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Economia em Destaque: Crescimento volta a surpreender para cima no Brasil

Seu resumo semanal de economia no Brasil e no mundo

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Resumo

No cenário internacional, o destaque internacional foram os dados de mercado de trabalho nos Estados Unidos, que segue forte. Isto eleva a probabilidade da continuidade do ritmo atual de alta de juros pelo Fed (banco central americano). Na Europa, os temores da falta de abastecimento de gás no inverno aumentam enquanto a inflação atinge novos recordes.

No Brasil, o destaque foi a divulgação do PIB do segundo trimestre, que surpreendeu as expectativas do mercado. Ainda no campo da atividade econômica, indicadores de mercado de trabalho e produção industrial indicam desaceleração em julho. Também nesta semana, o Ministério da Economia apresentou o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2023.

Cenário internacional

Mercado de trabalho americano segue forte

Em agosto foram criados 315 mil empregos nos EUA, acima do esperado pelo mercado (298 mil). O resultado é forte para padrões históricos, ainda que menor do que os 528 mil de julho. A taxa de desemprego ficou levemente acima das expectativas, em 3,7%.

Os bons resultados reforçam outros indicadores ligados ao emprego, como a queda recente dos pedidos de auxílio desemprego e as sondagens empresariais indicando aumento na intenção de contratar.

Com o mercado de trabalho aquecido, é possível que o BC americano voltar a elevar as taxas de juros em 0,75pp este mês, para reduzir as pressões inflacionárias especialmente no setor de serviços (mais dependente de mão de obra). Uma alternativa é uma elevação um pouco mais leve, de 0,50pp.

Novos temores sobre fornecimento de gás na Europa, inflação atinge novo recorde

A Rússia declarou que o fornecimento pelo gasoduto Nord Stream 1 não poderá ser retomado na data prevista. A notícia trouxe apreensão aos mercados, dado que este é uma das principais fontes de energia na Europa.

A incerteza acerca do fornecimento de energia pressiona ainda mais a inflação na região. O Índice de Preços ao Consumidor da zona do euro subiu 0,5% em entre julho e agosto, acima da expectativa de mercado (alta de 0,4%). Em 12 meses a inflação acelerou de 8,9% para 9,1%, nova máxima histórica. Neste ambiente, o BCE – Banco Central Europeu – deve continuar apertando subindo as taxas de juros, em linha com outros bancos centrais de países centrais. Esperamos alta de pelo menos 0,50pp na próxima reunião do banco central, em 08 de setembro.

Novas medidas de estímulo na China

O governo anunciou que intensificará medidas para impulsionar a demanda e estabilizar o emprego no segundo semestre. Esses comentários seguem um pacote de novas medidas de estímulo econômico anunciadas pelo gabinete da China na semana passada. Além da série de medidas de apoio à política macroeconômica, a China também está intensificando os gastos com infraestrutura.

As medidas vêm em resposta à seguidos dados indicando perda de força da economia. O índice da sondagem PMI da indústria, por exemplo, permaneceu abaixo de 50 em agosto, nível que indica contração da produção.

Enquanto isso, no Brasil…

PIB do segundo trimestre cresce acima das expectativas

O PIB do Brasil cresceu 1,2% no 2º trimestre em comparação ao 1º trimestre de 2022, acima das expectativas (XP: 1,0%; consenso de mercado: 0,9%). Em relação ao 2º trimestre do ano passado, o PIB cresceu 3,2% (XP: 3,0%; consenso: 2,8%). Com o resultado, a economia ficou 3% acima do nível pré-pandemia. Entre os fatores explicativos do desempenho sólido da atividade doméstica no período recente, destacamos: (I) recuperação das condições do mercado de trabalho, com aumento disseminado do emprego e maior massa salarial; (II) benefícios remanescentes da reabertura econômica, com aumento da mobilidade em áreas de varejo e lazer; e (III) estímulos fiscais de curto prazo, tais como a liberação de saques extraordinários do FGTS e pagamento antecipado do 13º salário do INSS. 

Nossa projeção para o crescimento do PIB em 2022, atualmente em 2,2%, tem um claro viés de alta. O crescimento da economia brasileira segue robusto, apesar da política monetária em território significativamente contracionista e do enfraquecimento da economia global.

Confira aqui a nossa análise completa sobre o PIB do segundo trimestre.

Mercado de trabalho forte também no Brasil

Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério da Economia, o Brasil registrou criação líquida de 219 mil empregos formais em julho. Também foram divulgados dados da PNAD do IBGE, que indicaram que a taxa de desemprego no Brasil caiu para 9,1% no trimestre móvel até julho, ante 9,3% em junho. O salário médio real habitual subiu 1,0% em julho em relação a junho, o terceiro avanço consecutivo. O indicador, contudo, ainda ficou cerca de 6% abaixo dos níveis observados antes da crise do coronavírus.

Nossa projeção é de 9,0% para a taxa de desemprego no final do ano, mas a tendência recente indica que pode ficar ainda mais baixa.

Dados mistos na produção industrial de julho

A produção industrial cresceu 0,6% em julho, o quinto resultado mensal positivo do ano. A abertura entre categorias econômicas e classes de atividade trouxe sinais heterogêneos. As categorias de bens de capital e bens de consumo duráveis recuaram de forma expressiva, reforçando avaliações de perda de tração da atividade no segundo semestre do ano. Por sua vez, as categorias de bens intermediários e bens de consumo semi e não duráveis (produtos alimentícios como protagonistas) retornaram ao território positivo após leituras fracas no final do segundo trimestre.  

Projeto de Lei Orçamentária anual é apresentado

O Ministério da Economia apresentou o projeto de lei orçamentária anual para 2023 (PLOA 2023), que prevê déficit de R$ 63,7 bilhões, ligeiramente abaixo da meta do resultado primário de R$ 65,9 bilhões. O repasse adicional de R$ 200 para o “Auxílio-Brasil” em vigor não será prorrogado para o próximo ano, mas mensagem presidencial afirmou que “vai envidar esforços na busca de soluções jurídicas e medidas orçamentárias que permitam a manutenção desse valor no exercício de 2023”. Foram incluídas isenções fiscais adicionais de R$ 80,2 bilhões, dos quais R$ 52,9 bilhões são referentes ao PIS/COFINS sobre combustíveis, e foi incluída uma reserva orçamentária de R$ 14,2 bilhões para servidores públicos. Esperamos mudanças substanciais na proposta após as eleições.

Ainda sobre a dinâmica das contas públicas, publicamos nesta semana o relatório XP Macro Especial: Cenários Fiscais de Longo Prazo. O material traz premissas, análises e simulações para a evolução da política fiscal doméstica nos próximos anos.

O que esperar para semana que vem?

No cenário internacional, o destaque serão as discussões sobre política monetária, com a decisão de juros do Banco Central Europeu, discursos de dirigentes do Fed e a publicação do Livro Bege, publicação do banco central americano com perspectivas para a economia dos EUA.  Também teremos dados de setor externo e atividade na China.

No Brasil, o destaque será a inflação de agosto, medida pelo IPCA e pelo IGP-DI. Também será divulgada a produção de veículos de agosto.

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