Destravando as Engrenagens: Produção Industrial Retoma Crescimento em Maio

A produção industrial brasileira cresceu 1,4% entre abril e maio, conforme divulgado na Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF) do IBGE na última sexta-feira (02/07). Este resultado interrompeu uma sequência de três meses de contração. Em relação a maio de 2020, o volume produzido na indústria exibiu expansão de 24%, mas vale ressaltar a base de comparação bastante deprimida (a deflagração da pandemia da Covid-19 impactou severamente os resultados do setor entre março e junho do ano passado). Nos últimos 12 meses, a produção manufatureira acumulou crescimento de quase 5%.

No que diz respeito às principais categorias industriais, destaque para a recuperação da produção de “Bens de Consumo Semi e Não-Duráveis” (elevação mensal de 3,6% em maio). A retomada da classe de “Produtos Alimentícios” (expansão de 2,9%) contribuiu de forma significativa para este desempenho favorável da categoria. Além disso, a produção de “Bens de Capital” voltou a apresentar resultados sólidos (crescimento de 1,3% em maio), um sinal importante para o cenário de investimentos no 2º trimestre. Vale ressaltar também a tendência de crescimento firme da “Indústria Extrativa”, que exibiu a terceira alta mensal consecutiva (2%).

Pelo lado negativo, a categoria de “Bens de Consumo Duráveis” registrou a sexta contração mensal seguida (-2,4% em maio), devido especialmente ao desempenho fraco da produção de veículos no período recente - o nível de produção no setor automotivo encontra-se cerca de 14,5% abaixo do observado em dezembro de 2020. Segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), os estoques do setor correspondem atualmente a menos de 15 dias de vendas, considerando tanto os pátios das montadoras quanto as lojas concessionárias, patamar muito inferior à média de 35 dias de vendas observada nos meses anteriores à pandemia. A escassez de insumos vem prejudicando bastante o funcionamento da cadeia automobilística.

Expectativas para a produção industrial nos próximos meses:

O aumento da mobilidade (flexibilização das restrições sanitárias para combate ao contágio da Covid-19), o retorno de pagamentos do auxílio emergencial (embora em volume inferior ao observado em 2020), a recuperação robusta da economia global e a confiança dos empresários em alta sustentam nosso cenário de crescimento da produção industrial no curto prazo.

Com base em poucos indicadores coincidentes já divulgados, nossa projeção para a produção industrial de junho aponta para expansão de 1,5% em comparação a maio, após ajuste sazonal (crescimento de 15,3% em relação a junho de 2020). Tal estimativa precisa ser avaliada com cautela, entretanto, uma vez que aguardamos a publicação de vários outros indicadores que entram em nossos modelos de previsão.

De qualquer forma, o volume produzido na indústria apresentará ganho de tração nas próximas divulgações, após a perda de ritmo registrada entre o final de 2020 e abril de 2021, período bastante afetado pelo recrudescimento ("segunda onda") da crise da Covid-19. Esta dinâmica reforça nossa expectativa de que o PIB Brasileiro crescerá de forma sólida no 2º semestre.

Por outro lado, a forte elevação dos custos de insumos (exemplo: aço e eletricidade) e atrasos na entrega de matérias-primas continuam a pesar sobre alguns setores manufatureiros importantes. Esses fatores permanecem como risco relevante a ser monitorado.

Por fim, projetamos expansão de 8,5% para a produção industrial em 2021, após contração ao redor de 4,5% em 2020.

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