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Economia em Destaque: Dados fracos na China e alta de juros nos EUA derrubam os mercados

Seu resumo semanal de economia no Brasil e no mundo

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Resumo

No cenário internacional, a recuperação frágil da China continuou a afetar os mercados, com preocupações crescentes a respeito dos setores imobiliário e bancário. Nos EUA, as taxas de juros dos títulos públicos seguiram em alta, o que também levou a maior percepção de risco e correção nos ativos financeiros globais.

No Brasil, revisamos nossa projeção para o IPCA de 2023 (de 4,6% para 4,8%) após reajustes nos preços da gasolina e do diesel anunciados pela Petrobras. Além disso, o Presidente do Banco Central reiterou a ata da última reunião do COPOM, ao sinalizar corte de 0,50pp na taxa Selic na próxima reunião. Por fim, o IBC-Br (proxy mensal do PIB) cresceu 0,4% no 2º trimestre, confirmando a desaceleração da atividade doméstica.

Cenário internacional

Alta de juros nos EUA reflete pressão sobre financiamento do Tesouro

As taxas de juros dos títulos do Tesouro dos EUA seguiram em alta, provocando uma significativa correção dos ativos de risco ao redor do mundo. Os juros dos títulos de 2 anos atingiram 4,9%, frente a 4,6% em meados de julho. Os títulos de maturidade mais longa sentiram ainda mais. O de 10 anos escalou de 3,8% em julho para 4,3% agora. A alta reflete principalmente o risco fiscal no país, que força o Tesouro a acelerar a emissão de títulos para se financiar. Recentemente, a agência de classificação de risco Fitch rebaixou a nota dos EUA de AAA para AA+. A solvência de alguns bancos regionais e a possibilidade de rebaixamento de rating de grandes bancos também voltaram a preocupar.

A alta de juros nos EUA afeta o apreçamento de ativos de maior risco, tanto ações como moedas e títulos corporativos. Ao redor do mundo, as bolsas vêm apresentando performance negativa em agosto, enquanto as moedas da América Latina (inclusive o Real brasileiro) devolveram boa parte dos ganhos do ano.

PIB da zona do euro confirma desaceleração

O PIB da zona do euro cresceu 0,3% no 2º trimestre em relação ao 1º trimestre deste ano. Este resultado confirmou a expectativa do mercado e a primeira leitura divulgada no final de julho. A economia da região avançou 0,6% em relação ao 2º trimestre do ano passado. Acreditamos que a atividade econômica da zona do euro continuará fraca nos próximos trimestres, devido sobretudo ao aperto das condições financeiras. Projetamos que o PIB crescerá 0,5% em 2023 e 0,9% em 2024.

Recuperação frágil da China eleva preocupações com mercado imobiliário e bancário

Na China, a produção industrial avançou 3,7% a/a em julho, abaixo das expectativas de mercado de 4,3%. Trata-se de uma desaceleração ante junho, cujo crescimento registrado foi de 4,4% em termos interanuais. As vendas no varejo também decepcionaram, avançando 2,5% a/a ante expectativas de 4,0%.

Diante do baixo crescimento, o Banco Central da China (PBoC) reduziu diversas taxas de empréstimos, com destaque para a taxa de 1 ano, de 2,65% para 2,5%.

Com crescimento baixo, aumenta-se o risco de problemas no setor imobiliário, cujas empresas estão com dificuldades de gerar receita para honrar seus compromissos financeiros. Na mesma direção, preocupa a situação do sistema bancário chinês, onde a baixa transparência torna difícil aos investidores projetar eventuais perdas.

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Enquanto isso, no Brasil…

Alta da gasolina eleva projeções de inflação para 2023

A Petrobras anunciou reajustes de 16,3% no preço da gasolina (R$ 0,41/litro) e 25,8% no preço do diesel (R$ 0,78/litro). A decisão reflete o recente aumento dos preços internacionais dos combustíveis, e a depreciação da taxa de câmbio – que voltou a se aproximar de R$/US$ 5,00 acompanhando os mercados globais. Estimamos impactos respectivos de 0,35pp e 0,03pp sobre o IPCA. Como nosso cenário base já considerava uma elevação de 6% no preço da gasolina nos próximos meses, a projeção para o IPCA de 2023 subiu de 4,6% para 4,8%. Para mais informações sobre a revisão, clique aqui.

Atividade econômica avançou 0,4% no 2º trimestre

No Brasil, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) – proxy mensal para o PIB do Brasil – cresceu 0,63% em junho ante maio, mais ou menos em linha com as expectativas (XP: 0,8%; mercado: 0,5%). O indicador subiu 2,1% na comparação com o mesmo mês de 2022 (XP: 2,0%; mercado: 1,8%). De particular importância, o IBC-Br avançou 0,4% no 2º trimestre versus o 1º trimestre de 2023 (2,65% em comparação ao 2º trimestre de 2022), desacelerando ante o salto de 2,2% registrado na leitura anterior (4,2% em relação ao mesmo período do ano passado). Com isso, reiteramos nossa estimativa de que o PIB total cresceu 0,3% no 2º trimestre ante o 1º trimestre deste ano (e 2,7% ante o 2º trimestre do ano passado). Projetamos que o PIB do Brasil crescerá 2,2% este ano, com ligeiro viés positivo.

Presidente do Banco Central defende corte de 0,50pp na próxima reunião do Copom

Em evento na quinta-feira, o Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reforçou a comunicação oficial da instituição ao indicar corte de 0,50pp na próxima reunião do Copom (20 de setembro). Segundo ele, o comitê quis dizer “que a barra para fazer alguma coisa ou acima dos 50 [pontos-base de corte] ou abaixo é alta”. Vale dizer que o comunicado da última reunião disse que o colegiado é unânime em relação ao ritmo de 0,50pp nas próximas reuniões. O nosso cenário base para a taxa Selic aponta justamente para cortes nessa magnitude, de modo que ao final de 2023 ela atinja 11,75%.

Gráfico da Semana

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O que esperar da semana que vem

No Brasil, o destaque da próxima semana será a divulgação do IPCA-15 de agosto na sexta-feira. A projeção da XP aponta para alta de 0,12% m/m, condizente com inflação de 4,08% em 12 meses. Espera-se deflação relevante em alimentos, bem como devolução da queda de energia elétrica vista em julho, por conta de descontos relacionados à usina de Itaipu. O mercado estará vigilante às métricas dos preços de serviços, serviços subjacentes (mais ligados à atividade econômica) e núcleos (expurgam itens voláteis). Também na sexta-feira, haverá a divulgação das contas externas brasileiras pelo BCB. Na seara política, é esperado acordo entre líderes da Câmara dos Deputados e Ministério da Fazenda para a aprovação do arcabouço fiscal. Está marcada uma reunião para segunda-feira onde se discutirão os detalhes da votação. Segundo Arthur Lira, Presidente da Câmara, se um acordo for atingido, é possível que a proposta seja votada já na terça-feira. Além disso, é esperado que se vote a Medida Provisória 1172, que garantiu o aumento do salário-mínimo para R$ 1.320,00 em 1º de maio e determinou a taxação de investimentos feitos por empresas e fundos fora do país.

No cenário internacional, semana de prévias dos PMIs (índices de gerentes de compras) nas principais economias desenvolvidas. Trata-se de um “termômetro” para a atividade econômica desses países, que geralmente movimenta os ativos globais. Na China, o banco central (PBoC, no acrônimo em inglês) deve reduzir suas taxas de empréstimos de 1 ano e de 5 anos no domingo e, a depender do grau de ajuste e da comunicação oficial, o mercado pode reagir de maneira relevante.

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