Como resultado, a receita líquida deve crescer 16%, enquanto a margem bruta continua a crescer, +9,8p.p em relação ao ano anterior, devido a menores custos de logística e incentivos, enquanto o EBITDA Ajustado (excluindo o plano de opção de compra de ações) deve permanecer negativo em -R$12 milhões. Por fim, estimamos um prejuízo líquido de -R$13 milhões.
Magazine Luiza (MGLU3)
Esperamos que o Magazine Luiza reporte resultados fracos no primeiro trimestre, com um crescimento tímido da receita, mesmo com a fragilidade da AMER, já que o cenário macro difícil continua pesando na demanda de bens duráveis, enquanto a implementação do Difal deve pesar na lucratividade. O GMV total deve crescer 9% A/A, suportado pelo GMV online crescendo +10% (1P em +5% e 3P em +20%), beneficiando-se da recuperação judicial da AMER, enquanto as lojas físicas devem registrar um SSS de +2,6%, devido à menor demanda por bens duráveis. Quanto à lucratividade, a margem bruta deve ser o destaque negativo, -0,9p.p no comparativo anual, já que os aumentos de preço para compensar a implementação do Difal foram distribuídos ao longo do trimestre, embora a margem EBITDA deva melhorar +0,6p.p por conta de eficiências operacionais. Por fim, esperamos um prejuízo líquido de R$202 milhões, enquanto a geração de caixa deva ser negativa, em linha com a sazonalidade do trimestre.
Via (VIIA3)
Esperamos que a Via reporte resultados fracos no primeiro trimestre com uma dinâmica mista de GMV e níveis de rentabilidade mais baixos, apesar do cenário competitivo mais fragilizado com reestruturação da Americanas. O GMV total deve ficar estável (+2% A/A), suportado principalmente pelo canal físico (SSS +5% A/A), enquanto o GMV online continua em queda, já que o cenário macro fragilizado pressiona as vendas 1P (-15%), o que mais do que compensa a recuperação do canal 3P (+25%) após a mudança de foco para SKUs de cauda longa. Quanto à lucratividade, a margem bruta deve subir +0,3p.p no comparativo anual por conta de um ambiente competitivo mais racional, enquanto a margem EBITDA deve cair -100bps A/A devido à impactos não recorrentes registrados no 1T22, embora melhorando +100bps no trimestre. Por fim, esperamos um prejuízo líquido de R$ 272 milhões, com despesas financeiras mais pesadas, enquanto a geração de caixa deve permanecer negativa, em linha com a sazonalidade do trimestre.
Consumo discricionário
Alpargatas (ALPA4)
Esperamos que a Alpargatas entregue outro trimestre de resultados fracos, com uma dinâmica semelhante ao 4T22. Esperamos que a venda líquida consolidada tenha uma queda de -2,1% A/A, uma vez que os desafios macro continuam pesando nas operações do Brasil, e a fraca sazonalidade aliada aos ajustes estratégicos pesam também nas operações internacionais. A receita líquida do Brasil deve se manter estável A/A, já que os volumes pressionados (-12,5% A/A) devem ser compensados pelos recentes ajustes de preço, enquanto a margem bruta deve cair 1,3p.p. A/A com custos mais altos com centros de distribuição que foram alugados devido aos altos níveis de estoque, enquanto a margem EBITDA deve ser fortemente pressionada (-13,9p.p.) frente ao aumento de despesas e maiores investimentos em marketing. Na operação internacional, devemos ver uma dinâmica semelhante ao Brasil, com receita estável A/A por volumes pressionados (-10% A/A) e preço/mix positivo, além de uma rentabilidade pressionada, com margem bruta caindo 3,9p.p. A/A e margem EBITDA -14,4p.p.. Finalmente, projetamos um prejuízo líquido de -R$ 46 milhões.
