Participamos hoje de uma reunião promovida pela XP com o CFO da Gerdau, Harley Scardoelli, e demais líderes da empresa, com foco em ESG (Enviromental, social and governance, na sigla em inglês). O encontro reuniu investidores institucionais e analistas do mercado, com uma discussão rica acerca do que a Gerdau vêm fazendo em relação ao tema.
O tom, no geral, foi otimista e confirmou nossa visão quanto à relevância e importância cada vez maior do ESG não só para as empresas, mas para todos nós como sociedade.
No setor de aço, a Gerdau reflete a nossa preferência por aços longos (vs. aços planos). O setor de construção civil (aços longos) foi incluído na lista de serviços essenciais durante a pandemia e sofre impactos menores do que o setor automotivo (aços planos). Esperamos uma volatilidade menor dos resultados da Gerdau olhando para frente. Temos recomendação de Compra no papel (preço-alvo de R$17,50/ação).
Em relação ao tema ESG, com detalhamento abaixo, vemos como positivo para a Gerdau do ponto de vista de gerar maior previsibilidade nos resultados, que se reflete em múltiplos mais elevados.
Veja abaixo um resumo dos principais tópicos abordados na reunião de hoje:
Meio ambiente
Cenira Nunes, gerente técnica de Meio Ambiente
Cenira Nunes, gerente técnica de Meio Ambiente da Gerdau, discorreu sobre as questões ambientais, abordando desde os princípios incorporados na estratégia de sustentabilidade da empresa, bem como os três principais fatores ambientais em se tratando da matriz de materialidade da Gerdau.
Em se tratando de economia circular, a Gerdau adota os princípios da mesma como parte de sua estratégia de sustentabilidade, sustentada, principalmente, por três fatores:
- Otimização dos recursos naturais: O aço é 100% reciclável e, por isso, é reutilizado como matéria-prima para a produção de novos materiais.
- Incentivo ao uso de matérias primas recicláveis: Do total de aço produzido pela companhia, 73% dele é produzido a partir da reciclagem da sucata (no ano passado a Gerdau reciclou mais de 11 milhões de toneladas do material). O restante da produção, por sua vez, usa o minério de ferro como matéria prima e, consequentemente, o carvão vegetal. Visando minimizar os impactos em relação à emissão de gases do efeito estufa, a Gerdau utiliza florestas para produção de carbono renovável, reaproveitando, assim, os gases do alto-forno.
- Reaproveitamento de resíduos na forma de coprodutos: Para a Gerdau, os resíduos da produção não são descartados ou não utilizados, pelo contrário – eles são reaproveitados na forma de coprodutos.
Quanto à matriz de materialidade da Gerdau, o destaque foi para três principais pilares:
- Transparência nas Emissões de carbono: As emissões de gases do efeito estufa da Gerdau totalizaram 11,9 milhões de toneladas no ano passados, dos quais 24% representam emissões decorrentes de energia elétrica. Quando comparamos a Gerdau com o resto do setor siderúrgico, em termos de intensidade carbônica (tCOe / t aço), ou seja, a quantidade de toneladas de CO2 equivalente emitido por tonelada de aço produzido, temos uma razão de 0,96 para a Gerdau, valor este que se compara à média mundial das siderúrgicas de 1,85 (valor divulgado pela World Steel Association). Em se tratando do setor siderúrgico, ele corresponde por 7-9% das emissões globais de gases do efeito estufa, sendo, portanto, um setor relevante. De acordo com a Cenira, são principalmente os 3 fatores mencionados acima que permitem a Gerdau ser um benchmark para as demais siderúrgicas em termos de intensidade carbônica.
- Reaproveitamento de água: A água é muito importante em se tratando da produção de aço e, segundo a Gerdau, a gestão hídrica faz parte da estratégia da empresa. Nesse sentido, investimentos em programas de recirculação de água eficiente, visando tanto a menor captação de água nova, quanto a redução de volume de efluentes, são feitos continuamente. Hoje, 97,6% da água que a Gerdau utiliza na produção é reaproveitada.
