XP Expert

Semicondutores: No centro de uma tendência estrutural, mas com um curto prazo complexo

Confira a nossa visão sobre a indústria de semicondutores

Compartilhar:

  • Compartilhar no Facebook
  • Compartilhar no X
  • Compartilhar no Whatsapp
  • Compartilhar no LinkedIn
  • Compartilhar via E-mail

Após 2 anos de forte desempenho, a indústria de semicondutores passa por um período de desaceleração. No curto prazo, enxergamos alguns desafios para o setor como: i) a normalização das cadeias de abastecimento, ii) arrefecimento da demanda global com perspectivas de desaceleração econômica, iii) ajustes nos estoques das companhias e iv) compressão de margens com aumento de custos e perda de pricing power. Todavia, o longo prazo segue promissor, uma vez que os chips estão no centro de diversas tendências estruturais e tecnologias disruptivas. Continuamos vendo de forma positiva essa temática para um horizonte de investimento estendido, mas acreditamos que o curto prazo seguirá desafiador até que haja uma melhora no contexto macroeconômico global.

Uma breve recapitulação

Nos últimos dois anos, a indústria de semicondutores foi fortemente impulsionada pela pandemia. As restrições de mobilidade pra controlar o contágio da COVID-19 acabaram acelerando o processo de transição digital, tanto das empresas como dos consumidores. E com a reabertura econômica, houve uma escassez global de chips à medida que as cadeias de abastecimento globais foram ficando cada vez mais congestionadas.

Mas e agora, o vento virou? Após 2 anos de um forte desempenho, as ações de empresas ligadas a semicondutores têm sofrido mais do que o S&P 500 em 2022. Até agora no ano, o índice MVIS US Listed Semiconductor acumula perdas significativas de -27,4%, bem atrás do S&P 500 que apresenta uma correção de -14,6% durante o mesmo período.

Fonte: Bloomberg, XP Research. Dados de 05/12/2022.

Atualmente, a indústria passa por um período de normalização. O congestionamento das cadeias de abastecimento já está em níveis bem menores, empresas já conseguiram retomar grande parte dos seus estoques, e a deterioração do cenário macroeconômico com uma inflação mais elevada deverá resultar em um arrefecimento e até mesmo destruição de demanda. Na outra ponta temos as empresas do setor ainda com margens operacionais elevadas e com características de topo de ciclo. A combinação destes fatores explica grande parte do pessimismo do mercado em relação ao setor de semicondutores, que deverá passar por um período conturbado no curto prazo.

Acreditamos que esta volatilidade poderá perdurar até que os apertos monetários globais desacelerem e o cenário para o crescimento econômico fique mais claro. Um contexto recessivo pode reduzir bastante a demanda por estes componentes eletrônicos e, nesse cenário, podemos ver uma compressão nos lucros desse tipo de empresa.

Por outro lado, o aumento da demanda por semicondutores é estrutural, eles estão no centro de diversas tecnologias como: robotização, inteligência artificial, veículos elétricos e dispositivos inteligentes. Consequentemente, em um horizonte alongado, o setor deverá continuar sua tendência de crescimento.

Normalização nas cadeias de abastecimento

Fonte: New York Federal Reserve, XP Research.

Dados do Federal Reserve de Nova York apontam que as cadeias de abastecimento já estão bem menos congestionadas e mais próximas a condições normais de operação do período pré-pandemia. Isto tende a ser negativo para as produtoras de chips, pois pode reduzir o seu poder de precificação no curto prazo e pressionar margens. Além disso, o período de escassez durante a pandemia, fez com que as companhias realizassem pedidos maiores que o necessário para reabastecerem seus estoques. Consequentemente, com a normalização vista agora, devemos ver uma demanda menor mesmo que o cenário macroeconômico não se deteriore de maneira mais dura.

Esta dinâmica marca o fim do vento de cauda visto pelas empresas nos últimos anos. A demanda excessiva e a falta de oferta nos últimos dois anos levaram a preços mais altos por componente na indústria, o que beneficiou as empresas do setor e contribuiu para a expansão de suas margens. Porém, agora, o vento vira para o outro lado e devemos ver o crescimento no faturamento das empresas majoritariamente em função de um aumento no volume de vendas, mas que pode ser prejudicado por uma redução substancial na demanda, a depender do cenário macroeconômico global daqui para frente.

