O que você vai encontrar nesse relatório:
A temporada de balanços do 4T22 confirmou uma queda na lucratividade das empresas americanas, porém menor do que o esperado. Nesse relatório, trazemos os principais destaques da temporada, mostrando os resultados financeiros das principais empresas do S&P 500 e outras companhias internacionais.
No último trimestre de 2022, 68% das companhias do S&P 500 superaram as expectativas de lucros, com uma surpresa agregada na ordem de 0,7%. Já em termos de crescimento, houve uma contração nos lucros de -2,5%, sugerindo que os impactos macroeconômicos começam a ser refletidos nos resultados.
Dentre os setores, o de Consumo Discricionário registrou a maior surpresa positiva, ficando 9,3% acima das estimativas, enquanto o setor de Comunicação apresentou a maior decepção, ficando 10,7% abaixo das expectativas. Olhando para o crescimento de lucros, o setor de Energia foi destaque mais uma vez, com um salto de 55% na comparação anual. Na ponta oposta, os setores de Comunicação e Materiais foram os que mais sofreram.
Como já vinhamos pontuando, continuamos esperando uma queda de lucratividade das empresas como uma combinação de 3 fatores: i) uma inflação pressionando as linhas de custos, ii) uma demanda mais fraca em meio a uma economia global em desaceleração e iii) a forte base de comparação do ano passado.
Olhando à frente, mantemos nossa visão cautelosa para a Bolsa americana em meio aos riscos de uma desaceleração econômica, e de lucros, adiante. Seguimos favorecendo setores mais defensivos e menos cíclicos.
Uma temporada marcada por volatilidade e revisões das projeções
A performance do S&P 500 no início da temporada se mostrou resiliente e até mesmo positiva, refletindo o sentimento do mercado de “números menos piores do que esperado” em comparação com as projeções. Mesmo com companhias reportando expectativas mais conservadoras para os próximos trimestres e os analistas revisando as projeções de lucro para baixo, a surpresa seguiu sustentando a performance positiva.
Contudo, ao final da temporada, quando grande parte das empresas relevantes já haviam reportado, o cenário macroeconômico voltou a ser protagonista e o S&P 500 voltou a recuar. Os dados fortes do CPI e, posteriormente, a crise do SVB, acabaram afetando o sentimento.
Resultado consolidado e performance setorial
A temporada de resultados do 4º trimestre de 2022 nos Estados Unidos encerrou com novas sinalizações de um cenário desfavorável para grande parte das companhias. Em dezembro, o consenso dos analistas seguia com projeções otimistas para os próximos trimestres e acabaram cortando as mesmas à medida que as companhias foram confirmando a queda dos lucros e dando guidances mais conservadores.
Para recapitular quais eram as expectativas e as principais preocupações dos investidores no início da temporada, leia nosso relatório: Prévia da temporada de resultados do 4º trimestre dos EUA: Projeções apontam para a primeira contração nos lucros desde o 3T20.
Ao final da temporada, 68% das empresas do S&P 500 superaram as expectativas de lucros. A surpresa agregada dos lucros foi na ordem de 0,7%. Apesar dos números acima do consenso, em termos absolutos eles seguiram a tendência de contração que já vinhamos apontando em meio ao cenário desafiador e com riscos de recessão global.
Dentre os setores, o de Consumo Discricionário registrou a maior surpresa positiva, reportando lucros 9,3% acima do esperado e um crescimento de 24% em comparação com o 4T de 2021. Com o consumidor americano cada vez mais pressionado, as empresas conseguiram ainda assim superar as expectativas, puxadas pelos nichos de e-commerce e turismo. Na frente de e-commerce, a Amazon surpreendeu ao aumentar a eficiência de seus negócios através de cortes de custos e redução de mão de obra. Já na parte de turismo, vimos as companhias dos nichos mais afetados pela pandemia como Royal Caribbean, Hilton Worldwide e MGM, registrando uma forte recuperação na demanda.
Na ponta oposta, o setor de Comunicação acabou apresentando a maior decepção, ficando 10,7% abaixo das projeções. As companhias mais dependentes de anúncios digitais, um nicho bem sensível ao ciclo econômico, acabaram sofrendo com a queda na demanda por este serviço. Dentre os nomes que mais contribuíram para a decepção estão Warner Bross, Meta, Alphabet e Netflix.
Olhando para o crescimento agregado dos lucros, o setor de Energia foi destaque mais uma vez, com um salto de 55% nos lucros na comparação anual. Na ponta oposta, os setores de Comunicação e Materiais foram os que mais sofreram na temporada, com contrações de -28% e -24%, respectivamente.
E agora, o que esperar? O pior já passou?
Como já vinhamos pontuando, continuamos esperando uma queda de lucratividade das empresas como uma combinação de 3 fatores: i) uma inflação pressionando as linhas de custos, ii) uma demanda mais fraca em meio a uma economia global em desaceleração e iii) a forte base de comparação do ano passado. Notamos que a margem de lucro das empresas do S&P 500 já recuou das máximas, mas se encontra ainda próxima dos patamares elevados do pré-pandemia. Olhando para períodos recessivos anteriores, enxergamos espaço adicional para contração de margens por parte das empresas.
Já no campo positivo, vemos as empresas também mais capitalizadas do que em períodos recessivos anteriores, como ilustrado pelo múltiplo de Dívida Líquida/EBITDA. Sendo assim, um salto em insolvências ou inadimplências das companhias do S&P 500 parece um cenário menos provável na configuração atual vs. períodos recessivos anteriores.
Olhando para as projeções do consenso, os analistas (compilados pela Bloomberg) já colocam na conta uma contração de 8,9% no Lucro Pro Ação (LPA) do 1T23 vs. 4T22. Todavia, vemos que o consenso já aposta em uma recuperação dos lucros a partir do 2T23, algo que na nossa visão pode ainda ser muito otimista, uma vez que os riscos macroeconômicos perduram rumo ao segundo trimestre de 2023.
A precificação dos setores da bolsa segue bem próxima a média histórica, com exceção dos setores de Energia e Imobiliário. A escalada das incertezas com a desaceleração econômica global e os riscos de recessão acabaram derrubando a cotação do petróleo, o que resultou em uma correção no preço destas companhias. Daqui para frente esperamos um cenário um pouco mais complexo no que tange a parte da demanda, ainda que o desbalanço estrutural na parte da oferta pareça persistir. Já o setor imobiliário segue bem fragilizado dado o aumento da taxa de juros e um possível salto na inadimplência da população americana.
Em linhas gerais, seguimos ainda bem cautelosos quando ao posicionamento em bolsa americana e achamos que o prêmio de risco do mercado acionário ainda não é condizente com as incertezas do cenário.
Nossa visão vs. consenso
Vemos que os maiores consensos do mercado para compra estão entre os setores de Energia, Comunicação, e Tecnologia. Em contraste, vemos o consenso mais negativo com os setores de Materiais, Indústria e Consumo Básico.
Na nossa visão, mesmo que alguns setores já tenham sofrido grandes correções, ainda é cedo para ficar otimista e aumentar exposição à setores mais cíclicos e de maior beta. Seguimos favorecendo setores mais defensivos como: Consumo Básico, Utilidades Públicas, e Saúde.
Seguimos com uma visão bastante cautelosa para a bolsa americana nos próximos meses. Acreditamos que os fundamentos ainda abrem espaço para quedas adicionais do índice S&P 500. Leia nosso relatório Perspectivas de alocação global: Qual a “bola da vez” em 2023? para entender quais fatores julgamos necessários para afirmar se o índice da bolsa americana já reverteu a tendência de baixa e iniciou um novo ciclo de alta.
Dados consolidados das empresas internacionais
Abaixo, mostramos os destaques financeiros das principais empresas do S&P 500 e outras companhias internacionais, comparando a expectativa dos analistas e o resultado publicado. Mostramos também a reação do mercado após a divulgação dos números.
Principais nomes
Indústria
American Airlines reportou lucros acima do consenso, impulsionada por tarifas mais altas: A American Airlines reportou lucros do quarto trimestre acima das expectativas dos analistas, devido a forte demanda por viagens e tarifas mais altas. Nos três meses encerrados em 31 de dezembro, a empresa reportou lucro líquido de US$ 803 milhões, ou US$ 1,14 por ação – uma grande melhora em relação ao prejuízo de US$ 931 milhões, ou US$ -1,44 por ação, durante o mesmo período do ano anterior.
A receita trimestral de US$ 13,19 bilhões aumentou 16,6% em relação ao mesmo período de 2019 – período pré-pandêmico. A American arrecadou uma receita recorde no quarto trimestre, apesar de operar com uma capacidade 6,1% menor, sugerindo que os passageiros continuam pagando mais pelos assentos. Para o ano inteiro, a American reportou US$ 127 milhões em lucro líquido. Foi o primeiro lucro anual da operadora desde 2019, disse o CEO Robert Lsom em uma mensagem aos funcionários na manhã de quinta-feira.
A empresa pagou uma média de US$ 3,5 por galão de combustível no quarto trimestre, um aumento de 48% em relação ao ano passado. O CEO espera que o custo caia para algo entre US$ 3,33 e US$ 3,38 por galão no primeiro trimestre de 2023. Com base nessas estimativas de custo e para onde está indo a demanda, a American disse que espera que a capacidade seja 8% a 10% maior do que no primeiro trimestre de 2022 e projeta que atingirá um lucro por ação em território positivo.