Arezzo&Co. (ARZZ3)
Esperamos que a Arezzo&Co. entregue outro trimestre de resultados sólidos, com a receita líquida crescendo 24% A/A, impulsionada principalmente pelo forte desempenho da Reserva e Vans, embora com um desempenho sólido em todas as marcas do grupo, mesmo frente a uma base de comparação difícil e desafios climáticos no trimestre. Olhando para a rentabilidade, esperamos que a margem bruta tenha uma queda de 1p.p. A/A para -52,4% (-1.3p.p. T/T) devido ao mix de produtos e base de comparação difícil, enquanto a margem EBITDA deve compensar parte dessa pressão (-0,6p.p. A/A), refletindo o foco da empresa em eficiência, embora os investimentos contínuos em marca/marketing e iniciativas orgânicas devam continuar acontecendo. Finalmente, o lucro ajustado deve fechar o trimestre em ~R$ 61 milhões (+6% A/A).
C&A Brasil (CEAB3)
Esperamos ver outro trimestre de resultados fracos, com o crescimento da receita pressionado por base de comparação difícil, clima desfavorável, desafios macroeconômicos e um desempenho fraco da categoria de Fashiontronics frente à renda disponível apertada dos consumidores e competição com o e-commerce. Estimamos que a receita líquida cresça 3% A/A, enquanto a margem bruta consolidada deve subir 1,8p.p. A/A devido à dinâmica melhor da operação de vestuário, enquanto esperamos que a margem EBITDA permaneça em patamares negativos (-5,7%), embora melhor A/A (+3,2p.p.). Por fim, estimamos um prejuízo líquido de R$ 123 milhões, impactado por despesas operacionais e maiores despesas financeiras.
Grupo SBF (SBFG3)
Esperamos um trimestre fraco para o Grupo SBF, com o desempenho de vendas da Centauro estável A/A frente ao cenário macro difícil, processo de fechamento de lojas e uma decisão estratégica de focar na rentabilidade, enquanto a Fisia deve apresentar crescimento sólido (+19% A/A), principalmente explicado pela expansão das lojas. Olhando para a rentabilidade, estimamos que a margem bruta ainda seja pressionada tanto na Centauro (-0,7p.p. A/A) quanto na Fisia (-2,7p.p. A/A), devido ao efeito do Difal e mix de canais, enquanto a margem EBITDA consolidada deve vir pressionada (-1,3p.p. A/A) pelo maior pagamentos de royalties e mix de canal/marca. Por fim, esperamos que o lucro líquido fique estável em R$ 37 milhões (-3% A/A) devido a resultados operacionais mais fracos e maiores despesas financeiras.
Grupo Soma (SOMA3)
Esperamos um trimestre sólido para o Grupo Soma, já que tanto a operação do “Soma ex-Hering” quanto a operação da Hering devem apresentar crescimento de receita, com a Hering superando seus concorrentes e as marcas de luxo abaixo do crescimento consolidado da ARZZ, mas com rentabilidade melhorando. Nós estimamos que a receita líquida consolidada tenha um crescimento de 11% A/A, com o Grupo Soma (ex-Hering) subindo 12,6% A/A, apesar de uma base de comparação difícil, e a Hering crescendo +9% A/A. Em termos de rentabilidade, esperamos uma expansão da margem bruta de +1,1 p.p A/A, impulsionada pela Hering (+2,2 p.p A/A, em 41,5%) e margem estável na operação do Grupo Soma “ex-Hering”, enquanto a margem EBITDA deve subir +1 p.p A/A devido a alavancagem operacional, apesar dos maiores gastos com marketing e pagamento de bônus. Por fim, estimamos que o lucro líquido seja de R$44 milhões (-18% A/A), devido a maiores despesas financeiras.
