David Stern, o gestor que revolucionou a NBA nos negócios

Muito mais que salvar a liga da falência, o comissário transformou a NBA na maior potência esportiva do mundo



Nesta quinta-feira (30) a NBA volta às quadras depois de um hiato causado pela pandemia do Covid-19. Em uma operação que custa em torno de 800 milhões de reais, as 22 equipes classificadas ou com chance de classificar-se à fase final do campeonato, estão isoladas em três resorts diferentes do complexo da Disney em Orlando, Flórida.

Só com uma força organizacional e mercadológica gigante, uma liga seria possível de oferecer isso para seus fãs e jogadores. E se a NBA hoje é referência mundial em gestão e marketing dentro do esporte, o responsável tinha 1,75 m de altura e nunca marcou um ponto em quadra: o comissário David Stern.

Falecido em janeiro de 2020, David Stern foi o chefe da liga por 30 anos, de 1984 até 2014. Quando assumiu, 16 das 23 franquias tinham prejuízo na temporada. Sem espaço na TV ao vivo, os ginásios estavam vazios e havia uma crise de uso de drogas entre os atletas. Durante sua gestão a NBA se transformou, saindo da falência iminente para a potência que atualmente gera 5 bilhões de dólares por ano e é exibida em mais de 200 países.

Cultura do ‘superastro’

David Stern assumiu o posto de Comissário em 1984, no auge da carreira de dois dos maiores nomes da liga, Larry Bird e Magic Johnson. Neste mesmo ano, Michael Jordan saia da Universidade da Carolina do Norte para iniciar sua trajetória profissional no Chicago Bulls. Com esse arsenal de talentos disponíveis, Stern começou sua primeira e mais importante mudança na liga, personificando a grandeza do esporte através da imagem dos seus atletas.

O comissário virou a atenção e os recursos para quem realmente faz o jogo. Com isso, um grande avanço técnico seguiu para a liga, com jogadores almejando cada vez mais recordes e títulos individuais como o de MVP, além do título da liga com suas franquias. O jogo na liga se transformou. O basquete físico e truncado deu lugar a um jogo técnico, tático e bonito, que fazia com que os fãs brilhassem os olhos à cada ponto de seus ídolos.

O pináculo dessa cultura veio com o Dream Team, que reuniu os maiores jogadores da NBA na seleção americana de basquete para disputar as Olimpíadas de Barcelona em 1992. Com nomes como Jordan, Bird, Magic, Charles Barkley, John Stockton e tantos outros, o ‘time dos sonhos’ venceu seus 8 jogos rumo à conquista do ouro. O domínio – a média de vantagem da equipe era de 44 pontos -, a beleza e a supremacia técnica daquele time abriu os olhos do mundo para a potência que a NBA seria nos anos seguintes.

Globalização

Em 1995, a liga tinha 24 estrangeiros entre os 27 times. Em 2020, são 108 entre 30 equipes, sendo a sexta temporada com mais de 100 estrangeiros na liga. Na década de 90 a NBA começa seu processo de internacionalização de marca, ganhando os olhos do mundo. A NBA se tornou uma liga global, com estrangeiros entre os principais nomes. Dirk Nowitzki (Alemanha), Manu Ginobili (Argentina), Pau Gasol (Espanha), Tony Parker (França), Yao Ming (China) e Leandrinho (Brasil) foram os primeiros a abrir caminho na Liga, se consolidando como grandes jogadores em meio a estrelas americanas como Kobe Bryant, Shaquille O’Neal e LeBron James. Um processo que rende frutos mesmo após a saída de David Stern em 2014.

Atualmente, 215 países transmitem os jogos ao vivo pela TV ou pela sua plataforma de streaming, o NBA League Pass. Os mercados se abriram e hoje, além dos EUA, os principais assinantes da plataforma estão na China, Austrália, Brasil, Canadá e Filipinas. Um exemplo de como as estrelas mexem com a abrangência do esporte é o vencedor de prêmio de MVP da última temporada, o grego Giannis Antetokounmpo, que gerou um aumento de 37% nas assinaturas do League Pass na Grécia. Veja abaixo mais alguns atletas que geraram um fenômeno de aumento de assinaturas nas suas regiões.

Stern também foi essencial no trabalho de trazer representatividade para o esporte criando a WNBA, liga feminina de basquete. Chegando em sua 24ª temporada neste ano, a WNBA já se consolidou como uma das principais forças no mundo, seguindo os moldes da liga masculina. Mas durante seus 30 anos à frente da organização, nem sempre David Stern enfrentou a maré calma. E nesses momentos de crise, sua primazia na gestão foram testadas.

Equilíbrio e gestão de recursos

Segundo a imprensa e funcionários durante sua gestão, Stern era extremamente atento e dedicado aos detalhes. O comissário sabia e estava por dentro de cada processo que acontecia e fazia com que isso estivesse o mais otimizado e preciso possível.Com essa proximidade e detalhe, Stern tinha uma liderança indiscutível na organização. Essa liderança permitiu que ele gerenciasse duas greves dos jogadores durante sua gestão, equilibrando os desejos e contrapartidas com maestria.

Hoje, o salário anual médio de um jogador é de 5 milhões de dólares, mas no começo Stern aplicou um teto de salários para equilibrar as contas dos times e testes toxicológicos para identificar jogadores com problemas com drogas. Hoje são 30 equipes que a liga gerencia, estudando uma expansão para 32 times, contra 23 em 1984.

Quando assumiu a gestão, a receita da NBA girava em torno de 125 milhões de dólares. Hoje é de 5,5 bilhões de dólares, sendo que 1 bilhão vem de direitos de transmissão para a TV. Em entrevista após a morte de Stern, LeBron James disse que o comissário poderia ser comparado à James Naismith, o professor que criou o basquete, pois ele reinventou o esporte. E com certeza o horizonte da NBA é gigante graças ao legado de David Stern, um líder que deve ser admirado e estudado por todos que buscam a excelência em sua jornada.

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