3 lições sobre a dinastia da Mercedes e de Lewis Hamilton na F1

Como um campeão incansável e uma organização exemplar criaram o maior domínio que o automobilismo já viu



A temporada de 2007 parecia ser o início de uma nova era, com o heptacampeão Michael Schumacher aposentado e recordes que pareciam inatingíveis. Naquele ano, aos 22 anos de idade, Lewis Hamilton assumia um posto improvável na McLaren ao lado do então bicampeão Fernando Alonso.

Para quem não tinha tanta proximidade com o esporte, naquele momento, parecia uma aposta arriscada para uma equipe vencedora como a McLaren. Poucos imaginavam que ali começaria uma das histórias mais dominantes do automobilismo mundial que já rendeu 6 títulos ao piloto britânico e 7 para a equipe Mercedes, e que tem tudo para crescer ainda mais fazendo de Lewis o maior vencedor de títulos e vitórias da categoria.

Na temporada 2020, as duas corridas da Áustria nos fizeram achar que a temporada seria diferente, mas após mais uma amostra de completo domínio pela dupla no Grande Prêmio do último final de semana, na Hungria, está claro que estamos testemunhando um dos maiores da história em ação.

Não há desculpas para quem busca grandeza

Um garoto negro, criado nos subúrbios de classe média de Stevenage, ao norte de Londres, assinava aos 13 anos um contrato com a McLaren em parceria à Mercedes-Benz, fornecedora de motores da equipe britânica. Lewis Hamilton foi o primeiro produto das academias de jovens pilotos que, hoje, já são comuns, com Ferrari, Renault e RedBull administrando as suas nos mesmos parâmetros.

Meet Lewis Hamilton's family including dad he sacked, racer brother with  cerebral palsy and his elusive mum

Por isso não há nada de acaso em toda essa trajetória. Ron Dennis, chefe da McLaren na época, viu no jovem Hamilton a grandeza de um campeão que vai além do talento nato. Com uma família distante da influência no esporte e de uma renda que possibilitasse ter as melhores oportunidades e equipamentos disponíveis, Lewis venceu três títulos nacionais na Inglaterra antes de receber o apoio da McLaren. No kart preparado na garagem de casa pelo seu principal mentor e pai, Anthony, o pequeno fã de Senna moldou sua sede por vitórias e a busca incansável pela grandeza.

Depois do recrutamento vieram mais 2 títulos no kart e 6 em categorias de base como Fórmula 3 e a GP2, atual Fórmula 2. Na F1, Lewis Hamilton é o campeão mais jovem da história, o recordista de Pole Positions com 90 corridas largando no lugar de honra. Sendo também o segundo piloto com maior número de vitórias, 86 contra 91 de Michael Schumacher, e o segundo com mais títulos, 6 contra 7 do alemão, Hamilton só deve parar quando confirmar seu lugar como o maior da história. E isso deve acontecer logo, graças à sua parceria de sucesso com a equipe Mercedes-AMG.

Recursos não são nada sem planejamento

Dos 6 títulos de Hamilton, 5 foram com a Mercedes. A montadora já tinha uma história vencedora na Fórmula 1, mas desde 1951 não tinha uma equipe oficial na categoria. Em 2010 ela voltou e já em 2014 venceu seu primeiro título de construtores nessa nova era. De lá pra cá, são 6 títulos consecutivos e um domínio sem igual.

A Fórmula 1 é marcada por suas eras de domínio: a McLaren de Senna e Prost venceu 15, das 16 corridas da temporada de 1988, por exemplo. Mas a Mercedes quebra recordes todos os anos e se tornou uma potência política e organizacional da categoria. Um dos argumentos de quem não admira as vitórias da marca alemã é que elas se dão por causa do maior orçamento. Mas um comparativo com Ferrari e RedBull, os dois maiores orçamentos depois da Mercedes, explicam que o diferencial está na eficiência e não no tamanho dos investimentos.

O cuidado vai até os detalhes, como os grafismos inscritos nos carros da equipe. A Mercedes tem quatro artistas plásticos na sua equipe responsáveis por pintar à mão todos os logos do carro, ao invés de simplesmente colar adesivos. O motivo é o peso menor adicionado pela tinta e, pela possibilidade de envernizar a peça acima da pintura, a superfície fica mais lisa e tem mais eficiência aerodinâmica.

Organizações de sucesso vencem em todas as pontas

Como parte de uma organização muito maior que somente a operação no automobilismo, a equipe transmite os valores e a governança do grupo Daimler, dono da marca Mercedes-Benz e da divisão esportiva Mercedes-AMG. Símbolo de inovação desde os primórdios do carro, criando o primeiro automóvel com motor à combustão interna, a marca investe em tecnologias sustentáveis e alternativas renováveis desde a década de 60. Em 2005, a marca já tinha uma opção híbrida com o Classe S 500. Por isso, após a virada para motores híbridos na F1 em 2014, a Mercedes disparou como a principal potência do esporte.

Isso se reflete nas vendas de carros, sendo o Grupo Daimler o que mais cresceu na Europa junto com a Toyota em 2019, aumentando em 4,8% suas vendas. Falando da marca exclusivamente, foi a segunda com maior crescimento, atrás apenas da Skoda, marca eslovena do grupo Volkswagen que oferece carros mais populares e tem mais alcance no norte e centro da Europa. No mesmo ano, o grupo aumentou em 6% o seu investimento em desenvolvimento e pesquisa, buscando ter 25% da sua linha representada por modelos totalmente elétricos até 2025 e em 2030, ter metade da linha baseada em modelo híbrido e elétricos.

Vale ainda destacar que, na Fórmula 1, a Mercedes fornece motores e componentes para mais duas equipes atualmente, Williams e Racing Point. Em 2021 essa conta aumenta, reeditando a parceria de sucesso com a McLaren em 2021, e se tornando a fornecedora mais dominante da categoria. Por isso, quando assistir Lewis Hamilton e a Mercedes subirem ao topo do pódio novamente no próximo GP, lembre-se de que nada daquilo foi por acaso. São quase 500 funcionários trabalhando para o máximo desempenho do carro, milhões investidos em estrutura e desenvolvimento. Na ponta da flecha, quem representa tudo isso é o piloto que se encaminha para marcar a história como o mais influente e vitorioso do esporte à motor mundial.

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