United Airlines superou estimativas de lucro, impulsionada por demanda resiliente e tarifas mais altas: O lucro do quarto trimestre e as perspectivas para o início de 2023 da United Airlines superaram as estimativas de Wall Street, graças à forte demanda por viagens e tarifas mais altas. A United reportou um lucro líquido de US$ 843 milhões nos últimos três meses de 2022, um aumento de 31% em comparação com 2019 (usando como base o período pré-pandemia), e uma receita de US$ 12,4 bilhões. Esta receita foi quase 14% maior do que no mesmo período de 2019, apesar de voar 9% menos registrar um aumento de 21% nos custos.
O apetite dos consumidores por viagens aéreas e a maior propensão para pagar tarifas mais altas ajudaram as companhias aéreas a retornar à lucratividade, apesar dos custos mais altos de combustível, mão de obra e outras despesas. Enquanto isso, atrasos na entrega de aeronaves e atrasos no treinamento de novos funcionários restringiram o crescimento das companhias aéreas, mantendo as tarifas mais altas.
Financeiro
JP Morgan superou as estimativas do consenso, mas vê recessão como cenário base: JPMorgan Chase reportou seus resultados com lucros e receitas superando as expectativas, impulsionados pelo salto no faturamento das carteiras de crédito do banco, que subiu 48% devido às taxas mais altas e ao crescimento dos empréstimos. O banco relatou que o lucro líquido saltou 6% em relação ao mesmo período do ano anterior, para US$ 11,01 bilhões, ou US$ 3,57 por ação. A receita aumentou 17%, para US$ 35,57 bilhões, impulsionada pelo aumento da receita líquida com os juros da carteira de crédito para US$ 20,3 bilhões.
Todavia, o gigante de Wall Street registrou uma provisão de US$ 2,3 bilhões para perdas de crédito no trimestre, um aumento de 49% em relação ao terceiro trimestre de 2022, e superando a estimativa de US$ 1,96 bilhão do StreetAccount. As provisões servem como proteção para um possível aumento nas inadimplências. A medida foi catalisada por uma modesta deterioração nas perspectivas macroeconômicas da companhia, agora refletindo uma leve recessão como cenário base, bem como pelo crescimento dos empréstimos de clientes que usam seus cartões de crédito Chase, segundo o banco.
Embora o CEO do JPMorgan, Jamie Dimon, tenha dito na sexta-feira que a economia dos EUA “atualmente permanece forte” graças aos consumidores e empresas bem capitalizadas, ele apontou uma série de riscos para essa perspectiva. “Ainda não sabemos o efeito final dos ventos contrários vindos das tensões geopolíticas, incluindo a guerra na Ucrânia, o estado vulnerável das cadeias de suprimentos de energia e alimentos, a inflação persistente que está corroendo o poder de compra e elevou as taxas de juros, e o aperto quantitativo sem precedentes. ”, disse Dimon.
O J.P. Morgan deu algumas projeções discretas para 2023, dizendo que espera cerca de US$ 73 bilhões em receita líquida de juros, o que implica uma queda em relação aos níveis do quarto trimestre de 2022. O banco também disse que as despesas chegarão a cerca de US$ 81 bilhões este ano, acima dos US$ 75,9 bilhões em 2022, por causa da inflação salarial, planos de contratação e investimentos em tecnologia.
Bank of America surpreende em lucros, com taxas de juros mais altas compensando a queda nas atividades do segmento de Investment Banking: O Bank of America reportou resultados positivamente impactados pelas taxas de juros mais altas, que ajudaram o gigante de Wall Street a compensar uma forte desaceleração no segmento de Investment Banking. Os resultados foram impulsionados por ganhos consideráveis nas receitas da carteira de crédito, graças às taxas mais altas e ao crescimento dos empréstimos no quarto trimestre. O banco reportou US$ 14,7 bilhões em receita líquida de juros, um aumento de 29% ano a ano, mas ligeiramente abaixo das expectativas de Wall Street de US$ 14,8 bilhões, de acordo com a StreetAccount. Esse ganho ajudou a compensar a queda nas atividades do segmento de investment banking, que registrou queda uma queda de receitas superior a 50%, para US$ 1,1 bilhão.
O crescimento orgânico e as taxas de juros mais altas, combinados com o gerenciamento de despesas, ajudaram a impulsionar a alavancagem operacional do banco pelo sexto trimestre consecutivo, disse o CEO Brian Moynihan em comunicado.
O banco registrou uma provisão de US$ 1,1 bilhão para perdas de crédito, um aumento de US$ 1,6 bilhão em comparação com o mesmo trimestre de 2021, mas disse que o índice de inadimplências permanece abaixo dos níveis pré-pandemia. No entanto, Moynihan disse que o Bank of America também espera uma recessão moderada. Olhando pro futuro, o banco prevê que a receita líquida de juros irá diminuir sequencialmente no primeiro trimestre de 2023.
Wells Fargo divulga resultados com lucro levemente acima do esperado pelo mercado: O Wells Fargo reportou queda nos lucros nos seus resultados divulgados nessa última sexta-feira, pressionado por despesas regulatórias e pela necessidade de acumular reservas em meio à deterioração da economia. No período mais recente, o banco reservou US$ 957 milhões para perdas com crédito, depois de reduzir suas provisões em US$ 452 milhões um ano atrás. A provisão incluiu um aumento de US$ 397 milhões para perdas de crédito, refletindo o crescimento dos empréstimos e um ambiente econômico menos favorável.
Mesmo com a surpresa de lucros vs. as projeções, o Wells Fargo reportou uma contração de 50% em seus lucros ano contra ano. Esta queda veio depois que o banco anunciou no início desta semana que se retiraria do mercado de hipotecas dos EUA e focaria apenas aos financiamentos imobiliários já emitidos. Enquanto isso, o Wells Fargo também disse no mês passado que teria um prejuízo operacional após impostos de US$ 2,8 bilhões vinculado a custos legais e regulatórios. Como o mais dependente de hipotecas dos seis maiores bancos dos EUA, o Wells Fargo tem enfrentado um período conturbado, já que as atividades de vendas e refinanciamento caíram acentuadamente em meio às taxas de hipoteca que chegaram a 6%. O banco disse que sua receita de empréstimos imobiliários caiu 57% neste trimestre.
Lucro do 4T do Citigroup cai 21%, já que o banco aumentou suas reservas para perdas de crédito: O Citigroup informou que o lucro líquido do quarto trimestre caiu mais de 21% em relação ao ano anterior, em grande parte devido à desaceleração do crescimento dos empréstimos, juntamente com as expectativas de um ambiente macroeconômico mais fraco no futuro. A fraqueza foi parcialmente compensada por maiores receitas e menores despesas. O banco disse que reservou mais dinheiro para perdas de crédito daqui para frente, aumentando as provisões em 35% em relação ao trimestre anterior, para US$ 1,85 bilhão.
As receitas nas divisões de serviços e mercados aumentaram 32% e 18%, respectivamente, impulsionadas pelo crescimento nas receitas de juros e nos mercados de renda fixa. A divisão de mercados de renda fixa viu as receitas saltarem 31%, para US$ 3,2 bilhões, os maiores resultados de um quarto trimestre de todos os tempos.
Goldman Sachs decepcionou em lucros, impactado por queda de receitas e pressão de custos: Goldman Sachs surpreendeu negativamente, por uma boa margem, com a queda da receitas e aumento de despesas. O Goldman relatou que o lucro trimestral caiu 66% em relação ao ano anterior, para US$ 1,33 bilhão, ou US$ 3,32 por ação, cerca de 40% abaixo da estimativa de consenso. A receita foi de US$ 10,59 bilhões, uma queda de 16% em relação ao ano anterior e em linha com as estimativas. O banco também reportou que as despesas operacionais aumentaram 11% em relação ao ano anterior, para US$ 8,09 bilhões, devido a maiores remunerações, benefícios, entre outros motivos. Isso representa cerca de US$ 800 milhões a mais do que os analistas esperavam para os custos trimestrais.
Outra razão pela qual os resultados decepcionaram: uma provisão de US$ 972 milhões para perdas de crédito no trimestre, em comparação com US$ 344 milhões no ano anterior, já que o banco reservou mais fundos para possíveis perdas em carteiras de cartão de crédito e empréstimos. O valor é 50% superior ao que os analistas esperavam para o trimestre. O banco está vendo “sinais iniciais de deterioração do crédito ao consumidor” à medida que a economia desacelera e mais tomadores correm o risco de atrasar os pagamentos, disse o CFO Denis Coleman na conferência de resultados.
O Goldman disse que o declínio da receita em toda a empresa foi impactado por resultados ruins em duas de suas principais divisões: gestão de ativos e investment banking. Especificamente, o banco viu as taxas do segmento de Investment Banking caírem 48%, para US$ 1,87 bilhão, devido à baixa atividade nas emissões de ações e títulos de dívida, além de taxas de consultoria mais baixas. Já a receita de Asset & Wealth Management caiu 27% em relação ao ano anterior, para US$ 3,56 bilhões, devido a ganhos muito menores em participações de private equity e remarcações em instrumentos de dívida.
