XP Expert

Zeina Latif: Erros e acertos

O mercado financeiro ignorou o rebaixamento da nota de crédito do Brasil pela S&P na semana passada, mesmo não sendo esperado. Havia a avaliação de que as agências não se moveriam em ano de eleição. A bolsa segue em alta e o dólar, bem-comportado. O cenário internacional benigno, com apetite dos investidores por países emergentes, […]

Compartilhar:

  • Compartilhar no Facebook
  • Compartilhar no Twitter
  • Compartilhar no Whatsapp
  • Compartilhar no LinkedIn
  • Compartilhar via E-mail

O mercado financeiro ignorou o rebaixamento da nota de crédito do Brasil pela S&P na semana passada, mesmo não sendo esperado. Havia a avaliação de que as agências não se moveriam em ano de eleição. A bolsa segue em alta e o dólar, bem-comportado.

O cenário internacional benigno, com apetite dos investidores por países emergentes, certamente contribui para isso.

Fatores internos, porém, também influenciaram os investidores. Diferente do ocorrido na perda do grau de investimento em setembro de 2015 e, em menor grau, no posterior rebaixamento em fevereiro de 2016, desta vez não houve um descolamento dos preços de ativos do Brasil em relação aos de países parecidos. Nem antes, nem depois do rebaixamento.

Quem está certo, o mercado financeiro ou a S&P? Cada um tem seus erros e acertos.

A agência justificou o rebaixamento que colocou o Brasil no grupo de Bangladesh, Macedônia e Vietnã pela não aprovação da reforma da Previdência e pela incerteza política.

A análise fria dos indicadores que costumam definir as notas dos países – déficit e dívida pública, crescimento do PIB, PIB per capita – deixa o Brasil bem mal na foto. O que evita o desastre são os indicadores externos sólidos (como as reservas internacionais) e a taxa de inflação baixa, segundo a agência.

Levando-se em consideração os riscos fiscais crescentes na ausência de reformas, o quadro é ainda mais sério. A agência acerta, portanto, ao apontar essa que é a maior fragilidade econômica do País. Os mercados, porém, muitas vezes, minimizam o grave problema fiscal.

A agência também acerta ao apontar a responsabilidade coletiva por essa situação, enquanto reconhece o comprometimento e esforço do governo para reduzir o déficit orçamentário. Sobram críticas à falta de apoio político às reformas pelos demais poderes, citando inclusive a liminar do ministro do STF para suspender o adiamento do reajuste do funcionalismo e o aumento da contribuição da Previdência.

A S&P avalia que os desdobramentos políticos recentes são prenúncio dos elevados riscos pós-eleição, havendo preocupação com outsiders e políticos sem experiência, que poderiam atrapalhar o avanço das reformas. Aqui houve alguma precipitação. Os riscos políticos tendem a ser menores após as eleições em comparação com a atual conjuntura. Um presidente recém eleito poderá sofrer menor pressão do que um que sucedeu um impeachment, sofreu duas denúncias do Ministério Público e está em final de mandato. O presente não parece um bom guia para o futuro. E mesmo que alguém inexperiente ganhe a eleição, o que importa é a capacidade de montar times técnicos e de articuladores políticos competentes, e de dialogar. Além disso, dar tanto peso à figura do presidente é não reconhecer algum amadurecimento do Brasil nesses dois últimos anos.

A agência critica a discussão sobre a flexibilização da regra de ouro, que talvez seja inevitável. Se bem conduzida, com adoção de contrapartidas, não implicará um aumento do risco fiscal. Além disso, há a regra do teto. O governo falhou nessa comunicação.

O timing do rebaixamento não deixa de ser curioso. O quadro econômico, ainda que modesto, surpreendeu positivamente em 2017. Há boas chances de o mesmo se repetir em 2018, inclusive pelas reformas conduzidas, como a trabalhista e a criação da TLP, que contribuem para aumentar o potencial de crescimento do País. O PIB poderá crescer mais de 3% este ano. O 2,2% estimado pela S&P parece conservador.