A indústria vai passar por uma desaceleração no curto prazo

Fonte: Bloomberg, IDC, XP Research.

As projeções da indústria já apontam para uma desaceleração do setor na margem. Após o forte crescimento de 24,5% em 2021, as estimativas mostram uma redução de crescimento para 9,5% em 2022, em grande parte explicada pela base de comparação elevada. Por outro lado, à medida que o risco de recessão em diversas regiões do mundo aumenta, devemos ver uma pressão ainda maior nestes números.

Olhando para as subindústrias, vemos a demanda arrefecendo de maneira mais acentuada nas frentes beneficiadas pela pandemia como: smartphones, computação pessoal e videogames. As empresas mais dependentes destes segmentos deverão sofrer o maior impacto. Em contrapartida, as subindústrias mais resilientes deverão ser aquelas que ainda não se recuperaram da pandemia, como a automotiva e as que dependem de chips de menor tecnologia, além do segmento de computação voltada para servidores e data centers. A infraestrutura digital adquirida pelas empresas ao longo dos últimos anos não deverá ser desfeita, e a demanda por computação e armazenamento em nuvem deve continuar sendo um grande impulsionador daqui pra frente.

Estoques mais próximos do período pré-pandemia deverão reduzir a demanda, mas ainda é cedo para falarmos em excesso de oferta

Fonte: U.S. Census Bureau, Manufacturing and Trade Invesntories and Sales, XP Research. Dados até 16/11/2022.

A proporção de estoques por vendas das empresas nos EUA se aproxima de padrões históricos, mas ainda não se encontra no mesmo nível pré-pandemia. Tendo isso em vista, é difícil falarmos em um excesso de oferta de maneira generalizada, ainda que alguns setores já estejam sinalizando excesso de estoques. Acreditamos que este pode ser um evento ainda concentrado em algumas indústrias, mas uma oferta maior do que a demanda ainda não parece ser um fator de grande preocupação para as empresas de semicondutores.

O setor possui características cíclicas e margens parecem próximas do pico

Fonte: Bloomberg, XP Research. Dados até outubro/2022.

Apesar do histórico limitado do índice MVIS US Listed Semiconductor, identificamos o caráter cíclico das margens do setor ao longo dos últimos 8 anos. Como apresentado no gráfico, nos ciclos anteriores (2015-2016 e 2018-2020), a margem operacional das empresas do índice contraiu, no agregado, cerca de 6 pontos percentuais. Olhando para o atual ciclo, acreditamos que potencialmente já passamos pelo pico das margens operacionais, mas as mesmas contraíram apenas 2,5 p.p. até o momento. Sendo assim, comparando com dados históricos, há espaço para as margens caírem mais e a alta inflação global pode corroborar para uma contração ainda mais acentuada que nos ciclos anteriores.

Valuation em linha com a média histórica não se traduz em um ponto de entrada favorável

Fonte: Bloomberg, XP Research. Dados de 05/12/2022.

Em termos de precificação, ainda vemos um cenário levemente otimista para as empresas do segmento. Vemos um Preço/Lucro (P/L) ainda em linha com a média histórica. Na nossa visão, este nível de valuation ainda não fornece um desconto interessante para configurar um bom ponto de entrada nestas empresas no cenário atual. O risco de revisão das estimativas de lucro tente para o lado negativo e a volatilidade nas taxas de juros deve continuar limitando retornos provenientes de uma expansão de múltiplos.

Por outro lado, a tendência estrutural permanece

Os chips estão no centro de diversas tendências estruturais e novas tecnologias sendo desenvolvidas. Eles se beneficiam desde o avanço da penetração dos veículos elétricos até o desenvolvimento de tecnologias complexas de inteligência artificial. Daqui para frente, o mundo não irá parar de avançar tecnologicamente e a tendência é que os dispositivos se tornem cada vez mais "inteligentes", necessitando da capacidade de processamento fornecida pelos semicondutores.