Morgan Stanley supera expectativas do mercado com desempenho recorde do segmento de Wealth Management: Morgan Stanley divulgou lucros do quarto trimestre, que superaram as expectativas do mercado, impulsionados pela receita recorde da divisão de Wealth Management do banco e pelo crescimento em seus negócios de trading. A divisão de gestão de fortunas da empresa, que tende a ter retornos menos voláteis, registrou receita líquida recorde de US$ 6,63 bilhões no último trimestre, 6% a mais do que no ano anterior. O resultado foi ajudado por um aumento na receita líquida de juros com as taxas de juros mais altas e pelo crescimento dos empréstimos bancários, disse o banco.
Olhando para a negociação de ações, a receita caiu 24% em relação ao ano anterior, impulsionada por remarcações em certos investimentos estratégicos e saldos de corretagem mais baixos. Já a receita líquida de renda fixa aumentou 15% em relação ao ano anterior, refletindo resultados mais fortes em produtos de crédito. O segmento de Investiment Banking, sofreu uma grande desaceleração em meio a um colapso nas IPOs e emissões de dívida. A receita do banco de investimento foi de US$ 1,25 bilhão no quarto trimestre, uma queda de 49% em relação ao ano anterior.
Contudo, olhando para o futuro, os executivos do Morgan Stanley estão confiantes para 2023, na esperança de que seu modelo de negócios continue resiliente frente a deterioração macroeconômica, enquanto aguarda uma eventual recuperação nos preços dos ativos e nas atividades do mercado de capitais.
Ações da American Express sobem com projeções futuras e aumento de dividendos: Os resultados do quarto trimestre da American Express ficaram aquém das expectativas, mas Wall Street estava mais interessada nos planos da empresa para a remuneração dos acionistas. As ações subiram mais de 10% nas negociações de sexta-feira. O lucro da companhia foi de US$ 1,6 bilhão, ou 9% menor do que no trimestre do ano anterior, totalizando ganhos de US$ 2,07 por ação. Isso ocorreu mesmo quando a receita aumentou 17%, para um recorde de US$ 14,2 bilhões. O consenso das estimativas da Bloomberg apontava para um LPA de US$ 2,22 e uma receita de US$ 14,2 bilhões.
A queda no lucro da American Express deveu-se, em parte, ao aumento da reserva para perdas de crédito em US$ 492 milhões, em comparação com uma liberação de reserva de US$ 168 milhões no ano anterior. A Amex também disse que as despesas aumentaram 15% em relação ao ano passado, refletindo um aumento nas despesas de compensação e maiores custos de engajamento do cliente.
Apesar da contração nos lucros, a Amex divulgou seus resultados do ano, pontuando que teve um crescimento de receita de 25% e que foi capaz de entregar resultados que superaram a orientação anterior. Isso ocorre porque clientes domésticos e empresariais usam cada vez mais seus cartões para viagens e outras compras. Devido aos bons resultados, a empresa disse que aumentará seu dividendo trimestral em 15%, para US$ 0,60 por ação.
Em 2023, a Amex espera ver um crescimento de receita na faixa de 15% a 17% e um LPA na faixa de US$ 11 a US$ 11,4. O lucro anual por ação para 2022 foi de US$ 9,85. “Nosso desempenho demonstra que nossa estratégia está funcionando e nosso negócio está em uma posição ainda mais forte hoje do que antes da pandemia”, disse o CEO da Amex, Stephen Squeri, na sexta-feira.
Tecnologia
Projeções aquém do esperado da Microsoft revertem os ganhos das ações no período pós-mercado: A Microsoft reportou uma projeção de receitas abaixo do esperado para o próximo trimestre durante a conferência de resultados, na terça-feira, causando uma reversão no preço das ações, depois que as ações inicialmente se recuperaram com ganhos melhores do que o esperado para o trimestre de dezembro. A empresa de tecnologia viu uma desaceleração em seus negócios no final de 2022 nas principais áreas do Windows e do Office, disse o CEO Satya Nadella.
A Microsoft projeta de US$ 50,5 bilhões a US$ 51,5 bilhões em receita no terceiro trimestre fiscal, o que representa um crescimento implícito de 3% a/a, enquanto analistas consultados pela Refinitiv esperavam US$ 52,43 bilhões. Amy Hood, chefe de finanças da empresa, disse que o mercado de PCs vai contrair novamente, o que deve levar a um declínio de aproximadamente 17% ano a ano no segmento de negócios More Personal Computing, que inclui o Windows.
No segundo trimestre fiscal, a receita total aumentou 2% ano a ano, o crescimento mais lento desde 2016, de acordo com um comunicado. O lucro líquido caiu para US$ 16,43 bilhões, de US$ 18,77 bilhões no trimestre do ano anterior. A empresa também viu seus gastos aumentarem US$ 1,2 bilhão no trimestre em virtude de sua decisão de cortar 10 mil empregos, revisar sua linha de hardware e consolidar arrendamentos. A cobrança inclui US$ 800 milhões em custos de demissão de funcionários.
Os negócios enfraqueceram em dezembro, incluindo o crescimento dos serviços em nuvem do Azure, disse Hood. Durante este mês, o crescimento em novos negócios também foi menor do que a administração esperava para assinaturas de software de produtividade Microsoft 365, produtos Windows Commercial e ofertas de Mobilidade e Segurança Corporativa.
A receita no segmento de nuvem inteligente da Microsoft totalizou US$ 21,51 bilhões, alta de 18% e um pouco acima do consenso de US$ 21,44 bilhões entre os analistas consultados pela StreetAccount. A unidade inclui a nuvem pública Azure, Windows Server, SQL Server, Nuance e Enterprise Services. A receita do Azure e outros serviços em nuvem, que a Microsoft não relata em dólares, cresceu 31%. No trimestre anterior, a categoria cresceu 35%. Os clientes estão procurando economizar dinheiro por meio da otimização de tarefas e rotinas, e estão mais cautelosos para acrescentar novas frentes de negócios, disse Nadella.
Hood disse que espera que o crescimento da nuvem do Azure desacelere novamente no terceiro trimestre fiscal. Ela disse que o crescimento em dezembro estava na faixa de 30% em moeda constante, e ela prevê uma queda de 4 a 5 pontos percentuais no terceiro trimestre fiscal. Analistas consultados pela StreetAccount previram 34% no crescimento do Azure em moeda constante.
O segmento de Produtividade e Processos de Negócios, contendo o Microsoft 365 (anteriormente conhecido como Office 365), LinkedIn e Dynamics, gerou US$ 17 bilhões em receita, um aumento de 7% e mais do que o consenso da StreetAccount de US$ 16,79 bilhões. O aplicativo de comunicação, Microsoft Teams, agora tem mais de 280 milhões de usuários ativos mensais, disse Nadella.
O segmento de Computação Pessoal com Windows, Xbox, Surface e publicidade contribuiu com US$ 14,24 bilhões, representando uma queda de receita de 19% a/a. As vendas de licenças do Windows para fabricantes de dispositivos caíram 39% ano a ano, piorando de um declínio de 15% no primeiro trimestre fiscal. A empresa de consultoria Gartner estimou que durante o quarto trimestre de 2022 o negócio de PCs teve seu crescimento mais lento desde que a empresa começou a acompanhar o mercado em meados da década de 1990.
Por fim, Nadella disse que a Microsoft obteve mais de US$ 20 bilhões em receita de segurança em 2022, um aumento de cerca de 33% em relação a 2021, quando a taxa de crescimento foi de cerca de 45%.
Intel decepciona em lucros e projeções para o próximo trimestre: A Intel reportou uma queda de 32% na receita ano a ano nos seus resultados do quarto trimestre de 2022. O resultado marca o quarto trimestre consecutivo de queda nas vendas, à medida que o mercado de computadores recua do boom registrado durante a pandemia. A empresa registrou um prejuízo líquido de US$ 664 milhões, em comparação com um lucro de US$ 4,62 bilhões no trimestre do ano anterior. No quarto trimestre, o Client Computing Group da Intel, que inclui chips para PC, contribuiu com US$ 6,63 bilhões em receita, queda de 36% e abaixo do consenso de US$ 7,68 bilhões entre os analistas consultados pela StreetAccount. A demanda caiu principalmente nos mercados de consumo e educação, e os clientes reduziram seus estoques, disse a Intel.
O segmento de Data Center e IA, que consiste em chips de servidor e memória, registrou receita de US$ 4,30 bilhões, queda de 33%, mas ainda acima do consenso de US$ 4,17 bilhões da StreetAccount. A Intel disse que encontrou pressão competitiva e um declínio no tamanho do mercado endereçável.
Olhando para o futuro, a Intel espera um lucro líquido ajustado de 15 centavos por ação e algo entre US$ 10,5 bilhões e US$ 11,5 bilhões em receita. Analistas consultados pela Refinitiv esperavam lucro de 24 centavos por ação e US$ 13,93 bilhões em receita. A empresa se recusou a fornecer uma previsão para o ano inteiro devido a “incerteza no ambiente atual”, disse o CEO Pat Gelsinger em uma call com analistas.