- Eficiência em coprodutos: Em 2019, a Gerdau reaproveitou 78% dos resíduos gerados na forma de coprodutos. Mesmo sendo um percentual relevante, Cenira destacou que ainda existe sim um caminho em direção ao estado da arte, ou seja, 100% de reaproveitamento.
Social
Paulo Boneff, gerente de Responsabilidade Social
Em se tratando do aspecto social da frente de ESG, Paulo Boneff, gerente de Responsabilidade Social, destacou que as iniciativas da empresa nesse pilar vão muito além do que puramente os investimentos sociais em projetos – trata-se, também, da relação com os fornecedores, relação com os clientes, gestão de pessoas internamente, a garantia por saúde e segurança dos funcionários dentre outros.
Quanto à diversidade e inclusão, a estratégia da empresa está definida na atuação em quatro frentes: 1. Gênero; 2. Raça e etnia; 3. PcD; e 4. LGBT+. Dados comparativos de 2017 e 2019 mostram um pouco da evolução, mas Boneff destacou que o caminho ainda é longo para alcançar os objetivos almejados. Destaque para alguns números que foram mostrados:
- Quanto ao percentual de mulheres na empresa, no cargo de estagiárias, elas representavam cerca de 30% em 2017 e, em 2019, já eram quase 50%. Agora em posição de liderança, esse percentual recua para 18%.
- Em se tratando de raça e etnia, 32% do quadro de funcionário das empresas são negros. Em cargos de liderança, 15%.
- Do total de colaboradores da Gerdau, 2% são PcDs.
Do lado da responsabilidade social, a Gerdau investiu mais de R$18,5M em investimentos sociais, em 400 diferentes projetos e contando com +6,4 mil voluntários, resultando em mais de 64,5 mil pessoas já beneficiadas.
Por fim, Boneff destacou um compromisso mais audacioso assumido em 2019 por parte da Gerdau: o de se tornar uma Empresa B Certificada em 5 anos, a iniciar com a operação no Brasil, cujo objetivo é obtê-la ao longo do ano que vem. Este selo de Empresa B é um reconhecimento internacional quanto à elevados padrões ESG dentro da organização e leva em consideração 5 critérios: comunidade, meio ambiente, clientes, funcionários e governança.
Governança
Rafael Mingone, Relações com os Investidores
Segundo Rafael Mingone, RI da Gerdau, para a governança de fato funcionar, foi preciso ter uma transformação cultural. E foi isso que aconteceu na Gerdau nos últimos anos. Sem esse caminho desenvolvido, Rafael destaca que eles não seriam capaz de entender a complexidade do tema de ESG. “Até então éramos uma empresa bastante tradicional, com hierarquia bem definida, o que trazia uma dificuldade maior em termos de velocidade, de transformação”. Em 5 anos, a liderança foi trocada, com cada vez mais pessoas comprometidas com as mudanças culturais vistas na Gerdau – a nomeação de Gustavo Werneck como CEO em 2017 e a consequente mudança do papel da família controladora (atuando somente no Conselho de Administração da empresa) foi um passo importante quanto à governança, diz Rafael, que permitiu a aceleração de agendas importantes, como diversidade, inclusão, inovação digital, dentre outros.
Quanto ao foco atual, Mingone destacou dois principais:
- Esforços por transparências: Em outras palavras, dar mais transparência para o mercado em relação às práticas ESG – algo que não era feito integralmente pela Gerdau, por não falarem o necessário sobre os assuntos, ao mesmo tempo em que existe uma demanda cada vez maior, por diferentes stakeholders, em entender o plano de ação por parte das empresas nessa frente.
- Processo decisório: Ou seja, a inclusão dos fatores ESG no processo de decisão da da Gerdau.
Visando endereçar ambos os fatores, a Gerdau vem implementando uma série de iniciativas: Políticas / diretrizes corporativas, relato integrado, Comitê de estratégia e sustentabilidade, desenvolvimento do Scorecard ESG (aprovado no Conselho de Administração, esse recurso é composto por quatro dimensões – ambiental, social, pessoas e governança – com diferentes indicadores para cada um e passará a ser monitorado continuamente nos comitês da empresa). Quanto ao principal desafio hoje, Rafael pontuou que é disseminar e fazer com que a política de sustentabilidade esteja presente em todas as divisões e operações do negócio.
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