Guararapes (GUAR3)
Esperamos resultados mistos para o 1º trimestre da Guararapes, com um leve crescimento de receita devido às condições macroeconômicas desfavoráveis e pressão na rentabilidade devido às dinâmicas promocionais mais agressivas. Por outro lado, a operação da Midway deve apresentar resultados sequencialmente melhores (embora ainda abaixo do ano anterior), com a taxa de inadimplência estável e melhor em comparação com seus concorrentes. Sendo assim, estimamos que a receita líquida no varejo tenha um crescimento de 3,4%, com a margem bruta caindo 0,7 p.p A/A mas margem EBITDA melhorando A/A frente aos ganhos estruturais de buscas por eficiências da companhia e foco na rentabilidade do e-commerce. Quanto à Midway, esperamos outro trimestre com altos níveis de NPL, embora controlados sequencialmente e com EBITDA melhor T/T. Por fim, estimamos um prejuízo líquido de R$105 milhões por maiores despesas financeiras no trimestre.
Lojas Renner (LREN3)
Esperamos resultados fracos no primeiro trimestre, com o business de varejo enfrentando dificuldades macroeconômicas e climáticas, enquanto a Realize deve continuar sofrendo com altas taxas de inadimplência. Assim, estimamos que a receita líquida do varejo apresente um crescimento de 7,6% A/A, com margem bruta caindo -0,6 p.p A/A e margem EBITDA ainda pressionada (-0,7 p.p A/A), devido às despesas pré-operacionais do novo centro de distribuição da companhia e baixa diluição de despesas fixas. Quanto à Realize, esperamos que a unidade de negócios deva continuar contribuindo negativamente para o EBITDA do consolidado da companhia, piorando tanto A/A quando T/T (para R$-69 milhões), à medida que a empresa continua enfrentando altas taxas de inadimplência. Finalmente, estimamos um EBITDA consolidado de R$230 milhões (-40% A/A) e prejuízo líquido de R$-13 milhões.
Multi (MLAS)
Esperamos que o Multi reporte novamente resultados fracos, impactados pela transição do ERP e pelo cenário macro desafiador, que reduz a demanda por categorias de eletrônicos e bens duráveis. A receita líquida deve cair -28% A/A, impactada principalmente pelas categorias de Mobile Devices e Office & IT Supplies (-50% e –30%, respectivamente), uma vez que a mudança de ERP comprometeu a emissão de notas fiscais enquanto a demanda por parte de grandes varejistas permanece fraca. No quesito lucratividade, a margem bruta deve cair -4,4p.p A/A, por conta do mix de vendas e promoções mais pesadas, enquanto o EBITDA deve permanecer no território negativo (-R$48mn) por conta da desalavancagem operacional e maiores despesas logísticas. Por fim, estimamos um prejuízo líquido de -R$ 92 milhões.
Natura&Co. (NTCO3)
Esperamos que a Natura&Co. apresente outro conjunto de resultados fracos, uma vez que o cenário macroeconômico desafiador continua a ser um obstáculo para os resultados da Avon International, América Latina hispânica e The Body Shop, enquanto o Brasil e a Aesop devem permanecer em destaque. Na Natura&Co. LatAm, o Brasil deve continuar sendo o destaque, tanto nas marcas Natura quanto Avon, principalmente devido aos ganhos de produtividade, enquanto a difícil situação macroeconômica e a variação cambial continuam a pesar sobre a região da América Latina hispânica, resultando em uma queda nas vendas da NTCO LatAm (-3%). Na Avon International, a otimização da presença no mercado, juntamente com a guerra na Rússia e Ucrânia, devem continuar a afetar as receitas (-4% a/a em BRL), enquanto esperamos que as vendas da The Body Shop caiam -16% (vs. -21% em BRL no 4T) uma vez que ainda está enfrentando dificuldades para equilibrar o canal de vendas e os níveis de estoque dos franqueados. Quanto à Aesop, esperamos que a marca continue a crescer com sua entrada na China e lançamento de novas categorias, com vendas subindo +12% a/a (em BRL), embora com lucratividade pressionada. No geral, estimamos uma receita líquida consolidada de R$7,7 bilhões (-6% a/a) com um EBITDA Ajustado de R$622 milhões, resultando em uma margem de EBITDA de 8% (+80bps a/a), levando a um prejuízo líquido de R$348 milhões, além de resultados financeiros pressionados, enquanto o FCF deve permanecer em território negativo, em linha com a sazonalidade do trimestre.