Faturamento da Visa supera expectativas com aumento de gastos em viagens: O aumento nas viagens internacionais ajudou a Visa a entregar resultados positivos no primeiro trimestre, que ficaram acima das expectativas de Wall Street. A companhia registrou lucro ajustado de US$ 2,01 por ação e US$ 7,7 bilhões em receita. A receita aumentou 12% em relação ao ano anterior, graças a um aumento de 22% nos gastos dos portadores de cartão no exterior e um salto de 10% no número de transações processadas. Já os lucros aumentaram 17%. A empresa também devolveu US$ 4 bilhões aos acionistas durante o trimestre na forma de recompras e dividendos.
Olhando adiante, a administração parecia otimista de que os bons tempos poderiam continuar. “Continuo a ver um futuro brilhante para a Visa e acredito que temos a estratégia certa para investir e capitalizar as oportunidades futuras em pagamentos ao consumidor, novos fluxos e serviços de valor agregado”, disse Alfred Kelly, CEO da Visa. em um comunicado.
AMD supera estimativas, mas alerta para queda de 10% na receita no primeiro trimestre: AMD divulgou os resultados do quarto trimestre, que superaram as expectativas de Wall Street em vendas e lucros, mas alertou que projeta uma queda de 10% nas vendas ano contra ano, no trimestre atual.
A companhia disse que espera US$ 5,3 bilhões em vendas no trimestre atual, um pouco abaixo da estimativa da Refinitiv de US$ 5,47 bilhões. A projeção da AMD sugere uma queda de 10% nas vendas no trimestre atual. Um contraste vs. a história de crescimento até o momento, as vendas da AMD aumentaram 44% em 2022. A empresa também disse que espera que sua margem bruta ajustada seja de cerca de 50%.
A AMD reportou ganhos enquanto muitos de seus fabricantes de chips rivais tropeçaram nas últimas semanas, citando a menor demanda do consumidor por eletrônicos, e uma desaceleração na indústria de computação pessoal e servidores.
A fabricante de chips registrou forte ritmo crescimento no segmento de data centers, e disse que sua receita de clientes, ou chips para PCs e laptops, e seu segmento de jogos caíram. A receita do segmento de data centers da AMD aumentou 42% ano a ano, para US$ 1,7 bilhão, sugerindo que a companhia segue tomando participação de mercado da Intel. Por outro lado, o segmento que inclui as vendas de processadores para PC, caiu 51% em relação ao ano anterior devido à queda do mercado de PCs, disse a AMD. Ela acrescentou que seus clientes têm muito estoque de seus chips, um tema que outras empresas de semicondutores mencionaram nas últimas semanas. O mercado global de PCs está em desaceleração prolongada, de acordo com estimativas.
A CEO da AMD, Lisa Su, disse aos analistas que a empresa espera que o mercado total de PCs caia cerca de 10% em 2023 e disse que a demanda por componentes de PCs permanece fraca. “Embora o ambiente de demanda seja misto, estamos confiantes em nossa capacidade de ganhar participação de mercado em 2023 e entregar crescimento de longo prazo com base em nosso portfólio de produtos diferenciados”, disse Su em comunicado.
O negócio de jogos da AMD, que é composto por placas gráficas e chips para consoles de jogos, caiu 7% ano a ano. A queda veio das placas gráficas e foi compensada pela receita “semi-custom”, como a empresa relata as vendas de chips para sistemas de jogos como o PlayStation 5.
A AMD espera que os segmentos com chips para PC e processadores gráficos continuem a cair no trimestre atual, mas as vendas de data center e componentes relacionados crescerão.
Vendas da Apple caem 5%, em seu maior declínio de receita trimestral desde 2016: A Apple relatou resultados decepcionantes para o trimestre de dezembro, abaixo das estimativas de Wall Street para receita e lucros. As vendas nos segmentos de iPhone, Mac e wearables, em particular, ficaram bem aquém das expectativas, levantando novas questões sobre o quão bem a demanda por produtos da Apple – e outros produtos eletrônicos de consumo – se manterá em face da redução dos gastos do consumidor e da deterioração do ambiente macroeconômico.
No trimestre, a Apple registrou vendas de US$ 117,2 bilhões, queda de 5% em relação ao ano anterior, ficando aquém da previsão do consenso de Wall Street de US$ 121 bilhões. Os lucros foram de US$ 1,88 por ação, também abaixo da estimativa consensual de US$ 1,94 por ação, e abaixo dos US$ 2,10 por ação do ano anterior.
O CEO Tim Cook disse na teleconferência com analistas que as vendas no trimestre foram reduzidas em quase 8 pontos percentuais devido aos ventos contrários do câmbio estrangeiro – e que as vendas foram, portanto, maiores ano a ano em uma base de moeda constante. Ele também disse que os resultados foram prejudicados por problemas de produção na China para o iPhone 14 Pro e Pro Max, conforme divulgado em novembro passado. E ele disse que a Apple “não está imune” às difíceis condições econômicas atuais.
A Apple pontuou que as vendas do iPhone no trimestre foram de US$ 65,8 bilhões, queda de 8% em relação ao ano anterior, e abaixo do consenso de Street de US$ 68,3 bilhões. O debate em Wall Street será se o fracasso se deve apenas aos problemas de produção da empresa relacionados à China no início do trimestre ou se a empresa está vendo o impacto de gastos mais brandos do consumidor. Cook disse na teleconferência que a empresa acredita que as vendas do iPhone teriam crescido ano a ano sem os problemas de produção na China.
As vendas do Mac foram de US$ 7,7 bilhões, uma queda de 29%, bem abaixo da visão de consenso de Wall Street de US$ 9,3 bilhões. A receita de wearables, casa e acessórios foi de US$ 13,5. bilhões, queda de 8,3%, abaixo da previsão de consenso de US$ 15,2 bilhões. Por outro lado, a receita do iPad foi de US$ 9,4 bilhões, alta de 29,6%, acima da previsão de consenso de US$ 7,9 bilhões. A receita de serviços foi de US$ 20,8 bilhões, alta de 6,4% e um pouco acima da previsão de Wall Street de US$ 20,5 bilhões.
A empresa viu as vendas caírem em todas as geografias, com queda de 4,3% nas vendas nas Américas, queda de 7% na Europa e queda de 7,3% na Grande China. A margem bruta no trimestre foi de 43%, abaixo dos 43,8% do ano anterior. A Apple também disse que recomprou US$ 19 bilhões em ações no trimestre e encerrou o período com US$ 54 bilhões em caixa líquido.
Olhando pro futuro, a Apple não forneceu projeções específicas, mas o diretor financeiro Luca Maestri fez alguns comentários sobre o ambiente atual durante a teleconferência de resultados da empresa com investidores. Ele disse que o crescimento total da receita no trimestre de março seria semelhante ao do trimestre de dezembro, observando que o câmbio reduziria as vendas em cerca de 5 pontos percentuais. Os serviços crescerão ano após ano, disse ele, mas com alguns ventos contrários de publicidade e jogos devido às condições macro. Maestri complementou que as vendas de Mac e iPad cairão dois dígitos em relação ao ano anterior devido a comparações difíceis. Ele disse que as vendas do iPhone devem acelerar a partir do trimestre de dezembro. E ele disse que a margem bruta no trimestre ficará entre 43,5% e 44,5%.
Nvidia surpreende em faturamento, impulsionada por forte demanda de chips com foco em inteligência artificial: As ações da Nvidia subiram mais de 8% no período pós-mercado na quarta-feira, depois que a empresa divulgou receita e lucro líquido ligeiramente maiores do que Wall Street esperava, apesar de uma queda ano a ano em ambas as categorias.
Embora tanto a receita quanto os lucros tenham caído em relação aos US$ 1,32 por ação do ano passado e US$ 7,64 bilhões em vendas, a Nvidia tem sido cada vez mais vista pelos investidores como uma das ações de chips mais bem posicionadas para enfrentar uma desaceleração econômica que prejudica as vendas de PCs e semicondutores.
O negócio de data center da Nvidia, que inclui chips para IA, continuou a crescer, sugerindo que poderia continuar a se beneficiar fortemente de software de inteligência artificial como ChatGPT e o chatbot de IA da Microsoft Bing. Os processadores gráficos da Nvidia são adequados para treinar e executar software de machine learning (aprendizado de máquina). O CEO da Nvidia, Jensen Huang, disse na conferência com analistas que a IA está em um “ponto de inflexão”, levando empresas de todos os tamanhos a comprar chips da Nvidia para desenvolver software de aprendizado de máquina.
A maioria das vendas de GPUs da Nvidia para inteligência artificial se enquadra na categoria de data center da empresa. A receita do segmento de data center aumentou 11% anualmente, para US$ 3,62 bilhões. A empresa disse que o crescimento ocorreu porque os provedores de serviços em nuvem dos EUA compraram mais produtos.
Por outro lado, a receita de jogos caiu, como esperado, já que as vendas foram muito elevadas nos últimos anos. A pandemia encorajou os jogadores a atualizarem seus sistemas com novas placas gráficas de empresas como a Nvidia, mas as vendas diminuíram significativamente no ano passado. Especificamente, a Nvidia registrou US$ 1,83 bilhão em receita de jogos no quarto trimestre, uma queda de 46% em relação ao mesmo período do ano passado. A empresa disse que o declínio ocorreu porque estava vendendo menos chips para parceiros porque eles atualmente têm muito estoque.