Conclusão

A característica cíclica do setor continuará pesando na performance das ações enquanto a perspectiva for de deterioração macroeconômica global. Ainda não enxergamos um ponto de entrada muito atrativo para que os investidores iniciem uma exposição à esta temática, mas seguimos construtivos em relação ao longo prazo da indústria. Os chips possuem um papel fundamental na economia global, uma vez estão no centro do avanço e desenvolvimento tecnológico. Apesar dos ventos contrários no curto prazo, as perspectivas de longo prazo seguem promissoras para a indústria.

Onde Investir em 2025 banner
XPInc CTA

Se você ainda não tem conta na XP Investimentos, abra a sua!

XP Expert

Avaliação

O quão foi útil este conteúdo pra você?


Newsletter
Newsletter

Gostaria de receber nossos conteúdos por e-mail?

Cadastre-se e receba grátis nossos relatórios e recomendações de investimentos

Disclaimer:

Este relatório foi preparado pela XP Investimentos CCTVM S.A. (“XP Investimentos”) e não deve ser considerado um relatório de análise para os fins do artigo 1º da Instrução CVM nº 598/2018. Este relatório tem como objetivo único fornecer informações macroeconômicas e análises políticas, e não constitui e nem deve ser interpretado como sendo uma oferta de compra/venda ou como uma solicitação de uma oferta de compra/venda de qualquer instrumento financeiro, ou de participação em uma determinada estratégia de negócios em qualquer jurisdição. As informações contidas neste relatório foram consideradas razoáveis na data em que ele foi divulgado e foram obtidas de fontes públicas consideradas confiáveis. A XP Investimentos não dá nenhuma segurança ou garantia, seja de forma expressa ou implícita, sobre a integridade, confiabilidade ou exatidão dessas informações. Este relatório também não tem a intenção de ser uma relação completa ou resumida dos mercados ou desdobramentos nele abordados. As opiniões, estimativas e projeções expressas neste relatório refletem a opinião atual do responsável pelo conteúdo deste relatório na data de sua divulgação e estão, portanto, sujeitas a alterações sem aviso prévio. A XP Investimentos não tem obrigação de atualizar, modificar ou alterar este relatório e de informar o leitor. O responsável pela elaboração deste relatório certifica que as opiniões expressas nele refletem, de forma precisa, única e exclusiva, suas visões e opiniões pessoais, e foram produzidas de forma independente e autônoma, inclusive em relação a XP Investimentos. Este relatório é destinado à circulação exclusiva para a rede de relacionamento da XP Investimentos, incluindo agentes autônomos da XP e clientes da XP, podendo também ser divulgado no site da XP. Fica proibida a sua reprodução ou redistribuição para qualquer pessoa, no todo ou em parte, qualquer que seja o propósito, sem o prévio consentimento expresso da XP Investimentos. A XP Investimentos não se responsabiliza por decisões de investimentos que venham a ser tomadas com base nas informações divulgadas e se exime de qualquer responsabilidade por quaisquer prejuízos, diretos ou indiretos, que venham a decorrer da utilização deste material ou seu conteúdo. A Ouvidoria da XP Investimentos tem a missão de servir de canal de contato sempre que os clientes que não se sentirem satisfeitos com as soluções dadas pela empresa aos seus problemas. O contato pode ser realizado por meio do telefone: 0800 722 3710. Para maiores informações sobre produtos, tabelas de custos operacionais e política de cobrança, favor acessar o nosso site: www.xpi.com.br.

A XP Investimentos CCTVM S/A, inscrita sob o CNPJ: 02.332.886/0001-04, é uma instituição financeira autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil.Toda comunicação através de rede mundial de computadores está sujeita a interrupções ou atrasos, podendo impedir ou prejudicar o envio de ordens ou a recepção de informações atualizadas. A XP Investimentos exime-se de responsabilidade por danos sofridos por seus clientes, por força de falha de serviços disponibilizados por terceiros. A XP Investimentos CCTVM S/A é instituição autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil.


Este site usa cookies e dados pessoais de acordo com a nossa Política de Cookies (gerencie suas preferências de cookies) e a nossa Política de Privacidade.