Petz (PETZ3)
Esperamos outro trimestre de resultados mistos para a Petz, com um sólido desempenho na receita (+23% A/A), mas com margens ainda pressionadas devido à sazonalidade desfavorável do primeiro trimestre, plano de expansão e mix de produtos/canais, enquanto o e-commerce e a categoria de alimentos/rações estão ambos operando em níveis altos de penetração no consolidado da companhia. Portanto, estimamos que a margem bruta tenha uma queda de -1,6 p.p A/A (para 39,1%), com a margem EBITDA caindo -0,3 p.p A/A (para 6,6%) devido à alavancagem operacional, enquanto o lucro líquido ajustado deve fechar o trimestre em R$ 14 milhões (-31,8% A/A).
Track&Field (TFCO4)
Esperamos um trimestre misto à frente para a Track&Field, já que o crescimento da receita deve permanecer sólido, enquanto a lucratividade deve ser pressionada pelo mix de canais e investimentos estratégicos. Assim, estimamos que a receita líquida tenha um crescimento de +21% A/A, impulsionada tanto por crescimento de volume quanto pelo maior ticket médio, mesmo frente à base de comparação difícil (crescimento de vendas no 1T22 de +76,6% A/A), enquanto a margem bruta deve cair 0,7p.p. A/A por mix de vendas, enquanto a margem EBITDA deve ter a mesma pressão de 0,7p.p. A/A dado que a companhia teve impactos positivos pontuais no 1T22 que devem compensar a alavancagem operacional do 1T23, enquanto os investimentos estratégicos e pressão na margem bruta seguem sendo ofensores para a rentabilidade da companhia. Por fim, o lucro líquido deve fechar o trimestre em R$ 23 milhões (+15% A/A).
Vivara (VIVA3)
Esperamos que a Vivara reporte resultados sólidos no 1T23, com forte crescimento de receita apesar da base de comparação difícil, e expansão da margem bruta uma vez que a marca Life continua contribuindo positivamente para o consolidado da companhia. Portanto, estimamos que a receita líquida cresça 16% A/A, sendo a margem bruta o destaque do trimestre (+0,9 p.p A/A, atingindo 68,5%), beneficiada pela maior participação da Life nas vendas. Em relação ao EBITDA (ex-IFRS), estimamos um crescimento de 9% A/A, enquanto a margem EBITDA deve vir ligeiramente pressionada (-0,9 p.p A/A) devido às despesas pré-operacionais com a abertura das lojas da Life. Por fim, esperamos que o lucro líquido seja de R$ 46 milhões.
Vulcabras (VULC3)
A Vulcabras deve reportar fortes resultados no primeiro trimestre, com um sólido crescimento na receita e uma tendência de melhoria na rentabilidade. Esperamos que a receita líquida cresça 16% em relação ao ano anterior, impulsionadas por aumentos de preços e crescimento do volume em todas as marcas, com o forte desempenho do canal de comércio eletrônico. Em relação à rentabilidade, a margem bruta deve subir +2,9p.p em relação ao ano anterior, suportada por sinergias operacionais e uma maior penetração digital, enquanto esperamos que a margem EBITDA aumente +2,1p.p, uma vez que os pagamentos de royalties das marcas e os maiores investimentos em marketing compensam parcialmente a expansão da margem bruta. Finalmente, estimamos um lucro líquido de R$78 milhões.