Outras categorias, como visualização profissional e chips automotivos, permanecem muito menores do que os negócios de jogos e data centers da empresa. O negócio de visualização profissional da Nvidia para designers registrou receita de US$ 226 milhões, uma queda de 65% ao ano, e a receita automotiva foi de US$ 294 milhões, um aumento de 135% em relação ao ano passado.
Serviços de comunicação
Netflix supera projeções em números de assinantes e ações sobem no pós-mercado: A Netflix registrou crescimento de assinantes acima do esperado no quarto trimestre, adicionando 7,66 milhões de novos assinantes líquidos, bem acima dos 4,5 milhões que a empresa havia projetado. A receita foi de de US$ 7,85 bilhões, alta de 1,8% em relação ao ano anterior, enquanto os lucros de 12 centavos por ação ficaram abaixo das expectativas. A margem operacional de 7% ficou abaixo dos 8,2% do ano anterior, mas acima dos 4,2% que a empresa havia projetado.
Quanto à recente introdução de um nível de assinatura com a presença de anúncios, a empresa disse que está “satisfeita com nosso progresso até o momento”. A Netflix disse que está vendo muito pouca perda de assinantes de outros níveis de assinatura para o novo serviço, que possui preço mais baixo. A empresa continua acreditando que a publicidade gerará receita e lucros incrementais, mas que o impacto em 2023 “será modesto, visto que isso aumentará lentamente com o tempo”.
A empresa interrompeu sua prática anterior de fornecer orientações específicas sobre o crescimento de assinantes, embora tenha dito que espera adições líquidas positivas “modestas” no primeiro trimestre, caindo em relação ao nível do quarto trimestre devido à “sazonalidade normal” e ao forte crescimento recente.
A Netflix acrescentou que, a longo prazo, continua visando o crescimento da receita de dois dígitos, expandindo as margens operacionais e o fluxo de caixa livre positivo. Para 2023, a empresa espera uma receita de US$ 8,2 bilhões e lucros de US$ 2,82 por ação. A companhia também projeta “pelo menos US$ 3 bilhões” em fluxo de caixa livre. Por fim, presumindo que não haverá aquisições materiais, a empresa espera retomar a recompra de ações em 2023.
Crescimento do número de assinantes da Verizon desacelera e projeções desanimam os investidores: A Verizon enfrenta dificuldades para aumentar os lucros em um mercado de telecomunicações mais competitivo nos EUA. Sua posição de liderança no setor está sendo cada vez mais desafiada e os investimentos em sua rede de cobertura estão consumindo caixa.
Na manhã de terça-feira, a companhia divulgou lucro ajustado de US$ 1,19 por ação no quarto trimestre, correspondendo às expectativas dos analistas, mas 9% abaixo dos US$ 1,31 por ação relatados um ano atrás. A receita de US$ 35,3 bilhões aumentou 3,5% e foi ligeiramente acima dos US$ 35,1 bilhões previstos pelos analistas. O lucro ajustado antes de juros, impostos, depreciação e amortização – ou LAJIDA – foi de US$ 11,7 bilhões, praticamente estável em relação ao ano anterior e em linha com o consenso de Wall Street. O fluxo de caixa livre de US$ 1,7 bilhão ficou bem abaixo da previsão de US$ 2,9 bilhões de Wall Street e caiu 15% em relação ao mesmo período do ano passado, com o aumento das despesas de capital. A Verizon está gastando muito para ampliar e melhorar sua rede 5G.
A receita geral de serviços da Verizon aumentou 3,9% ano a ano, para US$ 18,8 bilhões – uma pequena decepção em relação às expectativas. O crescimento ocorreu em função dos ganhos de assinantes e de um aumento na receita média da Verizon por conta, que atingiu US$ 128,02 no quarto trimestre, alta de 3,5% em relação ao ano anterior. Isso ocorre porque os clientes estão migrando para planos com preços mais altos e a empresa realizou alguns aumentos de preços, o que, por outro lado, pode ter pesado no crescimento de assinantes. É uma dinâmica difícil para a Verizon. A empresa tem margens de lucro líderes do setor e preços premium, dos quais a administração reluta em abrir mão. Mas em um mercado em desaceleração, com concorrentes uma concorrência aquecida, manter isso pode custar os assinantes.
As perspectivas para 2023 da gigante das telecomunicações deixaram muito a desejar. A empresa agora espera que o LAJIDA ajustado para 2023 caia entre US$ 47,0 bilhões e US$ 48,5 bilhões, o que se compara a US$ 47,9 bilhões em 2022. A administração espera um LPA ajustado de US$ 4,55 a US$ 4,85 em 2023, contra o consenso dos analistas de US$ 4,96 e US$ 5,18 em 2022. A orientação para gastos de capital é de US$ 18,25 bilhões a US$ 19,25 bilhões, contra os US$ 19,5 bilhões esperados pela administração em março.
Ações do Spotify sobem 13%, impulsionadas por forte crescimento de usuários: O Spotify relatou uma perda maior do que o esperado para o quarto trimestre. Mas reportou um crescimento de usuários acima das expectativas, impactando positivamente suas ações.
A companhia registrou uma perda de € 1,40 (US$ 1,52) por ação e uma receita de € 3,17 bilhões no trimestre de dezembro. Analistas esperavam prejuízo trimestral de € 1,30 por ação e receita de € 3,18 bilhões, de acordo com a Bloomberg. O Spotify nunca obteve lucro anual e seu prejuízo no trimestre elevou suas perdas operacionais em 2022 para € 659 milhões. No entanto, um aumento mais forte do que o esperado nas assinaturas premium em um cenário econômico difícil parece ter restaurado a confiança dos investidores em sua história de crescimento.
A plataforma de streaming de música registrou 489 milhões de usuários ativos mensais, um aumento de 20% em relação ao ano anterior e superando as projeções da própria empresa de 479 milhões. O Spotify disse ter 205 milhões de assinantes premium, superando as expectativas de 202 milhões. Também há sinais de que a companhia está planejando controlar seus gastos. O Spotify disse na semana passada que o diretor de conteúdo e publicidade, Dawn Ostroff, estava deixando a empresa depois de liderar a expansão da plataforma para podcasting e que pretende cortar 6% de sua força de trabalho de cerca de 10 mil funcionários.
Para o trimestre atual, o Spotify prevê cerca de 500 milhões de usuários ativos mensais e 207 milhões de assinantes premium. Em termos de resultados, a empresa espera que a receita seja de € 3,1 bilhões, com um prejuízo operacional de € 194 milhões.
Meta surpreende o mercado com corte de custos, recompras de ações e faturamento acima do esperado: As ações da Meta Platforms dispararam no final do pregão de quarta-feira, depois que a empresa divulgou os resultados financeiros do quarto trimestre e anunciou uma nova rodada de cortes em seu plano de gastos para 2023.
Em outro movimento favorável aos acionistas, a controladora do Facebook está adotando uma abordagem mais agressiva para recomprar ações. A empresa disse que recomprou US$ 6,91 bilhões em ações no último trimestre, elevando o total do ano para US$ 27,93 bilhões. Além disso, a companhia pontuou que seu conselho aprovou uma nova autorização de recompra de US$ 40 bilhões, além dos US$ 10,87 bilhões restantes em seu programa de recompra anterior.
A reação positiva nas ações da Meta após os resultados contrasta fortemente com a queda de 25% desencadeada pelos resultados do terceiro trimestre. Essa queda foi provocada por preocupações de Wall Street de que a Meta estava gastando de forma muito agressiva. Duas semanas depois, a Meta anunciou cortes de 11 mil empregos e outras reduções de gastos – e agora a Meta está fazendo cortes mais profundos e os investidores estão comemorando o novo foco da empresa nos custos.
“Nosso tema de gestão para 2023 é o ‘Ano da Eficiência’ e estamos focados em nos tornar uma organização mais forte e ágil”, disse o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, em comunicado. A Meta reduziu sua previsão de despesas totais para o ano inteiro para entre US$ 85 bilhões e US$ 95 bilhões, de uma previsão anterior de US$ 94 bilhões a US$ 100 bilhões. A empresa agora vê gastos de capital para o ano na faixa de US$ 30 bilhões a US$ 33 bilhões, abaixo da estimativa anterior de US$ 34 bilhões a US$ 37 bilhões.
No quarto trimestre, a Meta registrou receita de US$ 32,2 bilhões, queda de 4% em relação ao ano anterior, mas no limite superior de sua faixa de orientação de US$ 30 bilhões a US$ 32,5 bilhões, e acima da visão de consenso de Wall Street em US$ 31,6 bilhões.
A empresa reportou um LPA de US$ 1,76 no trimestre, abaixo do consenso de US$ 2,27. Todavia, a Meta disse que assumiu encargos de reestruturação no quarto trimestre de US$ 3,76 bilhões no segmento “família de aplicativos” e US$ 440 milhões no segmento Reality Labs. Sem essas cobranças, disse a empresa, o lucro no trimestre seria de US$ 1,24 por ação a mais. Mas a Meta também disse que “o impacto das indenizações e outros custos com pessoal registrados no quarto trimestre de 2022 não foi material depois de compensado com a economia das reduções na folha de pagamento, bônus e outras despesas com benefícios”.
