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Unifique (FIQE3): Destaques do Investor Day 2022 e atualização das estimativas

Destaques do Investor Day 2022 e atualização das estimativas

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Participamos do Investor Day da Unifique em Timbó/SC e fizemos um Site Visit em suas instalações com a presença do fundador e CEO da Unifique, Fabiano Busnardo e dos principais diretores da empresa. A empresa apresentou uma atualização de seu plano de negócios em seu core business de FTTH e forneceu alguns detalhes de seu plano 5G. Saímos com uma visão positiva, apesar da recente desaceleração e frustrações em relação ao crescimento orgânico em FTTH. Além disso, ficamos confortáveis ​​com seus planos no 5G. Achamos o plano conservador e, ao nosso ver, positivo, dada a visibilidade limitada do retorno desse investimento e do potencial de crescimento. Aproveitamos para atualizar nossas projeções para incorporar premissas de crescimento mais conservadoras, além de novas premissas macroeconômicas e de custo de capital. Ainda não incorporamos o plano de negócio 5G da empresa. Estamos revisando nosso preço alvo para 2023 para R$ 7,5/ação (R$ 13,0 anteriormente), e mantemos nossa recomendação de Compra.

Principais destaques da Visita: Apesar de operar em uma região com renda per capita acima da média nacional, o atual cenário inflacionário afetou o poder de compra das famílias e trouxe maior pressão sobre a inadimplência e consequentemente aumentando o churn da Unifique. Cabe destacar que a empresa também possui um posicionamento de preço superior em relação aos seus concorrentes. Hoje, o plano de entrada de FTTH da Unifique custa ~R$ 119,00 (vs. ~R$ 99,00 dos principais concorrentes). Apesar de ter uma proposta de valor diferenciada cobrando mais por uma velocidade maior, no atual contexto de mercado em que os consumidores são mais sensíveis ao preço, a Unifique vem experimentando uma desaceleração em sua velocidade de vendas. A maioria das reuniões se concentrou nos planos da empresa para retomar seu crescimento.

Estratégia em Santa Catarina: A empresa é líder absoluta em fibra no estado (18,54% de market share) e já ultrapassou a Claro em outubro, assumindo também a liderança em banda larga fixa total considerando todas as tecnologias. A Unifique se mantém otimista com a continuidade do crescimento em algumas cidades da região e acredita que deve continuar crescendo em cima da base da Claro, dada a sua base muito relevante em tecnologia HFC legada com mais de 400 mil acessos. Os diferenciais de qualidade da rede Unifique devem contribuir para o ganho contínuo de market share. A Unifique já possui mais de 2/3 de sua rede com tecnologia XGS-PON oferecendo velocidades superiores a 2GB.

No curto prazo, a empresa tem sido mais cautelosa no repasse de preços, para evitar aumento do churn. A recomposição de preços ocorreu apenas com novos clientes e por meio de upgrades de planos. Micro ISPs estão seguindo um movimento de preços mais irracional e agressivo. A Unifique indicou que esses players menores, com até 10 mil usuários, estão perdendo competitividade e tendem a perder representatividade dada a falta de escala na compra de equipamentos. A Unifique consegue compensar a pressão do câmbio e da inflação com ganhos de escala em diversas frentes, inclusive na compra de equipamentos. Apesar de continuar com foco em M&A no Rio Grande do Sul, a empresa mencionou que a MHNet está à venda. A empresa é o segundo maior ISP do estado com ~300 mil usuários. A empresa acredita que as operações são complementares, mas descartaria o pagamento dos múltiplos do vendedor (EV/Ebitda ~8x). As sinergias de M&A em SC vêm quase que imediatamente com o acesso ao backbone contíguo.

Evolução do market share em Santa Catarina:

Fonte: Anatel

Estratégia no Rio Grande do Sul: Após várias fusões e aquisições no estado, a empresa se tornou uma das maiores ISPs da região com quase 150 mil usuários. A Unifique está muito focada hoje na infraestrutura incluindo a integração das aquisições para tornar a rede no padrão Unifique. A empresa espera concluir esse processo até o final do ano. A Unifique firmou um acordo com a Serede (contratada da Oi) para acelerar a expansão. Após a conclusão desse processo, a empresa deve ser mais agressiva em suas campanhas de marketing no estado. A empresa acaba de reestruturar sua área comercial, ampliando os canais de vendas e reestruturando equipes e processos.