A agência também acredita que a recuperação da economia poderá reduzir o ímpeto para reformas fiscais. Difícil concordar. O dinheiro acabou e as regras constitucionais disciplinando o orçamento tornam as reformas inevitáveis.

O cenário político incerto não significa que os desdobramentos serão necessariamente ruins. O mercado parece atribuir uma probabilidade relevante de um cenário benigno, o que não é considerado pela S&P. Seu cenário é que o próximo presidente enfrentará dificuldades demais. Está cedo para esse prognóstico.

18 de Janeiro de 2018

Fonte: Artigo replicado do Estadão

XPInc CTA

Se você ainda não tem conta na XP Investimentos, abra a sua!

XP Expert

Avaliação

O quão foi útil este conteúdo pra você?


Newsletter
Newsletter

Gostaria de receber nossos conteúdos por e-mail?

Cadastre-se e receba grátis nossos relatórios e recomendações de investimentos

Disclaimer:

Este relatório foi preparado pela XP Investimentos CCTVM S.A. (“XP Investimentos”) e não deve ser considerado um relatório de análise para os fins do artigo 1º na Resolução CVM 20/2021. Este relatório tem como objetivo único fornecer informações macroeconômicas e análises políticas, e não constitui e nem deve ser interpretado como sendo uma oferta de compra/venda ou como uma solicitação de uma oferta de compra/venda de qualquer instrumento financeiro, ou de participação em uma determinada estratégia de negócios em qualquer jurisdição. As informações contidas neste relatório foram consideradas razoáveis na data em que ele foi divulgado e foram obtidas de fontes públicas consideradas confiáveis. A XP Investimentos não dá nenhuma segurança ou garantia, seja de forma expressa ou implícita, sobre a integridade, confiabilidade ou exatidão dessas informações. Este relatório também não tem a intenção de ser uma relação completa ou resumida dos mercados ou desdobramentos nele abordados. As opiniões, estimativas e projeções expressas neste relatório refletem a opinião atual do responsável pelo conteúdo deste relatório na data de sua divulgação e estão, portanto, sujeitas a alterações sem aviso prévio. A XP Investimentos não tem obrigação de atualizar, modificar ou alterar este relatório e de informar o leitor. O responsável pela elaboração deste relatório certifica que as opiniões expressas nele refletem, de forma precisa, única e exclusiva, suas visões e opiniões pessoais, e foram produzidas de forma independente e autônoma, inclusive em relação a XP Investimentos. Este relatório é destinado à circulação exclusiva para a rede de relacionamento da XP Investimentos, incluindo agentes autônomos da XP e clientes da XP, podendo também ser divulgado no site da XP. Fica proibida a sua reprodução ou redistribuição para qualquer pessoa, no todo ou em parte, qualquer que seja o propósito, sem o prévio consentimento expresso da XP Investimentos. A XP Investimentos não se responsabiliza por decisões de investimentos que venham a ser tomadas com base nas informações divulgadas e se exime de qualquer responsabilidade por quaisquer prejuízos, diretos ou indiretos, que venham a decorrer da utilização deste material ou seu conteúdo. A Ouvidoria da XP Investimentos tem a missão de servir de canal de contato sempre que os clientes que não se sentirem satisfeitos com as soluções dadas pela empresa aos seus problemas. O contato pode ser realizado por meio do telefone: 0800 722 3710. Para maiores informações sobre produtos, tabelas de custos operacionais e política de cobrança, favor acessar o nosso site: www.xpi.com.br.

A XP Investimentos CCTVM S/A, inscrita sob o CNPJ: 02.332.886/0001-04, é uma instituição financeira autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil.Toda comunicação através de rede mundial de computadores está sujeita a interrupções ou atrasos, podendo impedir ou prejudicar o envio de ordens ou a recepção de informações atualizadas. A XP Investimentos exime-se de responsabilidade por danos sofridos por seus clientes, por força de falha de serviços disponibilizados por terceiros. A XP Investimentos CCTVM S/A é instituição autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil.


Este site usa cookies e dados pessoais de acordo com a nossa Política de Cookies (gerencie suas preferências de cookies) e a nossa Política de Privacidade.