A empresa está projetando uma receita para o primeiro trimestre entre US$ 26 bilhões e US$ 28,5 bilhões, quase em linha com o consenso de Wall Street de US$ 27,1 bilhões e uma queda de cerca de 2,4% em relação ao ano anterior.
A receita do segmento de “família de aplicativos” da empresa foi de US$ 31,3 bilhões, um pouco acima do consenso de Wall Street de US$ 31 bilhões, enquanto o Reality Labs, que inclui dispositivos de realidade virtual e o as vertentes relacionadas ao metaverso, teve receita de US$ 727 milhões, também um pouco acima do consenso da US$ 713 milhões. A empresa teve lucro operacional no segmento de aplicativos de US$ 10,68 milhões, abaixo da previsão de Wall Street de US$ 12,35 bilhões, enquanto a Reality Labs teve prejuízo de US$ 4,28 bilhões, um pouco abaixo dos US$ 4,39 bilhões projetados pelos analistas.
A Meta registrou um forte crescimento nas métricas do usuário. Pessoas ativas diariamente, uma medida de usuários nas redes sociais da empresa, que incluem Facebook, Instagram e WhatsApp, foram de 2,96 bilhões em dezembro, um aumento de 5% em relação ao ano anterior. Os usuários ativos mensais foram de 3,74 bilhões, alta de 4%. A empresa também disse que os usuários ativos diários do Facebook atingiram 2 bilhões pela primeira vez, um aumento de 4% em relação ao ano anterior. Em adição, a companhia disse que as impressões de anúncios entregues nos aplicativos aumentaram 23% ano a ano no quarto trimestre, enquanto o preço por anúncio caiu 22%.
Zuckerberg disse que as taxas de conversão no quarto trimestre aumentaram mais de 20% em relação ao ano anterior, o que significa que os usuários do Facebook estão realizando mais ações depois de visualizar os anúncios. Ele também disse que a empresa está fazendo um progresso considerável na adoção do Reels, o serviço de vídeo curto da empresa que compete com o TikTok, com reproduções no quarto trimestre mais do que dobrando em relação ao ano anterior.
Zuckerberg também comentou sobre os planos da empresa de participar do mercado de ferramentas generativas de IA, como o popular chatbot ChatGPT da OpenAI. “Esta é uma área realmente empolgante”, disse Zuckerberg. “Temos vários fluxos de trabalho diferentes para usar modelos de linguagem grandes”, tanto para geração de conteúdo visual quanto de texto. Ele disse que a empresa “lançará uma série de coisas diferentes” na área de IA generativa este ano.
Alphabet fica abaixo das expectativas dos analistas, com receita do segmento de anúncios do YouTube caindo quase 8%: A Alphabet, controladora do Google, anunciou seus resultados do quarto trimestre após o fechamento de mercado nesta última quinta-feira, ficando aquém das expectativas de receita e lucro por ação, já que os ganhos com publicidade caíram ano a ano. A receita de anúncios do Google caiu de US$ 61,2 bilhões no quarto trimestre de 2021 para US$ 59 bilhões no quarto trimestre de 2022. A receita de anúncios do YouTube, por sua vez, ficou abaixo das estimativas dos analistas, chegando a US$ 7,9 vs. US$ 8,2 bilhões esperados pelo mercado.
Além da redução geral nos gastos com anúncios, o YouTube também enfrenta uma concorrência acirrada do TikTok em vídeos curtos. Os shorts do YouTube agora têm 50 bilhões de visualizações diárias, disse o CEO Sundar Pichai em uma teleconferência com investidores na quinta-feira. As despesas operacionais dispararam 10%, para US$ 22,50 bilhões, impulsionadas pelo crescimento do número de funcionários, cobranças por questões legais e menores gastos com anúncios, disseram executivos na quinta-feira. A empresa também disse que perdeu US$ 1,49 bilhão em investimentos em ações de outras empresas durante o trimestre.
A Alphabet reduzirá “significativamente” seu ritmo de contratações em 2023, disse a diretora financeira Ruth Porat. O valor da indenização pelos cortes de empregos varia de US$ 1,9 bilhão a US$ 2,3 bilhões e será refletido nos resultados deste trimestre, disse Porat na teleconferência de resultados da empresa na quinta-feira. A controladora do Google fez seus maiores cortes de empregos no mês passado, 6% de sua força de trabalho global, ou 12 mil empregos.
Disney surpreende ao reportar perda de assinantes menor do que o esperado: Perdas menores de assinantes e surpresas positivas em lucros e receitas foram os destaques nos resultados da Disney. Embora as unidades de TV a cabo e streaming da empresa tenham sofrido durante o período, seus parques temáticos tiveram um crescimento significativo ano a ano. Com o CEO Bob Iger de volta ao comando, a Disney busca fazer uma “transformação significativa” de seus negócios, reduzindo despesas e colocando o poder criativo de volta nas mãos de seus criadores de conteúdo.
“Acreditamos que o trabalho que estamos fazendo para remodelar nossa empresa em torno da criatividade, ao mesmo tempo em que reduzimos as despesas, levará a um crescimento sustentado e à lucratividade de nossos negócios de streaming, nos posicionará melhor para enfrentar disrupções futuras e desafios econômicos globais, além de agregar valor para nossos acionistas, ” Iger disse em um comunicado antes da conferência de resultados da empresa.
Durante a conferência de resultados, Iger anunciou que a gigante do entretenimento se reorganizaria, cortaria milhares de empregos e reduziria US$ 5,5 bilhões em custos. A empresa passará a ser composta por três divisões: Disney Entertainment, que inclui a maior parte de suas operações de streaming e mídia, uma divisão ESPN e uma unidade de Parques, Experiências e Produtos
O retorno de Iger ocorre no momento em que as empresas de mídia tradicionais enfrentam um cenário de rápida mudança, à medida que os dólares dos anúncios secam e os consumidores cortam cada vez mais suas assinaturas de TV a cabo em favor do streaming. Até mesmo o espaço de streaming tem sido difícil de navegar nos últimos trimestres, pois as despesas aumentaram e os consumidores se tornaram mais conscientes dos custos de seus gastos com mídia. Um recente aumento nos preços dos serviços de streaming da Disney provavelmente levou à perda de cerca de 2,4 milhões de assinantes do Disney+ durante o trimestre. Todavia, esperava-se que a empresa perdesse mais de 3 milhões, de acordo com a StreetAccount.
A empresa disse na quarta-feira que não fornecerá mais orientação de assinantes de longo prazo em um esforço para “ir além da ênfase nas métricas trimestrais de curto prazo”, disse Iger na teleconferência. A Netflix tomou uma decisão semelhante no final do ano passado. Além disso, conforme previsto pela Disney nos trimestres anteriores, seu negócio direto ao consumidor registrou mais uma vez uma perda operacional. No trimestre mais recente, o prejuízo operacional foi de US$ 1,05 bilhão, menor do que os US$ 1,2 bilhão previstos por Wall Street.
O lucro líquido foi de US$ 1,28 bilhão, ou US$ 0,70 por ação, em comparação com US$ 1,1 bilhão, ou US$ 0,60 por ação, um ano atrás. A receita aumentou 8%, para US$ 23,51 bilhões, de US$ 21,82 bilhões no ano anterior.
Um ponto positivo para a Disney veio de suas divisões de parques, experiências e produtos, que registraram um aumento de 21% na receita para US$ 8,7 bilhões durante o trimestre mais recente. Um pouco mais de US$ 6 bilhões dessa receita veio de suas locações em parques temáticos. A empresa disse que os hóspedes gastaram mais tempo e dinheiro durante o trimestre visitando seus parques, hotéis e cruzeiros, bem como em produtos digitais aditivos como Genie+ e Lightning Lane.
Além disso, Iger disse que a empresa pedirá ao conselho que aprove o restabelecimento de seus dividendos até o final do ano. A Disney suspendeu seus dividendos no início de 2020 devido à pandemia. “Nossas iniciativas de corte de custos tornarão isso possível e, embora inicialmente seja um dividendo modesto, esperamos aumentá-lo com o tempo”, disse Iger.
Saúde
Lucros da Johnson & Johnson superam estimativas, mas ações encerram o dia sem movimentos expressivos: A Johnson & Johnson divulgou projeções financeiras para o ano fiscal de 2023 que ficaram acima das expectativas de Wall Street, apesar dos avisos do CEO da empresa no início deste mês de que o cenário macroeconômico mais permanece incerto. A empresa disse que espera um lucro ajustado de US$ 10,55 por ação em 2023, bem acima da estimativa de consenso do FactSet de US$ 10,33. “Embora tivéssemos pressões inflacionárias que persistirão em 2023, fomos bastante diligentes e disciplinados com foco em priorizar os principais investimentos e gerenciar alguns dos custos”, disse o diretor financeiro da Johnson & Johnson, Joseph Wolk, ao Barron’s.
A orientação estabelece um tom inesperadamente positivo para a temporada de lucros das grandes empresas farmacêuticas e pode acalmar os temores de que as pressões inflacionárias estejam alcançando a indústria farmacêutica. A empresa registrou vendas no quarto trimestre de US$ 23,7 bilhões, um pouco abaixo da estimativa de consenso da Bloomberg de US$ 23,9 bilhões. O lucro por ação ajustado foi de US$ 2,35, acima da estimativa consensual da Bloomberg de US$ 2,23.
