A VLI é a garantidora das dívidas da Salus Infraestrutura Portuária. Sendo assim, enxergamos que o risco das debêntures da Salus seja, em última instância, o risco da VLI.
A VLI é uma operadora logística de base ferroviária que movimenta cargas através de um sistema logístico integrado, com ativos próprios e de terceiros que conectam ferrovias, portos e terminais. Está presente em nove estados brasileiros e no Distrito Federal, com cinco grandes corredores logísticos que cobrem importantes regiões do país. Em 2020, apesar da pandemia da covid-19, o desempenho do setor logístico no Brasil foi beneficiado pela safra recorde de grãos. A VLI transportou cerca de 60 milhões de toneladas úteis (TUs) por linhas ferroviárias no exercício, relativamente estável ante o transportado no mesmo modal em 2019. Enquanto isso, o volume transportado nos portos foi 2,1% menor, de 40,7 milhões de TUs. A companhia gerou receita líquida de R$ 5,6 bilhões em 2020, avanço anual de 6%. Já os R$ 2,5 bilhões de EBITDA representaram aumento de 4,2% no mesmo intervalo. O endividamento líquido registrou retração de 2% no ano, ao passo que a relação dívida líquida / EBITDA contraiu de 2,72x para 2,57x. As emissões da empresa preveem covenant de alavancagem de 4,0x.
VLI
Destaques positivos
- Uma das maiores companhias do setor no país.
- Acionistas fortes (Vale e Brookfield).
- Geração de caixa resiliente.
- Estrutura logística integrada.
Pontos de atenção
- Exposição a commodities agrícolas, mercadorias com alta volatilidade (economia, demanda, safras);
- Risco de não renovação de concessão.
Quem é a VLI?
Histórico
A VLI Logística foi criada em 2011, a partir do desmembramento das atividades de logística de cargas gerais da Vale (sua controladora). Até então, a Vale era diretamente responsável pelas operações da Ferrovia Centro Atlântica (FCA), Ferrovia Norte-Sul (FNS), terminais de Pirapora (MG), Araguari (MG), Palmeirante (TO) e TIPLAM (SP).
No ano de 2013, a Vale começou a buscar iniciativas de capitalização para expandir as atividades da VLI. Em abril de 2014, a Vale concluiu a venda de 20% da companhia para a Mitsui, e 15,9% para o Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS). Em agosto, a Brookfield Asset Management arrematou 26,5% da companhia, reduzindo a posição da Vale para 37,6%.
Em sequência, a presença da VLI foi intensificada por meio do início das operações do TI Santa Luiza (MG) em 2014 e do TI Guará (SP) em 2015. No ano de 2016, foram iniciadas as operações do TI Palmeirante (TO), TI Porto Nacional (TO), TI Uberaba (MG) e Terminal Portuário de Pecém (CE).
Atuação
A VLI é uma operadora logística de base ferroviária que movimenta cargas através de um sistema logístico integrado, com ativos próprios e de terceiros que conectam ferrovias, portos e terminais.
Presença
Está presente em nove estados brasileiros e no Distrito Federal, com cinco grandes corredores logísticos que cobrem importantes regiões do país.

Salus Infraestrutura Portuária
A Salus é uma sociedade de propósito específico (SPE) constituída exclusivamente para o desenvolvimento das obras de dragagem e manutenção do canal Piaçaguera, localizado em Santos e Cubatão.
O projeto consiste na recuperação e manutenção da profundidade mínima do canal Piaçaguera, executado pela Salus Infraestrutura e pela Usiminas, sendo dividido em duas fases.
1ª Fase: Compreende a dragagem de sedimentos não contaminados que se encontram no canal para destinação final em disposição oceânica, na quantidade estimada de 820.000m³.
2ª Fase: Serão realizadas ações de melhorias e manutenção no canal localizado no trecho interior do canal Piaçaguera, como obras de alteamento, adequação, melhorias e reforço da Unidade de Disposição Confinada (UDC) da Usiminas, aquisição de geobags, tratamento de sedimentos e dragagem do material contaminado existente, em quantidade estimada de 1.701.583m³. Com a dragagem, busca-se atingir a profundidade mínima de 12 metros, conforme exigência na carta náutica dos terminais.
