A importância do autoconhecimento

Ao longo dos últimos 20 anos trabalhando no mercado financeiro em Private Bank, tendo passado por algumas instituições como Lehman Brothers, Morgan Stanley, e JP Morgan e vivenciado inúmeras crises financeira como Subprime em 2008, “a grande recessão brasileira” em 2015-2016, e mais recentemente Corona vírus em 2020, ficou cada vez mais claro para mim a importância e a necessidade do investidor conhecer de fato qual o seu perfil de risco, ou seja, qual a sua tolerância para volatilidade e para eventuais perdas.

Obviamente as crises sempre nos trazem aprendizados, como por exemplo a importância da diversificação, da manutenção das estratégias de investimentos, mas a relevância do autoconhecimento no que tange ao perfil de risco é no meu modo de ver, crucial para o atingimento dos objetivos financeiros.

Mas por que é tão crucial? Em momentos de volatilidade, de instabilidade econômica, e de aversão ao risco quando os mercados acabam sofrendo grandes oscilações tendemos na grande maioria das vezes a nos retrair, a sermos menos resilientes e como consequência a tomarmos decisões que acabam sendo muito mais emocionais do que racionais, portanto sujeitas a avaliações errôneas e que na maioria das vezes acabam se provando ruins.

E como descobrimos qual o nosso perfil de risco? Essa talvez seja a pergunta mais difícil de responder, até porque ao longo de nossas vidas os nossos objetivos financeiros e tolerância a risco sofrem mudanças. Consequentemente as estratégias de investimento também devem mudar e se ajustar aos novos objetivos financeiros. Por isso a importância de estarmos constantemente nos questionando com relação as nossas tolerâncias a eventuais perdas, resiliência, etc. E são nestes processos de autoconhecimento, questionamentos, analises e revisões dos objetivos de investimento que conseguimos aprimorar o nosso autoconhecimento. Aqui vale mencionar a importância do papel do seu advisor de investimentos, que pode e deve ajuda-lo a melhor entender qual de fato é o seu perfil de risco. Essa troca de informações através da qual o advisor exerce um papel de “psicólogo financeiro” é normalmente o que serve de alicerce para a construção de uma relação investidor-advisor duradoura e de sucesso.

Admito que seja muito mais fácil escrever ou falar sobre esse tema do que de fato pô-lo em pratica, até porque são nos momentos de crises que de fato acabamos conhecendo o nosso perfil de risco mais verdadeiro. Como todos os seres humanos somos vulneráveis as nossas emoções e sentimentos, mas se conseguirmos nos aproximar o máximo possível da realidade de quem somos como indivíduos e investidores, maior será a probabilidade de êxito nas nossas decisões de investimento. E por isso reforço o que disse acima, a constante busca pelo autoconhecimento e troca de informações com os nossos advisors financeiros gera menor probabilidade de decisões equivocadas.

Concluindo, o processo de definição do perfil de risco não é uma tarefa simples. Como todos os seres humanos, nós estamos suscetíveis a mudanças e sentimentos diversos. A busca constantemente em aprimorar os nossos objetivos de investimentos e tolerância a risco é um exercício perpétuo. Tal exercício, por si só, não nos isolará de decisões erradas, mas dada a minha experiência nesses últimos 20 anos lidando com investidores pessoas físicas, com certeza irá mitigar e reduzir as decisões não racionais em épocas mais turbulentas, garantido assim maior sucesso no atingimento dos nossos objetivos financeiros. Espero poder ter contribuído de alguma maneira.

Bons investimentos a todos!