Os ganhos da Johnson & Johnson costumam atuar como um indicador para o restante do setor biofarmacêutico. As boas previsões da Johnson & Johnson para 2023 podem dar um novo fôlego à tese de que as grandes empresas farmacêuticas representam um refúgio defensivo no atual ambiente de mercado.
A Johnson & Johnson não divulgou novas informações na terça-feira sobre a separação planejada de sua divisão de saúde do consumidor, planejada para ser concluída este ano. A orientação para 2023 reflete todo o negócio, incluindo a divisão de saúde do consumidor.
Olhando para os segmentos, a Johnson & Johnson registrou vendas farmacêuticas de US$ 13,2 bilhões no quarto trimestre de 2022, um aumento de 6,8% em relação ao mesmo trimestre do ano passado. A empresa disse que o aumento foi impulsionado por seu tratamento para mieloma múltiplo Darzalex, seu tratamento para doenças inflamatórias Stelara e outros. As vendas de seu negócio de dispositivos médicos aumentaram 6,1%, enquanto as vendas em seu negócio de saúde do consumidor aumentaram 3,9%.
Merck supera estimativas trimestrais de lucro, mas prevê resultados mais fracos em 2023: A Merck apresentou receitas e lucros no 4T22 que superaram as expectativas, apoiados por fortes vendas de seu medicamento contra o câncer Keytruda. No entanto, as ações da farmacêutica caíram no início do pregão de Nova York, depois que suas perspectivas para 2023 ficaram aquém das expectativas. A empresa registrou vendas globais de US$ 13,8 bilhões no 4T, um aumento de 2% a/a. As vendas do Lagevrio, um medicamento antiviral oral experimental para COVID-19, diminuíram 13%, para US$ 825 milhões. O lucro ajustado do trimestre foi de US$ 1,62 por ação, superando as estimativas de US$ 1,53. As vendas de todo o ano fiscal de 2022 aumentaram 22% em relação a 2021, para US$ 59,3 bilhões, enquanto o lucro ajustado chegou a US$ 7,48 por ação.
Para 2023, a empresa espera um faturamento entre US$ 57,2 bilhões e US$ 58,7 bilhões e lucro por ação ajustado de US$ 6,80 a US$ 6,95, ficando abaixo dos US$ 7,33 esperados pelo consenso. Com isso, as ações da gigante farmacêutica caíram mais de 3% durante o dia.
Consumo Discricionário
Tesla reporta receita recorde e supera estimativas de lucro do consenso: A fabricante de veículos elétricos reportou resultados que superaram as estimativas de receitas e lucros. As ações subiram mais de 5% no aft-mkt, após o CEO Elon Musk pontuar que a empresa poderia produzir 2 milhões de carros este ano.
A Tesla registrou receita automotiva de US$ 21,3 bilhões no quarto trimestre, representando um crescimento de 33% ano a ano. US$ 467 milhões do montante vieram de créditos regulatórios no quarto trimestre de 2022, quase metade do ano anterior no mesmo período. As margens brutas automotivas chegaram a 25,9%, o menor valor dos últimos cinco trimestres. O fluxo de caixa operacional caiu 29% em relação ao ano passado e 36% em relação ao último trimestre, chegando a US$ 3,28 bilhões.
Serviços e outras receitas da Tesla, que incluem taxas para reparos de veículos fora da garantia, entre outros itens, atingiram US$ 1,6 bilhão no trimestre. A receita de geração e armazenamento de energia aumentou sequencialmente e ano a ano, atingindo US$ 1,31 bilhão. O custo da receita de sua divisão de energia foi alto, porém, em US$ 1,15 bilhão no quarto trimestre. Em termos de produção, a Tesla disse que instalou a capacidade – em todas as suas fábricas – para fabricar 100 mil veículos Modelo S e X anualmente e 1,8 milhão de veículos Modelo Y e Modelo 3.
Em um discurso para os acionistas, a empresa reconheceu que os preços médios de venda “estão em uma trajetória descendente há muitos anos” e disse que “acessibilidade” seria necessária para que a Tesla se transformasse em uma empresa que vende vários milhões de carros anualmente.
No final de 2022 e neste ano, a Tesla cortou os preços de seus carros em todo o mundo, incomodando os clientes nos EUA e na China que recentemente compraram novos Teslas a preços mais altos e, provocando um declínio instantâneo nos preços dos Tesla usados também nos EUA. Os cortes de preços parecem ter estimulado a demanda, no entanto. Falando em uma teleconferência com acionistas e analistas na quarta-feira, o CEO Elon Musk disse: “Até agora, em janeiro, vimos os pedidos mais fortes do que nunca em nossa história. No momento, estamos recebendo pedidos de quase o dobro da taxa de produção.”
Um analista perguntou a Musk por que a previsão de produção da Tesla era de apenas 1,8 milhão em 2023, depois que a empresa aumentou a produção em suas novas fábricas. Musk respondeu: “Estamos dizendo 1,8 porque sempre parece haver alguma coisa de força maior que acontece em algum lugar da Terra. Não controlamos se há terremotos, tsunamis, guerras, pandemias, etc. Se for um ano tranquilo, sem grandes interrupções na cadeia de suprimentos ou grandes problemas, temos o potencial de fabricar 2 milhões de carros este ano. Acho que haveria demanda para isso também.”
A empresa não divulgou projeções futuras, mas reiterou em seu comunicado de resultados: “Estamos planejando aumentar a produção o mais rápido possível, em linha com a meta de taxa de crescimento anual composta de 50% que começamos a orientar no início de 2021”.
A Tesla também disse que aproximadamente 400 mil clientes na América do Norte agora têm a capacidade de testar seu sistema experimental de assistência ao motorista “FSD Beta”. A empresa reconheceu receita diferida de US$ 324 milhões para o trimestre relacionada ao FSD, disse em uma apresentação aos acionistas.
Por fim, empresa também reiterou que sua picape Cybertruck está a caminho de iniciar a produção este ano no Texas, mas não atingirá a meta de volume de produção até o próximo ano. Sua plataforma de veículos de próxima geração também já está em desenvolvimento. O novo veículo será um EV de preço mais baixo, algo que os investidores estão procurando. Isso expandirá o mercado potencial da Tesla.
Amazon decepciona em lucros e projeções desanimam o mercado: Amazon divulgou projeções para o primeiro trimestre que decepcionaram levemente as projeções, ofuscando uma surpresa positiva em seu faturamento do último trimestre de 2022. A ação caiu depois do expediente, apagando a maior parte de seu rali do dia normal de negociação.
A empresa reportou um crescimento de vendas melhor do que o esperado no quarto trimestre, mas lucros mais fracos do que o esperado, em grande parte devido a uma perda na participação da empresa na fabricante de caminhões elétricos Rivian Automotive.
A Amazon encerrou seu ano de crescimento mais lento em seus 25 anos de empresa de capital aberto. A receita do ano aumentou 9%, pois as pressões inflacionárias e o aumento das taxas prejudicaram os gastos do consumidor. Para o próximo trimestre, a varejista eletrônica disse esperar registrar receita no primeiro trimestre entre US$ 121 bilhões e US$ 126 bilhões, representando um crescimento ano a ano de 4% a 8%. Os analistas esperavam que as vendas chegassem a US$ 125,1 bilhões, de acordo com a Refinitiv.
As vendas no segmento de e-commerce da Amazon contraíram 2% ano a ano. A empresa tem lutado contra a desaceleração das vendas, já que o aumento dos preços do gás e dos alimentos forçou os consumidores a reduzir os gastos discricionários. O boom do comércio eletrônico alimentado pela pandemia também fracassou com os consumidores voltando cada vez mais aos varejistas físicos.
O CEO Andy Jassy, que sucedeu o fundador Jeff Bezos no comando em julho de 2021, passou o ano passado trabalhando para reduzir os custos. Em janeiro, a Amazon disse que estará cortando 18 mil empregos entre sua força de trabalho corporativa, depois de cortar vários funcionários em novembro. A empresa também instituiu um congelamento de contratações em suas áreas corporativas, cortou alguns projetos e pausou a expansão de seus armazéns em um esforço para domar as despesas crescentes. “Estamos trabalhando muito para otimizar nossos custos e tentando fazer isso ao mesmo tempo em que não desistimos dos investimentos estratégicos de longo prazo que acreditamos que podem mudar significativamente as experiências amplas dos clientes e mudar a Amazon a longo prazo. ”, disse o CEO Andy Jassy.
O negócio de nuvem da Amazon – Amazon Web Services – ficou abaixo das estimativas para o quarto trimestre, refletindo uma desaceleração nos gastos das empresas. A AWS cresceu apenas 20% no período, ante 27,5% no terceiro trimestre.
A receita de publicidade saltou 19% em relação ao ano anterior (23% excluindo mudanças nas taxas de câmbio), novamente superando empresas de anúncios online como Google, Facebook e Snap. A Amazon emergiu recentemente como uma das líderes em publicidade digital, oferecendo às marcas e vendedores mais formas de pagar para promover seus produtos no site, aplicativos e propriedades de mídia da empresa.