A empresa entende que o estado possui características diferenciadas em relação a SC e certas particularidades que exigem maior descentralização. A Unifique reforçou a oportunidade no RS de se consolidar como player de qualidade (atendimento e rede). A empresa espera dobrar sua base de assinantes, atingindo 300 mil acessos até o final de 2023. Metade desse crescimento deverá ser orgânico e a outra metade inorgânica. Recentemente, a empresa optou por pausar sua estratégia de M&A devido ao cenário macro desafiador e aumento das taxas de juros, porém o cenário mais fraco para players menores favorece e por isso a Unifique retomou algumas negociações de M&A. O perfil mais endividado de alguns players também tende a favorecer o poder de barganha da Unifique.

Sobre o cenário competitivo na região, a empresa mencionou que poucos players menores pagam aluguel de postes no estado e o início da fiscalização e regulação dos postes deve reduzir a capacidade competitiva desses players. A modernização da administração tributária do estado também deve acelerar a consolidação do mercado.

5G – Um plano tímido e estamos bem com isso

Segundo o CEO, a empresa comprou uma opção barata no leilão de frequências 5G, dado o modelo não arrecadatório adotado pelo governo que favoreceu o desenvolvimento da infraestrutura. A empresa desembolsará R$ 5 milhões pelas outorgas ao longo de 20 anos e assumiu a obrigação de atender 670 cidades com até 30 mil habitantes entre 2026 e 2030. Na conta da Anatel, essas obrigações correspondem a um investimento de R$ 500 milhões, mas o a empresa espera um desembolso muito menor, uma vez que 2/3 dos investimentos serão sinérgicos com o core business de FTTH.

A empresa adquiriu sua rede core da ZTE, fabricante chinesa, com capacidade para até 500 mil usuários e espera desembolsar US$ 5 milhões em investimentos até o final de 2023. A empresa não pretende seguir o caminho da Brisanet de acelerar a implantação de ERBs, a parte mais cara do investimento. Durante a visita, vimos um squad formado por funcionários chineses da ZTE trabalhando na implementação do núcleo da rede.

Por se tratar de uma tecnologia nova, é difícil prever quando a curva de adoção de novos dispositivos terá tração, mas a empresa espera que seja entre 2024 e 2025. Esse pode ser um importante motor de crescimento para a Unifique, mas a empresa é conservadora em seus guidances e prefere aguardar o movimento das grandes telcos que serão as tomadoras de preços desse mercado.

A empresa pretende realizar um projeto piloto de 2 a 3 cidades a partir de 2023. A Unifique espera obter uma participação de mercado mínima de 10% para que o novo negócio comece a ter um retorno de investimento adequado. Considerando um mercado de quatro players, e sendo um novo entrante, a Unifique acredita ser possível atingir até 20% desse mercado móvel em cidades onde possui uma boa capilaridade de rede. O CEO acredita que, se o negócio for bem-sucedido, o 5G poderá ser o tamanho do negócio de fibra até 2030.

Ganhar escala nesse mercado totalmente penetrado pode ser bastante desafiador. Gostamos da estratégia mais conservadora da Unifique de fazer investimentos de forma gradual, avaliando a tração inicial do negócio antes de fazer grandes investimentos. Saímos com a sensação de que o plano é bastante tímido para o porte da empresa e não vai comprometer sua capacidade financeira.

Outros destaques:

Redes de infraestrutura neutra: A Unifique considera o uso de rede neutra de forma complementar. Ex: no RS V.Tal tem mais portas que a Unifique e por isso uma parceria pode fazer sentido. A empresa não acredita que redes neutras criarão um ambiente competitivo mais agressivo, pois é mais um elo da cadeia que precisa ser monetizado. O player da rede neutra vai querer aplicar termos de ajuste de inflação, por outro lado a prestadora de serviços sabe que o repasse não é óbvio. Quando a rede é de propriedade, o nível de controle é maior. Precisa entender melhor os acordos e termos.

Novas Estimativas:

Fonte: XP
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