Varejo alimentar
Assaí (ASAI3)
Esperamos que O Assaí entregue resultados mistos, com forte crescimento na receita e rentabilidade mais controlada, apesar das despesas pré-operacionais das conversões do Extra, mas com a margem líquida pressionada pela alavancagem financeira. Estimamos que as vendas cresçam 32% A/A, impulsionadas pelo aumento nas vendas mesmas lojas (em +7,2%) e pelo forte plano de expansão (+46 lojas nos últimos 12 meses). Em relação à rentabilidade, esperamos que a margem bruta fique estável A/A, em 16% (vs. -0,5 p.p do Atacadão), uma vez que a contribuição positiva do Extra mais do que compensa as dinâmicas promocionais mais agressivas para apoiar a renda disponível apertada, enquanto a margem EBITDA deve cair -0,4 p.p A/A (em 7,2%) devido às despesas pré-operacionais das conversões. Finalmente, estimamos um lucro líquido de R$49 milhões (-77% A/A), resultado de despesas financeiras mais altas devido ao aumento das taxas de juros.
Carrefour (CRFB3)
Esperamos que a companhia entregue resultados mistos no 1T23. As vendas preliminares já foram divulgadas (veja nossa análise aqui), com vendas consolidadas subindo +31% A/A, impulsionadas principalmente pela integração do BIG, enquanto as vendas mesmas lojas (ex-postos) foram de 6%, com números semelhantes para o Atacadão e a operação de varejo. Analisando a rentabilidade dos segmentos: (i) no Atacadão, esperamos ver margens pressionadas novamente, com margem bruta caindo 0,5 p.p A/A e EBITDA caindo 1,6 p.p A/A, para 5,3%, devido às despesas operacionais do BIG e ao processo de conversão; (ii) no varejo, esperamos uma margem bruta melhor A/A (+3,8 p.p) em razão de dinâmicas promocionais menores e da contabilização de vendas do BIG (incluindo as taxas do Hypercard), mas quase compensada pelo processo de integração do BIG no nível da margem EBITDA (+0,3 p.p A/A); (iii) a operação do CSF Bank deve continuar apresentando resultados fracos, por conta das altas taxas de inadimplência. Finalmente, estimamos um EBITDA consolidado de R$1,2 bilhões (-3,1% A/A) e lucro líquido de R$28 milhões (-93% A/A), em decorrência das despesas financeiras mais altas devido ao aumento das taxas de juros.
Grupo Mateus (GMAT3)
Esperamos que o Mateus entregue resultados mistos no primeiro trimestre, com um sólido crescimento na receita, mas com margens pressionadas devido a iniciativas estratégicas em andamento e um cenário macroeconômico desafiador. Estimamos um aumento nas vendas de 27% A/A, impulsionado por um sólido crescimento das vendas mesmas lojas em todas as categorias, exceto em Eletro Mateus, que deve sofrer devido à limitação de renda disponível, enquanto as operações de atacarejo e atacado devem ser os destaques. Em relação à rentabilidade, esperamos que a margem bruta caia -1,3 p.p A/A devido aos investimentos da companhia em competitividade, enquanto a alavancagem operacional deve compensar parcialmente essa pressão, levando a uma queda na margem EBITDA (ex-IFRS) de -0,4 p.p A/A (para 5,3%). Finalmente, esperamos que o lucro líquido atinja R$205 milhões (+3,1% A/A), enquanto geração de caixa deve ser ligeiramente negativa devido à sazonalidade habitualmente pressionada do primeiro trimestre, embora parcialmente compensada pela contínua melhora nas dinâmicas de capital de giro.
Grupo Pão de Açucar (PCAR3)
Esperamos que o GPA entregue resultados fracos nesse trimestre, uma vez que a rentabilidade deve vir pressionada na operação do GPA Brasil (margem bruta -0,34 p.p A/A e EBITDA -1,1 p.p), embora com crescimento de receita líquida melhorando (+15% A/A), impulsionado pelo seu plano de expansão, principalmente no formato de conveniência (Minuto). Quanto ao Éxito, as vendas mesmas lojas devem cair (-2%), devido à comparação com períodos difíceis no ano anterior e a um ambiente macroeconômico desafiador, com uma margem EBITDA que deve cair -1,6 p.p A/A. Como resultado, esperamos que as vendas consolidadas cresçam 5% A/A, com a margem EBITDA consolidada caindo -1,40 p.p, resultado de uma base não comparável no GPA Brasil e base comparativa difíceis nas operações do Éxito. Finalmente, esperamos um prejuízo líquido de R$ 24 milhões no trimestre.