O lucro operacional no trimestre foi de US$ 2,7 bilhões, abaixo dos US$ 3,5 bilhões do ano anterior. O valor do quarto trimestre inclui cerca de US$ 2,7 bilhões em encargos, dos quais US$ 640 milhões vieram de custos de rescisão relacionados às demissões, disse a empresa.
Uber supera estimativas do consenso e ações sobem: Uber divulgou, na quarta-feira, os resultados do quarto trimestre e superou as estimativas dos analistas. As ações fecharam em alta de 5% no dia.
A receita do trimestre aumentou 49% em relação ao ano anterior. A Uber observou que o lucro líquido do trimestre foi de US$ 595 milhões, dos quais US$ 756 milhões foram um benefício líquido devido a ganhos não realizados em investimentos de capital.
Em declaração, o CEO Dara Khosrowshahi disse que o Uber encerrou 2022 com seu “trimestre mais forte de todos os tempos”, encerrando seu “ano mais forte”. Ele disse que o impacto da pandemia nos negócios de mobilidade da empresa está “agora bem e verdadeiramente atrás de nós” e que os motoristas ativos atingiram um recorde histórico durante o trimestre. Ele observou que a empresa também alcançou um novo marco e atingiu 2 bilhões de viagens em um único trimestre pela primeira vez, com média de cerca de 1 milhão de viagens por hora. “É importante ressaltar que alcançamos esses resultados ao mesmo tempo em que mantemos ou melhoramos nossa posição competitiva em nossos principais mercados”, disse ele no comunicado.
A empresa reportou EBITDA ajustado de US$ 665 milhões, mais do que os US$ 620 milhões esperados pelos analistas, segundo a StreetAccount. O valor bruto das viagens e entregas para o trimestre chegaram a US$ 30,7 bilhões, um aumento de 19% em relação ao ano anterior. Para o primeiro trimestre de 2023, a Uber disse que espera que as reservas brutas cresçam entre 20% e 24% ano a ano em uma base de moeda constante e um EBITDA ajustado de US$ 660 milhões a US$ 700 milhões.
O Uber contou fortemente com o crescimento de seu negócio de entrega, Uber Eats, durante a pandemia de Covid, mas seu segmento de mobilidade ultrapassou a receita do Eats no primeiro, segundo e terceiro trimestres de 2022, quando os passageiros começaram a fazer mais viagens. Essa tendência continuou durante o quarto trimestre, já que o segmento de mobilidade da empresa registrou US$ 4,1 bilhões em receita, enquanto a entrega registrou US$ 2,9 bilhões. O negócio de frete da Uber também registrou US$ 1,5 bilhão em vendas no trimestre.
O número de consumidores ativos mensais da plataforma subiu para 131 milhões no quarto trimestre, um aumento de 11% em relação ao ano anterior. Foram 2,1 bilhões de viagens concluídas na plataforma durante o período, um aumento de 19% em relação ao ano anterior. Khosrowshahi disse ao “Squawk Box” da CNBC na quarta-feira que o Uber não está vendo nenhum sinal de fraqueza nos gastos do consumidor. Ele disse que a empresa pode estar se beneficiando de uma mudança do varejo para os gastos com serviços após a pandemia. No entanto, Khosrowshahi disse que cerca de 70% dos motoristas estão dizendo que a inflação é um fator em sua decisão de entrar na plataforma do Uber. “Podemos estar nos beneficiando dessa tendência, veremos aonde isso nos leva”, disse ele.
Bens de consumo
Walmart relata que consumidores estão fragilizados no cenário macroeconômico atual: O Walmart superou as expectativas de lucros do quarto trimestre de 2022. A varejista disse que atraiu compradores preocupados com o orçamento e em busca de alimentos, presentes e utensílios domésticos a preços mais baixos. Todavia, as ações fecharam apenas em leve alta na terça-feira, depois que a grande varejista deu uma perspectiva mais fraca do que o esperado para o próximo ano.
O CFO do Walmart, John David Rainey, disse à CNBC que os consumidores ainda estão comprando menos itens discricionários, já que os preços dos supermercados permanecem elevados. Ele disse que levou isso em consideração nas previsões do Walmart para o próximo ano. “O consumidor ainda está muito pressionado”, disse. “E se você olhar para os indicadores econômicos, os balanços das famílias estão ficando mais apertados e as taxas de poupança estão caindo em relação aos períodos anteriores. E é por isso que temos uma perspectiva bastante cautelosa no resto do ano”.
A receita de US$ 164 bilhões no trimestre marcou um aumento de 7,3% ano a ano. As vendas nas mesmas lojas do Walmart dos EUA aumentaram 8,3%, excluindo a receita com combustível. As vendas de e-commerce aumentaram 17% ano a ano para o Walmart dos EUA. No Sam’s Club, as vendas nas mesmas lojas cresceram 12,2%, excluindo combustível.
O Walmart também progrediu com uma dor de cabeça que tem atormentado muitos varejistas: um excesso de mercadorias não vendidas que se acumulavam nos bastidores das lojas e acabavam nas prateleiras de liquidação. O estoque está praticamente estável há um ano, disse Rainey, e caiu 3% para o Walmart dos EUA.
Olhando pro futuro, a empresa disse esperar que as vendas nas mesmas lojas do Walmart dos EUA aumentem entre 2% e 2,5%, excluindo vendas de combustível, no próximo ano fiscal. O número fornecido estava abaixo das expectativas dos analistas de crescimento de 3%, de acordo com a StreetAccount. Ela também prevê que o lucro ajustado por ação varie de US$ 5,90 a US$ 6,05, excluindo combustível.
Energia
Lucro anual da Chevron dobra para recorde de US$ 36,5 bilhões, mas decepciona estimativas e ações caem: A Chevron divulgou um lucro recorde de US$ 36,5 bilhões para 2022, mais do que o dobro dos ganhos do ano anterior, mas o resultado final ficou aquém das estimativas de Wall Street, prejudicado por depreciação de ativos e custos crescentes. O lucro líquido ajustado da segunda maior produtora de petróleo dos EUA para 2022 excedeu seu recorde anterior estabelecido em 2011 em cerca de US$ 10 bilhões. Ainda assim, despesas mais altas e lucros mais fracos com petróleo e combustíveis deixaram os resultados do quarto trimestre 6,6% abaixo da previsão de Wall Street.
No quarto trimestre de 2022, a Chevron registrou lucro ajustado de US$ 7,9 bilhões, ou US$ 4,09 por ação, abaixo da estimativa dos analistas de lucro de US$ 4,27 por ação. A produção de petróleo e gás caiu no ano, liderada por uma queda de 7% na produção internacional devido ao fim das concessões na Tailândia e na Indonésia. Mas a Chevron vem mudando o foco para novos investimentos e visando aumentar a produção nos Estados Unidos. A produção dos EUA atingiu um recorde no ano passado, liderada por um aumento de 16% no Permiano, a principal bacia de xisto do país.
Seu negócio de refino acelerou e quase triplicou os resultados do ano anterior, já que a produção internacional de combustível gerou margens mais fortes. As vendas de produtos refinados aumentaram 7%, lideradas por maiores vendas de combustíveis renováveis e demanda por combustível de aviação.
Exxon Mobil registra lucro recorde de US$ 56 bilhões em 2022: A Exxon Mobil superou as expectativas de lucro no quarto trimestre, mas a receita ficou aquém. A companhia registrou lucro trimestral ajustado por ação de US$ 3,40, em comparação com o consenso dos analistas de US$ 3,29. A receita no trimestre foi de US$ 95,43 bilhões, abaixo das expectativas dos analistas de US$ 97,3 bilhões.
Os resultados da Exxon excederam em muito o lucro líquido recorde de US$ 45,2 bilhões registrado em 2008, quando o petróleo atingiu US$ 142 por barril, 30% acima do preço médio do ano passado. Os profundos cortes de custos durante a pandemia ajudaram a impulsionar os ganhos do ano passado.
Uma questão que pode estar preocupando os investidores – e causando a queda das ações – é um aumento acentuado nas despesas de perfuração dos EUA. A inflação está tornando a produção de petróleo e gás natural muito mais cara. “Os gastos de capital cresceram mais de 60% em relação a 2021” escreveu Peter McNally, analista de energia da Third Bridge.
A Exxon também disse que sofreu um impacto de US$ 1,3 bilhão em seus lucros do quarto trimestre devido a um imposto inesperado da União Europeia, que começou no último trimestre, e depreciação de ativos. Excluindo encargos, o lucro do ano inteiro foi de US$ 59,1 bilhões. A produção aumentou cerca de 100 mil barris de petróleo e gás natural para 3,8 milhões de bpd por dia.
Os gastos da Exxon em novos projetos de petróleo e gás se recuperaram no ano passado para US$ 22,7 bilhões, um aumento de 37% em relação ao ano anterior. A empresa aumentou os gastos com descobertas na Guiana, no principal campo de xisto dos EUA e em refino de combustível e produtos químicos. “Os investimentos anticíclicos que fizemos antes e durante a pandemia forneceram a energia e os produtos de que as pessoas precisavam quando as economias começaram a se recuperar”, disse o CEO da Exxon, Darren Woods, em comunicado.
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