Informações sobre a operação

Quem são seus acionistas?
Vale S.A. (37,59%): Uma das maiores empresas de mineração do mundo, com posição de liderança nos segmentos de minério de ferro e níquel.
Brookfield Brazil Infrastructure (25,51%): Fundo de investimentos em participações em empresas brasileiras de infraestrutura. É gerido pela Brookfield Asset Management, companhia canadense que registrou mais de US$ 600 bilhões em ativos sob administração em 2020
Mitsui & Co. (20,00%): Empresa de trading de presença global fundada no Japão, que atua nos setores de comércio, investimentos e serviços.
FI-FGTS (15,90%): Fundo de investimento fundado em 2007, administrado e gerido pela Caixa Econômica Federal, que aplica recursos em projetos de infraestrutura. De acordo com a Lei nº 11.491/2007, seus investimentos são destinados aos setores de “aeroportos, energia, rodovia, hidrovia, porto e saneamento”.
Brazil Port Holdings L.P. (1,00%): companhia brasileira de apoio logístico fundada em 1991.
Principais fatores do crédito
Fonte: XP Investimentos e VLI.
Cenário atual
Mesmo com as restrições decorrentes da pandemia da covid-19, o desempenho do setor logístico no Brasil foi beneficiado em 2020 pela safra recorde de grãos do período 2019/2020, a qual totalizou 257,8 milhões de toneladas, volume 4,5% superior ao da safra anterior.
Destaques operacionais
TU (tonelada útil): total de carga movimentada na malha.
TKU (tonelada quilômetro útil): representa o somatório dos produtos das TU tracionadas pelas distâncias de transporte na própria malha. Ou seja, é a multiplicação da carga pela distância percorrida.
A VLI transportou volume de cerca de 60 mil toneladas úteis (TUs) por linhas ferroviárias em 2020, relativamente estável ante o transportado no mesmo modal em 2019. Já em relação à métrica de toneladas quilômetro útil, o volume das ferrovias foi de 40,8 bilhões de TKUs, crescimento de 5,0% ao ano.
Enquanto isso, o volume transportado nos portos da VLI foi de 40,7 mil TUs em 2020, contração de 2,1% frente ao transportado em 2019.
Destaques financeiros
Rentabilidade e EBITDA
A VLI gerou receita líquida de R$ 5,6 bilhões em 2020, avanço anual de 6,1%. Já os R$ 2,5 bilhões de EBITDA representaram aumento de 4,2% no mesmo intervalo. Como consequência, a margem EBITDA atingiu 45%, 5 pontos percentuais abaixo do registrado em 2019.
Endividamento e alavancagem
O endividamento líquido também registrou retração de 1,7% no ano para R$ 6,5 bilhões em 2020, reflexo da robusta geração de caixa e da adesão ao programa de suspensão de pagamentos (standstill) do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Nesse sentido, a alavancagem medida pela relação dívida líquida / EBITDA sofreu contração no ano, de 2,72x para 2,57x. As emissões da empresa preveem covenant de alavancagem de 4,0x.
Pontos de atenção
Exposição a commodities agrícolas
Ferrovias são adequadas para o transporte por longas distâncias de mercadorias de grande peso específico e baixo valor agregado. É possível citar como cargas usualmente transportadas pelo modal: minérios, grãos, cimento, carvão e contêineres.
Commodities costumam depender das condições climáticas das regiões produzidas, dos preços praticados no mercado internacional e ritmo das exportações. Sendo assim, em momentos de maior volatilidade de produção e preço, pode ocorrer reflexo negativo sobre a VLI.
Risco de não renovação de concessões
O modelo de concessão adotado no Brasil transfere a administração das linhas ferroviárias da União para a iniciativa privada por um prazo determinado (geralmente 30 anos), embora a propriedade do bem permaneça do Estado, e, ao fim do prazo, o contrato poderá ser renovado ou não. Caso não haja a renovação, o bem volta à responsabilidade do governo, que incorporará todas as melhorias executadas.
Como a VLI é uma empresa de logística, a não renovação das suas concessões ferroviárias poderá colocar em risco o modelo de negócios da companhia.