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Ligeiro recuo na taxa de desemprego

A taxa de desocupação recuou em fevereiro, mas segue em patamares historicamente muito altos. As próximas divulgações mensais devem trazer resultados fracos, devido à piora da pandemia. Recuperação mais consistente tende a ocorrer a partir do 2º semestre, ainda que de forma bastante gradual.

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Conforme publicado na sexta-feira (30/04) pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Contínua (PNAD Contínua), do IBGE, a taxa de desemprego brasileira atingiu 14,4% no trimestre encerrado em fevereiro, resultado ligeiramente inferior à nossa expectativa e ao consenso de mercado (14,5% e 14,6%, respectivamente). Descontadas as influências da sazonalidade (estimativas próprias), a taxa de desocupação caiu de 14,5% no trimestre móvel até janeiro para 14,3% no trimestre móvel até fevereiro.

A população ocupada total cresceu 0,1% entre janeiro e fevereiro, enquanto a força de trabalho (PEA – População Economicamente Ativa) apresentou sutil declínio (-0,1%) no período – as taxas de variação na margem consideram ajuste sazonal. Com isso, a população empregada e a força de trabalho ficaram 8,3% e 5,4% abaixo dos níveis pré-pandemia (fev/20), respectivamente. Caso a PEA estivesse no mesmo nível de fevereiro de 2020, calculamos que a taxa de desemprego estaria em 19,0% na leitura referente a fevereiro de 2021.

Em relação aos dados setoriais, destacam-se as perdas acumuladas (cerca de 4,1 milhões de postos de trabalho) no setor de Serviços desde a deflagração da crise da Covid-19 no início do ano passado, principalmente nos subsetores “alojamento e alimentação” (-1,5 milhão) e “serviços domésticos” (-1,3 milhão).

Em contraste com o relatório do CAGED, os dados da PNAD para ocupações com carteira de trabalho assinada permanecem em suas mínimas históricas. Vale salientar algumas questões impostas pela pandemia no âmbito da coleta de dados para elaboração da PNAD Contínua, conforme discutido recentemente pelo próprio IBGE. Por exemplo, a mudança na forma de coleta (PNAD é uma pesquisa domiciliar amostral), de presencial para telefônica, pode ter gerado dificuldades adicionais no que diz respeito à obtenção da amostragem estratificada desejada (para eliminação de vieses). Algumas questões relacionadas ao CAGED também vêm sendo debatidas, sobretudo em relação ao compartilhamento de informações de desligamentos de trabalhadores.

O rendimento real médio efetivo recuou 0,6% entre janeiro e fevereiro (-3,0% ante fev/20). Consequentemente, a massa de rendimento real efetiva (combina rendimento médio com população ocupada) deteriorou-se novamente na margem (-0,5% m/m ; -11,3% a/a).

Acreditamos que as categorias de emprego informal acompanhadas pela PNAD irão registrar perdas adicionais nas próximas divulgações mensais (sobretudo em março e abril), como reflexo das medidas de distanciamento social adotadas para o enfrentamento à pandemia. De fato, esperamos que os indicadores de mercado de trabalho da PNAD comecem a exibir sinais de melhoria consistente – embora a um ritmo moderado – a partir do 3º trimestre deste ano. Segundo nossos cálculos, a população ocupada total retornará aos níveis pré-pandemia ao final de 2022.

A taxa de desemprego deve encerrar 2021 em 14,1% (de 14,7% em 2020), após ajuste sazonal. Para 2022, vemos a taxa de desemprego atingindo 12,0% no final do ano. Em relação às médias anuais, projetamos 14,3% e 12,7%, respectivamente. Por fim, tendo em vista a capacidade ociosa ainda muito elevada no mercado de trabalho doméstico, os rendimentos reais médios tendem a permanecer em patamares deprimidos. Considerando o rendimento efetivo, prevemos aumentos suaves de 0,4% em 2021 e 0,9% em 2022 (após queda de 0,3% registrada em 2020).  

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