Farmácias
d1000 (DMVF3)
Esperamos que a d1000 reporte melhores resultados do primeiro trimestre, com recuperação na receita e na rentabilidade. As vendas brutas devem aumentar +21% em relação ao ano anterior, com o indicador de vendas mesmas lojas maduras em +12,6%, uma vez que as lojas continuam se beneficiando de reformas, melhorias operacionais e iniciativas comerciais. Em relação à rentabilidade, a margem bruta deve contrair -0,3p.p em relação ao ano anterior, com incentivos para a categoria RX mais do que compensando a maior penetração de genéricos, enquanto esperamos que a margem EBITDA se expanda em +1,2p.p em relação ao ano anterior, devido à alavancagem operacional. Finalmente, estimamos um lucro líquido de R$ 1 milhão.
RD (RADL3)
Esperamos que a RD reporte sólidos resultados do primeiro trimestre, com a receita crescendo +18% em relação ao ano anterior (vendas mesmas lojas em 9% e mesmas lojas maduras em +13%) apesar de forte base de comparação (combinação de Omicron e gripe), ainda impulsionada pelo reajuste regulatório de preços de 2022 (+10,9%), recuperação do tráfego de clientes e expansão de lojas. Quanto à rentabilidade, a margem bruta deve expandir +0,2p.p, com um impacto mais suave do ajuste do APV, enquanto a margem EBITDA deve melhorar 0,9p.p em relação ao ano anterior, principalmente devido à alavancagem operacional e diluição das despesas de venda devido ao aumento regulatório de preços. Finalmente, estimamos um lucro líquido de R$193 milhões.
Pague Menos (PGMN3)
Esperamos que a Pague Menos reporte resultados fracos no primeiro trimestre. A receita bruta standalone deve crescer +9,5%, com as vendas mesmas lojas maduras em +1,4% (vs. a RD em +9%), impactadas por uma base de comparação desafiadora devido à combinação de Omicron e surto de gripe do ano passado, enquanto a receita da Extrafarma deve ser impactada pelo fechamento de lojas. A rentabilidade da marca Pague Menos deve ser o destaque negativo do resultado, com a margem bruta contraindo 1p.p em relação ao ano anterior, impactada pela maior penetração digital no trimestre, enquanto a margem EBITDA deve contrair –1,1p.p, além das pressões inflacionárias. Quanto à Extrafarma, esperamos que a margem bruta melhore +1,4p.p em relação ao ano anterior, devido a um melhor gerenciamento de estoque, enquanto o EBITDA ainda deve ser impactado por ajustes operacionais. Finalmente, estimamos um prejuízo líquido de -R$32 milhões.
Panvel (PNVL3)
A Panvel deve mais uma vez reportar resultados sólidos no primeiro trimestre, com receita bruta subindo +14% em relação ao ano anterior (vendas mesmas lojas em 6,6% e vendas mesmas lojas maduras em +10,3%), suportada pela sólida expansão orgânica (+59 aberturas LTM), forte demanda por produtos de beleza e desempenho mais fraco de concorrentes locais menores. Quanto à rentabilidade, esperamos uma margem bruta estável apesar da base de comparação difícil, enquanto a otimização logística, redução de unidades Panvel Clinic e alavancagem operacional devem impulsionar a margem EBITDA em +20bps. Finalmente, estimamos um lucro líquido de R$ 24 milhões (-8% em relação ao ano anterior) devido a maiores despesas financeiras.
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